spoiler visualizarLois 14/09/2018
"Livremente servimos, porque livremente amamos, conforme nosso arbítrio, de amar ou não; assim nos erguemos ou caímos."
Eu gostaria de ter conseguido ler esse livro mais rápido, em sequência, vamos assim dizer. Dessa forma eu acredito que teria tido um aproveitamento um pouco maior do que aconteceu tendo a leitura tão demorada e arrastada. Mas o "arrastamento" dessa leitura não se deu pelo livro em si, mas por outros fatores externos, como faculdade e trabalho.
Então no fim dele eu tentei me reconectar com toda a história, desde os outros livros, já que esse foi o último dessa série.
Sendo assim, essa resenha vai ser grande!
Do livro anterior, Cidade das Almas Perdidas (que como eu havia dito na última resenha, foi o melhor pra mim - e continua sendo) pra esse não houve um grande pulo, uma grande evolução, uma grande surpresa. Na verdade, de surpresa, quase nada. Como eu imaginava o livro foi bem previsível. Só não fiquei extremamente decepcionada com o último livro da série porque minhas expectativas para um "grand finale" estavam bem controladas.
Mas vamos lá, vamos tentar destrinchar a maior quantidade possível de detalhes já que esse foi a conclusão desta série.
Sobre Simon: Já estou com saudades dele! Ele continuou sendo um personagem maravilhoso, continuou no meu topo de favoritismo. Ele sempre tem as melhores piadas, as melhores frases, as melhores referências e as melhores atitudes. E nesse livro, eu senti como se realmente conhecesse ele, ao ponto de imaginar o que ele falaria e faria. E isso é algo incrível quando você acompanha uma série, conhecer os personagens a esse ponto, é uma pena que de todos os personagens dessa série, ele tenha sido o único.
OBS¹: O Simon bêbado foi incrível! Ele me divertiu de verdade, dei altas gargalhadas.
(...) Robert enfiou a mão no casaco e retirou um crucifixo. Clary ficou observando enquanto ele o erguia entre ele e Simon. (...) Simon esticou a mão e arrancou a cruz da mão de Robert. — Religião errada. — falou.
OBS²: Simon e Isabelle se pegando é muito mais empolgante do que Jace e Clary, sim ou claro?
Bem, eu imaginei que ele não continuaria sendo vampiro após o fim dessa série, porque isso tornaria as coisas um pouco mais complicadas, já que ele ainda é tão novo. Complicaria o relacionamento com a Isabelle, com os amigos e principalmente na vida individual. Gostei do Simon vampiro? Sim. Mas concordo que ele não deveria continuar sendo um pra sempre, pois não é muito a cara dele e obviamente não era algo que ele gostava e queria. Sendo assim, o final dele foi aceitável e até mesmo bom pra mim. Primeiro porque não foi bem um final e mais um recomeço, já que ficou subentendido que suas lembranças estão voltando e que ele provavelmente se tornará um Caçador de Sombras.
"(...) Porque o mundo não é dividido entre especiais e comuns. Todos têm potencial para serem extraordinários. Contanto que você tenha uma alma e livre-arbítrio, pode ser qualquer coisa, fazer qualquer coisa, escolher qualquer coisa. Simon deveria poder escolher..." — Magnus
Ele ter a coragem de perder a imortalidade e ainda por cima todas as lembranças foi algo corajoso digno do Simon. E achei uma pegada muito inteligente ele se lembrar de “Instrumentos Mortais” e colocar esse nome na banda, foi um fio de memória muito legal.
Eu realmente gosto (e aprovo) o relacionamento entre ele e a Isabelle, acho que eles começaram a ter uma química excelente e a aproximação dele nos permitiu conhecer uma Isabelle muito mais interessante. E acho que um pode fazer muito bem para o outro. E eu até desejaria ter conhecido ainda melhor a Isabelle.
Eu apreciei muito o foco e aproximação do Magnus e do Alec, fiquei bem satisfeita com isso, pois nos livros anteriores a superficialidade com que eles eram tratados foi algo que me incomodou muito, então fiquei feliz de ver não só como o Alec amadureceu e evoluiu, mas como o relacionamento dos dois também. Passei a gostar ainda mais do Alec no livro anterior e nesse. Ele se tornou uma pessoa muito mais humana, vamos assim dizer, errando feio, reconhecendo o erro, nunca desistindo, mas principalmente amadurecendo com ele. Na minha opinião foi o personagem que mais evoluiu na série e se tornou outro queridinho meu. E o amor, o carinho e a preocupação entre os dois se tornou bastante crível pra mim, o que deveria ter acontecido com o casal protagonista e nem de perto aconteceu.
O Magnus também é incrível. Apesar de ter vivido quase 400 anos, ele também cresceu durante a série, aprendeu a se abrir e a confiar mais nos outros, tanto no Alec como em seus amigos e principalmente teve coragem o suficiente para compartilhar sua história de vida com quem o amava.
"Esconder a verdade nunca funciona. Quando você vive por tempo suficiente, aprende a enxergar isso." — Magnus
Ele ter decidido ajudar o Simon no final mostrou como uma mudança realmente aconteceu dentro dele. E estou bem ansiosa pra ler seu livro e poder conhecer melhor a sua história, apesar de ter visto alguns comentários de que o livro dele não é lá essas coisas. Até lê-lo, continuarei me iludindo de que será bom, porque o personagem definitivamente merece. Será que veremos uma pontinha de Alec no livro?
Uma coisa bem legal e inesperada nesse livro foi a Emma, o Julian e toda a família Blackthorn. Realmente me surpreendeu, porque eu acredito já ter visto sobre a série "Artifícios das Trevas", mas eu realmente não tinha nenhuma lembrança disso, então gostei da forma como ela introduziu a família no outro livro, só mostrando a Helen com o irmão e agora eles realmente ganhando maior foco. A relação entre os irmãos e a relação entre a Emma e o Julian foi algo muito bonito de ser mostrado, toda essa dificuldade de lidar com uma situação completamente inesperada, de ter que lidar com tudo "sozinhos", mesmo tão jovens. O entrosamento entre os dois foi algo mostrado muito naturalmente e achei muito delicada a forma como a Cassandra abortou tudo isso. Parece ser algo muito promissor, tanto como a família Blackthorn lidou com toda a perda e mudança, assim como o relacionamento entre a Emma e o Julian. Fora que eu enxerguei na Emma uma faísca de protagonista muito superior à Clary: decidida, inteligente e corajosa (de um jeito certo). Estou tentando controlar minhas expectativas em cima disso pra essa nova série de livros que ela está fazendo parte, torcendo para que ela finalmente seja uma boa protagonista mulher.
"Sei onde fica o coração. Mas não acho que vocês saibam." — Emma
Sobre a Maia e o Jordan: só eu jurei que ela estava grávida? Acho que os clichés estão grudados na minha cabeça. Fiquei com pena do Jordan morrer daquela forma, sem nenhum tipo de defesa e ainda morrer crendo que a Maia o amava e que estava tudo bem. Gostaria que ele tivesse sobrevivido pra que ele soubesse da verdade e pudesse finalmente começar a viver por si mesmo, ao invés de viver em pró do perdão da Maia e da própria Maia, pois eu enxergo que ele nunca teve realmente uma vida própria, uma vida livre, sabe? Ele sempre carregou essa culpa, esse peso, essa necessidade de perdão e compensação, então é triste que ele tenha morrido sem ter realmente aproveitado a vida por si mesmo.
Quanto a própria Maia, não julgaremos, pois era uma situação complicada, justamente por toda a expectativa dele em cima deles como casal, então obviamente contar que não o amava seria algo difícil de se fazer e como tudo difícil a se fazer, a gente adia. Mas gostei das atitudes dela após o ocorrido, de como ela tomou a frente pra defender o que achava certo, de como ela não teve medo de brigar (literalmente) ou não teve vergonha de pedir ajuda e de fazer certas coisas pra chegar no objetivo que buscava, como enganar e matar a Maureen. Com ela ficou a responsabilidade de reconstruir a Praetor Lupus, podendo fazer em nome de si mesma, do Jordan e de todas as vidas que foram perdidas naquela guerra. E foi mais do que merecido que ela se tornasse a líder da matilha de lobisomens de Nova York, assim como a nova representante do Conselho, já que o Luke dispensou.
"A eternidade não torna a perda esquecível, apenas tolerável."
O Sebastian continuou convincente nesse livro, mesmo em pouco tempo a gente conseguiu conhecê-lo e entendê-lo melhor e eu me senti bem mais próxima dele do que de vários outros personagens que estão desde o início da série. Ele tinha atitudes desprezáveis? Com certeza, mas gostei da fragilidade humana que a Cassandra tentou dar a ele, como se toda essa busca por poder não valesse à pena se ele a tivesse sozinho, ele necessitava de uma espécie de aprovação, de companhia, de compartilhamento e isso nos faz enxergar tudo o que o levou até ali, até cometer todas as atrocidades.
"Que eles deveriam se recordar de Shakespeare. Eu nunca vou parar, nunca vou ficar imóvel, até que a morte feche os meus olhos, ou a fortuna me dê a medida da vingança." — Sebastian.
Ninguém é cem por cento ruim, ou cem por cento bom. Mesmo que seja uma pequena lasca, vai sim haver o oposto dentro de si. E foi isso o que aconteceu, ainda mais no seu caso, em que o mal foi colocado nele, e não porque era totalmente da sua natureza.
"Gostaria de fazer algum bem, apesar da minha natureza." — Sebastian.
Ele foi um vilão IMENSAMENTE melhor do que o Valentim, muito mais completo e complexo. E pessoalmente acredito que ele agregou muito à série.
"(...) Talvez ele não compreenda os humanos, não estou dizendo que compreende, mas ele compreende o mal, a traição e o egoísmo, e isso é uma coisa que se aplica a tudo que possua uma mente e um coração." — Simon.
De certa forma, por algum motivo, eu gostava do Raphael então me importei com sua morte, mas entendo que perdas são necessárias na guerra e ele foi uma delas, pelo menos ele morreu sendo fiel e honrado, não aceitando matar o Magnus.
"Pesado foste na balança e foste considerado em falta."
Sobre o pai do Magnus, Asmodeus, um dos nove príncipes do inferno: Eu esperava mais desse demônio, mais medo, mais tensão. Fiquei um pouco decepcionada, já que era algo que a autora foi jogando pistas e criando expectativas ao longo do livro anterior e desse.
“Existem coisas piores que a morte.” — Magnus.
Mas às vezes eu paro pra pensar que talvez um Demônio Maior aja com mais seriedade e seja mais centrado mesmo. Pois ele é uma evolução deles, não faz muito sentido que chegue igual todos os outros, querendo matar e destruir na base da porrada, sem nenhum diálogo. Tanto que isso foi mostrado com o outro demônio maior antes dele, o Abbadon.
"Todos se destroem, vocês sabem. Nós demônios levamos a culpa, mas só abrimos a porta. É a humanidade que atravessa." — Asmodeus.
Então eu gostei da parte da conversa "inteligente" com ele, de esclarecer algumas questões quanto ao Magnus, mas mesmo assim, está faltando coisa. Essa sensação não me deixa.
"Às vezes você escolhe com quem quer ficar quando ainda é muito jovem, aí você muda, mas a pessoa não muda com você." — Robert.
Outra coisa, a história do Robert sobre o seu parabatai e a dificuldade de aceitação do Alec por causa disso não me desceu a garganta muito bem. Não vendeu, não me convenceu, achei vago. Gostaria que o assunto tivesse sido tratado com um pouco mais de tempo e delicadeza, já que a aceitação vinda dos pais, ou pelo menos o respeito vindo deles, é sempre tão importante. E no caso do Alec, realmente vimos o quão importante era o reconhecimento e respeito do pai, principalmente pelo “sonho” que ele teve assim que chegou no reino demoníaco. Mas não sei, talvez em outra ponta da história isso faça um pouco mais de sentido, vamos esperar.
"Avante e acendam as luzes da guerra."
Gostaria que a guerra tivesse sido mais empolgante, do lado da Clary e dos outros Caçadores, não teve graça nenhuma... Do lado da Emma, foi até bonzinho, mas eu estava esperando aquela emoção. E não teve, mas poxa, era A GUERRA final da série, poderia ter sido colocado bem mais pimenta aí, hein. Faltou tipo, TODA a empolgação.
E agora, saindo das coisas empolgantes, para falarmos sobre o Jace e a Clary, que eu concluo, que não tem salvação. Toda cena entre os dois é chata, praticamente todos os diálogos são entediantes. Zero empolgação. A primeira vez deles, que demorou seis livros pra acontecer, zero empolgação. Esse casal já passou da fase de me deixar indignada pra me deixar com preguiça, desculpe, mas é verdade.
Jace, Jace, Jace: Definitivamente já esteve pior. Ele também amadureceu um pouco, diminuiu o drama sem necessidade, diminuiu o "pagar de bonzão" mas a infantilidade ainda prosseguiu. Uma cena típica e que prova isso foi quando ele pegou a arma do Jonathan, o skeptron, mesmo tendo praticamente uma placa enorme e brilhante avisando pra não fazer e ele o fez mesmo assim, causando uma batalha desnecessária que acabou machucando gravemente a Isabelle. Quanta infantilidade! Cheguei à conclusão de que o Jace realmente não chegou onde poderia chegar, porque às vezes eu até consigo gostar dele, mas aí ele caga tudo de novo. Ele poderia ter sido MUITO mais.
Clary, Clary, Clary: Do último livro (o qual foi o único que ela finalmente teve uma evolução) pra esse, não mudou muita coisa. Ela não regrediu, mas na minha opinião, ela definitivamente também não evoluiu, o que eu realmente acreditei que aconteceria. Que ela continuaria seguindo essa evolução como personagem. Boba eu que fui me iludir, haha.
Mas no fim das contas, a série se torna boa por todo o restante e não pelos protagonistas.
"(...) Pois às vezes mesmo mudanças para melhor se assemelhavam um pouco à morte."
Ah, algo que me irritou bastante nesse livro e no anterior, que eu esqueci de mencionar na review do mesmo, foi a forçação de barra quanto ao parabatai. Algo que a Cassandra em quatro livros nunca deu importância, nunca foi relevante, mas que de uma hora pra outra resolveu ser, grande parte porque precisava ser. Cara, essa construção da relação dos dois (Alec e Jace) como irmãos, amigos e como parabatais deveria ter sido feita desde o primeiro livro e não jogada apenas a partir do quinto livro nos forçando a crer que aquilo é lindo e verdadeiro, porque não é. E se tornou até irritante pra mim todas essas menções sobre isso quando não se construiu nenhuma base pra isso.
Só depois de já ter lido, eu percebi o spoiler que havia tomado sobre a Tessa, o Irmão Zachariah e o seu parabatai, relacionado a trilogia "As Peças Infernais". Gostaria muito de ter visto isso antes para que pudesse ter lido em outra ordem, uma que não acabasse com qualquer surpresa que eu teria lendo "As Peças Infernais", pois infelizmente imagino já saber o seu "final", ou alguns eventos que seriam importantes descobrir lendo a trilogia. Estou tentando não deixar a minha vontade e expectativa com a série diminuir, já que tanta gente fala o quão boa ela é.
Uma das coisas positivas desse livro foi o epílogo, sendo bem maior do que estamos acostumados. Foi muito proveitoso! Parece que deixou a despedida menos dolorida, sabe?
" Somos todos parte do que nos lembramos. Guardamos em nós as esperanças e os medos daqueles que nos amam. Contanto que exista amor e lembrança, não existe perda de fato." — Irmão Zachariah.
Assim eu concluo essa parte da história dos Caçadores de Sombras, a experiência foi enriquecedora e fiquei feliz de ver o quanto a Cassandra Clare realmente tem potencial. Com certeza, apesar dessa série ter me causado algumas irritações, comprarei e continuarei conhecendo esse mundo através das outras histórias publicadas, pois a escrita da autora é excelente, assim como suas ideias e assim como esse mundo fantasioso maravilhoso que ela criou.
Nota: 3.8