Conça 04/03/2022
Minhas impressões, opniões e sentimentos?
Liev Nikoláievitch Tolstói nasceu no dia 28 de agosto de 1828 (9 de setembro, pelo calendário atual), em Iásnaia Poliana, propriedade rural de sua familia, na Rússia. Tinha três irmãos mais velhos e uma irmã mais nova: Nikolai, Serguei, Dmitri e Mária. Embora tivesse boas relações com todos eles, foi Nikolai quem lhe marcou mais profundamente o temperamento. De um lado, era seu modelo de homem, belo, elegante, forte e corajoso. De outro, estimulava sua imaginação, afirmando possuir um segredo capaz de instaurar no mundo uma nova Idade de Ouro, sem doenças, miséria e ódio, e na qual toda a humanidade seria feliz. Nikolai alegava ter gravado esse segredo num graveto verde, o qual enterrara numa ravina da flo resta de Zakaz.
Tolstói mais uma vez apresenta uma obra espetacular com uma abordagem sensível que lhe é bem peculiar. Confesso que, essa é uma das inúmeras razões pelo qual admiro esse autor que denota total empatia pelo figura humana.
Um romance profundo e surpreendente, posso afirmar que até polêmico pelas abordagens dos temas como: sistema prisional, política, religião, metafísica dentre outros?não só na época em que foi escrito como reverbera até os dias atuais.
O enredo dá início no tribunal para compor o júri que vai definir o futuro da prostituta chamada Máslova, acusada de roubar e envenenar um cliente. O príncipe Nekhliúdov reconhece os olhos da serva por quem, no passado, se apaixonou. Depois de seduzi-la e abandoná-la, ele agora se vê às voltas com a difícil decisão de incriminá-la ou salvá-la da sentença.
Com a narrativa na terceira pessoa, o narrador perspicaz nos apresenta a miríade de personagens que encontramos ao longo do romance, e, não se enganem, cada um vai deixar suas marcas ao serem relevados.
?Ao conhecer de perto as prisões e as paradas da viagem rumo ao local de deportação, Nekhliúdov se deu conta de que todos aqueles vícios que se desenvolviam entre os prisioneiros: a bebida, o jogo, a crueldade e todos os crimes terríveis cometidos por detentos, e até a antropofagia não eram acidentes, nem fenômenos de uma degeneração, de um tipo criminoso, de uma monstruosidade, como interpretavam sábios obtusos para agradar ao governo, mas sim a consequência inevitável do erro incompreensível segundo o qual umas pessoas podem castigar outras. Nekhliúdov via que a antropofagia não havia começado na taiga, mas sim nos ministérios, nas comissões e nos departamentos e apenas se concluía na taiga; que o seu cunhado, por exemplo, bem como todos os juízes e funcionários, desde o oficial de justiça até o ministro, nada tinham a ver com a justiça ou com o bem do povo, de que falavam, mas sim precisavam pura e simplesmente dos rublos que Ihes pagavam para fazer tudo aquilo que gerava tal degradação e sofrimento. Isso era completamente óbvio.?
A partir dessa leitura fui me aprofundando nessa cultura, ao mesmo tempo, é impossível não fazer um paralelo como a nossa cultura e a realidade desses temas nos tempos atuais. É importante salientar o quanto me causou impressões na força e determinação do personagem principal e, mais ainda, nos personagens revolucionários. E, definitivamente, Máslova pode se considerar uma heroína dessa trama fascinante.
E, por fim, recomendo a obra para todos que tem o desejo de descobrir e compreender um pouco mais do autor, da Rússia e do tema central sobre a justiça e a situação carcerária que brilhantemente Tolstói aborda.