Sheila 23/08/2012"Carte Blanche - O Novo Romance de James Bond" (Jeffery Deaver)Chega ao Brasil um lançamento muito esperado pelos fãs do famoso 007: Carte Blanche, de Jeffery Deaver (autor de “O Colecionador de Ossos” que virou filme em 1999, com Denzel Washington como protagonista) que tem no espião mais conhecido das telinhas o personagem principal.
Na trama, James Bond trabalha numa sub-organização do MI6 – o que para quem não sabe, e segundo a Wikipédia, é o “serviço britânico de informações (ou de inteligência) encarregado de dirigir as atividades de espionagem britânicas. As atividades do MI6 são conduzidas, em princípio, no exterior, ao contrário do MI5, cuja ação é principalmente interna”. James faz parte da já aclamada Seção 00, e continua respondendo ao Sr Mile ou “M” por suas ações. Mas com tecnologia do século XXI, claro.
"A seção 0 ocupava quase todo o quarto andar.
Era uma grande área aberta, cercada pelos escritórios dos agentes. No centro, havia terminais de trabalho para assistentes e outros funcionários de apoio. Poderia ser o departamento de vendas de um grande supermercado, se não fosse pelo fato de que cada porta de escritório tivesse escâner de íris e fechadura com teclado. Havia muitos computadores de tela plana no centro, mas nenhum daqueles monitores gigantes que pareciam obrigatórios em organizações de espionagem da TV e do cinema".
Tudo começa quando o serviço britânico tem em mãos informação a respeito de um suposto ataque envolvendo centenas de mortes o que, se começa sendo uma caçada internacional, torna-se uma corrida em solo britânico, envolvendo cidadãos nacionais – o que foge à jurisdição de Bond, com total liberdade de movimentos quando seu trabalho é internacional e passa a ter de responder a outro agente do MI5, recebendo Carte Grise (Carta Cinza).
Aliás, é justamente deste fato que surge o nome da estória - Carte Blanche ou Carta Branca, que é do que James Bond se vê privado, tendo de responder por suas ações a Osborne-Smith, vice-diretor sênior de Operações de Campo que acabará por se transformar num sério estorvo à caçada que James Bond pretende realizar sozinho - com ou sem Carta Branca às suas ações.
Como "vilão" temos Severan Hydt, que segue a mesma linha da cadeia cinematográfica: um sujeito obscuro, com um passado que vai se revelando aos poucos, que fez fortuna saindo praticamente do nada e a usa para realizar seus intentos mais esquisitos e mórbidos. No presente caso, temos um dono de uma empresa relacionada a reciclagem com uma forte tendência à necrofilia.
"Sozinho agora, Hydt agachou-se ao lado do corpo.
A descoberta de cadáveres ali acontecia com relativa frequência.
Hydt nunca dava parte das mortes. A´presença da polícia era a última coisa que ele desejava.
Além disso, por que abriria mão de um tesouro como aquele?
Ele chegou mais perto do corpo, os joelhos comprimindo o que havia sobrado do jeans da mulher. O cheiro de podre -penetrante, como o de papelão molhado - seria desagradável para a maioria das pessoas. Entretanto, o lixo fazia parte da profissão de toda a vida de Hydt, e este lhe era tão indiferente quanto o odor de graxa para um mecânico de oficina ou o cheiro de sangue e víceras para o trabalhador de um abatedouro".
Nesta junção entre o antigo e o novo, algumas coisas se mantém iguais, outras são aprimoradas: vamos encontrar no livro de Jeffery Deaver Mary Goodnight, a secretária de Bond, Monneypenny e até May, a empregada. As armas e carros, no entanto, não seguem o clássico e são modernizadas.
Levando em consideração apenas o romance em si, teremos muita ação, diálogos inteligentes e sentenças muito bem escritas. Ação, aventura e um final realmente de tirar o fôlego, aos fãs e não fãs de James Bond vale a pena conferir. Recomendo.
Disponível em: http://www.dear-book.net/2012/08/resenha-carte-blanche-o-novo-romance-de.html