eriksonsr 21/05/2013
Para quem quer entender porque as coisas são como estão hoje em dia.
Não tem como começar a falar sobre o livro sem dizer que ele é ótimo, fantástico e esclarecedor. Fácil de ler, direto, intuitivo, abrangente, claro e sucinto. O ruim é o preço dele que custa relativamente caro, mas mesmo que custasse o triplo, vale e muito cada centavo gasto.
Conteúdo instigante, rico e de uma relevância enorme para se entender tudo que se passou até o presente momento, porque a civilização a nossa volta se tornou o que é hoje, de que forma isto se deu, seus altos e baixos, pontos fortes e negativos, etc.
O autor define seis pontos que fizeram a diferença para o Ocidente:
1° Competição;
2° Ciência;
3° Propriedade;
4° Medicina;
5° Consumo ;
6° Trabalho.
Para cada um destes pontos é concedido um capitulo.
O que deixou a desejar foram os gráficos, os mesmos são bons, porém tem gráficos com muitos itens e devido a estes itens terem cores parecidas, todos em escalas de cinza, fica confuso, ao olhar se perde um pouco no emaranhado de linhas e pontilhados de cores muito parecidas que tem. Fora isto o livro é impecável.
Uma das coisas que achei mais interessante no livro é a parte que fala sobre Frederico, o Grande, sua vida, pensamentos e ideias. Nunca tinha tido um contato muito aprofundado sobre ele e sua obra, porém depois de ler algumas páginas sobre o rei em questão, sua cultura, inteligência, visão, administração e seus feitos, me atraiu muito este personagem.
O que mais dizer sobre o rei que disse isto “Não poso ter interesses que não sejam os interesses de meu povo. Se os dois são incompatíveis, sempre devo dar preferência ao bem-estar e ao beneficio do reino” e isso “A verdadeira sabedoria dos soberanos é fazer o bem e dar o exemplo em seus Estados[...] não é suficiente que realizem ações brilhantes e satisfaçam suas ambições e glórias [...] Eles devem preferir a felicidade da raça humana [...] Grandes príncipes sempre se esqueceram de si mesmo em nome do bem comum [...]" ? Coisas essenciais e que boa parte das pessoas que governam e administram nosso pais parecem ter esquecido.
Alguns pontos e citações do livro que achei mais interessante, sim! Tem vários:
“Concorrência e monopólio, ciência e superstição, liberdade e escravidão, cura e assassinato, trabalho duro e preguiça. Em cada caso o Ocidente foi o pai do bom e do ruim”;
“O sucesso de uma civilização é medido não apenas por suas realizações estéticas, mas também, e sem dúvida esse é o aspecto mais importante, pela duração e pela qualidade de vida de seus cidadãos”;
“No século XV se você desse uma volta ao mundo, quando terminasse, a noção de que o Ocidente poderia vir a dominar o restante durante grande parte dos 500 anos seguintes pareceria absolutamente fantasiosa”;
“Ficou claro, na segunda metade do século XX, que a única forma de diminuir a enorme distância quanto à renda era que as sociedades orientais seguissem o exemplo do Japão, adotando as mesmas (embora não todas) instituições e maneiras de operar do Ocidente”;
“Antes de 1945 havia várias formas de desenvolvimento, mas os mais atraentes eram todos de origem europeia: o capitalismo liberal, o socialismo nacional, o comunismo soviético. A segunda guerra mundial matou o segundo na Europa. O colapso do império soviético matou o terceiro”;
“Em todos os anos de 1500 a 1799, a Espanha esteve em guerra contra inimigos estrangeiro durante 81% do tempo, a Inglaterra 53% e a França 52%. Isso teve duas grandes vantagens não intencionais. Primeiro, encorajaram a inovação em tecnologia militar. A segunda é que os Estados rivais se tornavam cada vez melhores no que dizia respeito a levantar a verba necessária para financiar as campanhas”;
“No século XVIII, a vantagem sobre o Oriente era tanto uma questão de capacidade intelectual quanto de capacidade militar”;
“No mundo muçulmano sob influência do clero, o estudo da filosofia antiga foi tolhido, livros foram queimados, os livres-pensadores foram perseguidos, cada vez mais, as escolas islâmicas, concentravam-se exclusivamente na teologia, em uma época em que universidades européias estavam ampliando o escopo de seus estudos. Também houve resistência à impressa no mundo muçulmano”;
"Cheio de milagres, contradições e absurdos, foi gerado nas imaginações fervorosas dos orientais e então se espalhou para nossa Europa, onde alguns fanáticos o adotaram, alguns confabuladores fingiram estar convencidos dele e alguns imbecis de fato acreditam nele” O cristianismo segundo Frederico, o Grande.
“A democracia foi o cimo de um edifício cuja base era o Estado de direito p ara ser preciso, a santidade da liberdade individual e a segurança dos direitos de propriedade privada, garantidos por um governo constitucional e representativo”;
“Os espanhóis, literalmente, encontraram montanhas de prata no México e no Peru. Ao contrário, os colonos da América do Norte tiveram de plantar milho para comer e tabaco para comercializar”;
“Ao contrário, a América do Norte estava melhor que a do Sul pura e simplesmente porque o modelo britânico de direitos de propriedade privada e democracia amplamente distribuídos funcionava melhor que o modelo espanhol de riqueza concentrada e autoritarismo”;
“A guerra é [...] um ato de força para compelir o inimigo a fazer nossa vontade [...] não é meramente um ato de política, mas um verdadeiro instrumento político, uma continuação das relações políticas, realizadas com outros meios" Clausewitz;
“O grande enigma é que, de alguma forma, dessa época atroz de destruição, emergiu um novo modelo de civilização centrado não na colonização e sim no consumo”;
“Marx era um indivíduo detestável, um desleixado que sempre viveu à custa dos outros e um polemista cruel. Teve um filho ilegítimo com a criada. Na única ocasião em que se candidatou a um emprego, não foi aceito porque sua caligrafia era péssima. Tentou investir no mercado de ações, mas não tinha talento para isso. Durante a maior parte da vida, portanto, Marx dependeu da ajuda financeira de Engels, seu trabalho diurno era administrar uma das fábricas de algodão do pai em Manchester. Nenhum homem na história cuspiu no prato que comeu com tanto gosto quanto Marx”;
“Marx e Engels reivindicavam a abolição da propriedade privada, a abolição da herança, a centralização do crédito e das comunicações, a propriedade estatal de todas as fábrica e meios de produção, a criação de "exércitos industriais para a agricultura", a abolição da distinção entre cidade e campo, a abolição da família, uma "comunidade de mulheres" (troca de esposas) e a abolição de todas as nacionalidades. Já os liberais de meados do século XIX queriam um governo constitucional, a liberdade de expressão, de imprensa e de associação, uma representação política mais ampla por meio de reforma eleitora e o livre comércio”;
“Os capitalistas entenderam o que Marx havia ignorado: que os trabalhadores também eram consumidores. Portanto, não fazia sentido tentar reduzir seus salário aos níveis de subsistência. Ao contrário, não havia maior potencial de mercado para a maioria das empresas capitalistas do que seus próprios funcionários”;
“Em 1910, se todas as ferrovias dos Estados Unidos tivessem sido enfileiradas, o comprimento teria sido 13 vezes a circunferência da Terra”;
“Mas nem todos os produtos que definem a sociedade de consumo eram tecnologicamente complexos. O mais simples de todos era, de fato, um tipo de calça de operário inventado na costa ocidental dos Estados Unidos. Talvez o maior mistério de toda a Guerra Fria seja por que o Paraíso dos Trabalhadores não foi capaz de produzir um par decente de jeans”;
“Há mais poder no rock, nos vídeos, nos jeans azul, na fast food, nas redes de notícias e nas antenas de TV do que em todo o Exército Vermelho” Régis Debray;
“Embora os comunistas fossem bons em reprimir a oposição política, eram muito mais vulneráveis à sociedade de consumo do Ocidente”;
“Talvez a ameaça definitiva ao Ocidente venha não do islamismo radical, nem de outra força externa, e sim de nossa falta de compreensão e de fé com relação a nossa própria herança cultural”;
“Devido à importância central que a leitura individual da Bíblia ocupa no pensamento de Lutero, o protestantismo encorajou a alfabetização, sem falar da impressa, e essas duas coisas sem dúvida impulsionaram o desenvolvimento econômico”;
“Hoje, de fato, pode ser que haja mais cristãos praticantes na China do que na Europa. Igrejas estão sendo construídas a um ritmo mais rápido na China que em qualquer outra parte do mundo”;
“Em 2035, de acordo com a Agência Internacional de Energia, a China estará usando um quinto da toda a energia global”;
“Na última década, a China sextuplicou os gastos em pesquisa e desenvolvimento, mais que dobrou o número de seus cientistas e hoje só perde para os Estados Unidos em produção anual de artigos científicos e capacidade de supercomputação”;
“Estima-se que 0,4% dos lares chineses têm cerca de 70% da riqueza do pais”;
“Os modos de operação do ocidente não estão em decadência, e sim florescendo em praticamente toda a parte, com apenas alguns poucos focos de resistência”;
“Mesmo hoje, o Ocidente ainda tem mais dessa vantagens institucionais do que o Resto. Os chineses não têm competição política. Os iranianos não têm liberdade de consciência. Os russos podem votar, mas seu Estado de direito é uma farsa. Em nenhum desses países há liberdade de impressa”;
“Talvez a verdadeira ameaça seja imposta não pela ascensão da China, do Islã ou das emissões de carbono, e sim por nossa própria perda de fé na civilização que herdamos de nossos ancestrais”.