Fabio Martins 07/08/2015
O corno de si mesmo
Segundo o dicionário, a palavra “sadismo” significa “perversão sexual em que a satisfação depende do sofrimento físico ou moral infligido a outrem”. O sádico, portanto, é quem pratica tal ato. Mas isso não é nenhuma novidade, pois o significado desse termo é comum e quase todos conhecem. O que pouca gente sabe é de onde vem.
No século XVIII, viveu na França o nobre Donatien Alphonse François de Sade, mais conhecido como Marquês de Sade. Além de aristocrata e dramaturgo, Marquês de Sade foi um escritor libertino que chocou a Europa com sua vida devassa e suas obras com temas sexuais pouco convencionais. Recentemente, citei Lorde Byron e Edgar Allan Poe, dois expoentes da literatura internacional, que também ficaram famosos por comportamentos pouco usuais e algumas obras chocantes. Entretanto, as atitudes contraditórias de Byron e Poe não nem chegam perto dos desvios de conduta do Marquês de Sade e da promiscuidade de suas obras.
Donatien foi preso diversas vezes, inclusive por sodomia, e chegou a ser condenado à morte. Foi salvo por um indulto. Quando estava trancafiado na Bastilha – famosa prisão francesa –, o Marquês de Sade tinha como passatempo escrever suas obras libertinas e chocantes. Foi lá que compôs seu famoso livro “120 dias de Sodoma”, em que quatro homens ricos se trancam em um castelo por quatro meses com um harém de 46 vítimas para terem experiências promíscuas.
Além do livro, compôs também diversos contos envolvendo adultérios, ironias da vida, lições de moral e, claro, libertinagem. A editora L&PM Pocket juntou alguns desses contos em mais um de seus livros de 64 páginas (a exemplo d’ O Mistério de Marie Rogêt, de Edgar Allan Poe), intitulado O corno de si mesmo – e outras historietas.
Marquês de Sade tem uma prosa direta e objetiva. A narrativa é ligeiramente rebuscada, mas isso se deve ao período em que os contos foram escritos (século XVIII). Todos expõem, de forma exagerada, os costumes mais obscuros praticados pela sociedade burguesa da França, onde o adultério era frequente e a vingança, obrigação.
Não é um livro que desperta paixões, muito interesse e nem representa tanta importância literária. Mas a leitura é válida para conhecer a obra de um dos nomes mais controversos da história que, apesar de tudo, produzia histórias curiosas, irônicas e que servem como um passatempo mais ácido.
site: lisobreisso.wordpress.com