Coruja 09/10/2012Ganhei esse livro de presente da Elise, uma querida leitora do Coruja, pelo natal do ano passado – e me segurei o quanto pude para deixá-lo para ler agora, dentro do Desafio Literário 2012. Afinal de contas, é Sandman e Gaiman e isso significa que toda a expectativa é merecida.
Ou melhor dizendo, não é Gaiman. A série Sandman Apresenta reúne arcos de histórias fechadas dentro do universo criado pelo mestre – com roteiros escritos também por outros tantos magos da fantasia.
As Fúrias retoma a história de Lyta Hall e também os temas clássicos da tragédia grega. Para quem não a conhece, na cronologia de Sandman ela é a mãe de Daniel, transformado em herdeiro do Lorde dos Sonhos após ter sua essência humana obliterada no fogo por Loki.
Daniel foi gerado dentro de um sonho, por assim dizer... por isso foi capaz de assumir o Sonhar após a morte de Morpheus – morte essa em que Lyta teve um papel fundamental, uma vez que é sua sede de vingança e desespero que a fazem capaz de invocar as Fúrias – entidades da mitologia grega responsáveis por vingança e justiça.
Bem, de quem ela é mãe, no final das contas, não é extremamente importante para o esquema de As Fúrias, que se passa alguns anos após o final da série original. Nós encontramos Lyta completamente à deriva, num caminho de auto-destruição, incapaz de superar as perdas e a um passo da insanidade. De repente, não mais que de repente, tudo parece mudar: ela arranja um emprego, faz algumas amizades e parte para onde tudo começou: a Grécia.
O problema é que Lyta, sendo um receptáculo para as Fúrias, acaba se tornando uma peça no jogo de vingança de ninguém menos que Cronos, o pai dos deuses – aquele que devorava os filhos e que foi derrotado por Zeus e preso no Tártaro para todo e todo o sempre... ou não...
A arte dessa graphic novel já me era conhecida da série original (que reuniu muitos artistas em suas páginas), um traço que parece quase colagem e fotografia, mas aqui ela está ainda mais ‘real’. Combina com a história que está sendo contada, mas não é exatamente meu tipo de desenho favorito – eu prefiro um traço mais clássico... mais renascentista (oi?).
Seja como for, vale muito à pena conhecer. O roteiro é excelente e mata um bocado das saudades que ficaram com o final de Sandman (que, para minha grande felicidade, vai ter um prequel escrito pelo próprio Gaiman ano que vem. Vamos comemorar!)
(resenha originalmente publicada em www.owlsroof.blogspot.com)