Larissa Ballaminut 13/02/2013Seja bem-vinda de volta, Sakura!Apesar de estar visível no tópico de resenhas, devo esclarecer que este texto se refere mais a um comentário geral de toda a série de Sakura Card Captors (sim, senhores otakus de plantão, eu sou adepta ao antigo nome :P) do que do primeiro volume do mangá em si. Na verdade, pretendo falar especificamente desta nova edição. Também devo avisá-los de que, apesar da minha avaliação no Skoob e do fato de eu ser uma fã incondicional de SCC, curiosamente esse texto está repleto de críticas negativas. Todos avisados? Então, vamos começar...
Comparada a anterior, esta edição especial de Sakura Card Captors está muito mais caprichada. As páginas foram impressas em papel offset — uma escolha acertada da JBC, visto que este consegue captar a suavidade do traço do CLAMP de uma forma que o antigo brite 47g (vulgo papel jornal :P) não conseguia. O grande atrativo, porém, fica para as 16 páginas coloridas inseridas no início de cada volume: simplesmente não há como não admirá-las por alguns minutos antes de começar a leitura do mangá. Ponto para a JBC!
Para a capa, foi escolhido um papelão mais firme, que não dobra tão facilmente durante o manuseio, e com acabamento brilhante. Mas confesso que fui uma daquelas que torceu o nariz diante do padrão estabelecido pela JBC para a republicação deste mangá. As margens cor-de-rosa e a fonte utilizada no título, além do fato de todos os volumes trazerem uma ilustração da Sakura e do Kero vestindo roupas que combinem, dificultam a identificação de cada número. A editora, entretanto, afirma que o padrão utilizado nas capas foi uma exigência do próprio CLAMP, portanto, nada de reclamações! E temos que concordar que essas ilustrações são realmente lindas! ^_^
Quando foi anunciada a republicação de Sakura Card Captors no Brasil, muitos fãs hardcore imaginaram que a JBC apostaria numa tradução mais fiel ao original japonês. Entretanto, a editora acabou por manter a tradução do texto semelhante a do anime exibido por aqui — o que não considero um defeito; afinal, muitas pessoas tiveram seu primeiro contato com Sakura através da exibição de seu anime. Pense bem, é mais engraçado vermos Sakura dizer "Yukito-san!" ou "Aiaiaiaiai, Yukito!"? É mais épico vermos Sakura bradar "Fly!" ou "Alada!"?
Mas acredito que a JBC poderia ter feito um trabalho melhor em relação à revisão do texto. Muitos dos erros gramaticais encontrados na edição anterior não foram corrigidos nessa republicação. É o caso da ausência de vírgulas em frases como "Tudo bem com você Sakura?" (a norma culta exige vírgula após o termo "você", a fim de destacar o vocativo "Sakura"), e problemas com a regência verbal, como ocorre em "As matérias que mais gosto são música e educação física" (o verbo "gostar" é transitivo indireto, ou seja, necessita de preposição — quem gosta, gosta 'de' algo. Logo, o correto seria dizer "as matérias 'de' que mais gosto...").
"Certo, certo, até agora você só falou da parte 'técnica' da coisa toda. Mas, e quanto à história?" A bem da verdade, não pretendo incluir, nesta análise, a sinopse do mangá, uma vez esta pode ser facilmente encontrada na internet — e também porque este já é um título bastante conhecido pelo público brasileiro.
A proposta de Sakura não está em trazer uma história excepcional, mas descompromissada — e, nisso, o mangá cumpre muito bem o seu papel. O mangá foi publicado em meados dos anos 1990, época do "boom" de Pokemón e Digimon no Japão e no exterior. O CLAMP apenas seguiu por essa correnteza e criou sua própria história com personagens que tivessem algo colecionável. A primeira metade de Sakura é morna: cada volume apresenta duas histórias fechadas, cada qual consistindo na captura de uma Carta Clow. É a partir da segunda metade, com a chegada de um novo personagem, que as coisas começam a ficar mais interessantes — o que, para os leitores mais impacientes, pode causar a impressão de terem sido enrolados... XD
"Ué, mas então por que você gosta tanto assim de Sakura Card Captors?". Talvez seja porque Sakura tenha mudado completamente a minha concepção de animes e mangás — até então, eu associava quadrinhos e animações japonesas à imagens de personagens musculosos e de olhos grandes se moendo de pancada, e fiquei feliz ao saber que existiam produções voltadas ao público feminino. Talvez seja pela forma magistral como as autoras abordaram o tema da homossexualidade. Ou talvez seja porque eu tenha aprendido a desenhar mangá inspirando-me no traço do CLAMP — lembro-me de tentar copiar a franja estranha da Sakura inúmeras vezes, sem sucesso.
A questão é que, apesar dos defeitos apontados por essa fã xiita (será? agora fiquei em dúvida ò_ó), "Card Captor Sakura - Edição Especial" é altamente recomendável, tanto para fãs hardcore quanto para leitores casuais de mangá. O preço pode parecer salgado à primeira vista, mas a qualidade do produto faz o investimento valer a pena. É de bom grado que gasto R$ 14, 90 todos os meses, a fim de me divertir com Sakura, Shoran, Kero, Tomoyo... e Eriol, é claro! — ai, ai...
Seja bem-vinda de volta, Sakura! Provavelmente, não teremos um relançamento como esse tão cedo. Se você ainda não conferiu as aventuras desta adorável Card Captor, não perca mais tempo! Tratando-se de Sakura, tenho a impressão de que esse primeiro volume vai se esgotar rapidinho...
Ah, e só para não perder o costume... "LIBERTE-SEEEEE!!!" ^_^