O Sonho de Martha Quest

O Sonho de Martha Quest Doris Lessing




Resenhas - O Sonho de Martha Quest


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Lopes 24/01/2018

A elegância da sonho
Doris Lessing foi submissa à escrita e do ato da ficção ao enaltecer a linguagem diante da realidade e do tédio, ao tentar conquistar um sonho de sua personagem Martha Quest em ?O sonho de Martha Quest?. Concomitante a essa vontade externalizada, Lessing trabalha com o reflexo de sua história nesta personagem, porém existe uma diferença, apesar de ser uma obra com alto teor biográfico, existe uma força que perpetua paralém da personagem ao esmiuçar tal desejo numa ótica crítica a si de acordo com sua madura ingenuidade. E, nessa obra, a (re)criação envolve uma dimensão dentro deste sonho, trabalhando jogos que somente a literatura tem tal poder de fazer, o de desvirtuar o tédio ? energia para conquistar o sonho ? nas grandes doses existencialistas. O ápice poético desta obra é essa forte ligação entre autora e a personagem, idealizando um ritmo sútil que investiga o pré-Guerra, o calabouço entre gerações, ideologias sendo fortificadas e os direcionamentos e confrontos para ser e estar ali, naquele bojo em que a existência certifica a vida. Em alguma sensação, dentre várias, a que clama por atenção é o anúncio do horror e terror do século XX ? muito embora essa sensação seja criada já na sinopse do livro ? que está por vir. Essa facha, embrenhada de gás sufocante, é posta em vários momentos, um deles é quando Martha decide se posicionar diante de seus pais ao ser favorável a Hitler, criando raízes ao prejuízo psíquico - e na sociedade ? após esta perigosa necessidade de se aproximar das ideologias, numa banal ideia de confronto, escolhendo o horror, caso precise, Lessing desnuda seu interior e a própria literatura de uma forma vasta, simulando as hipóteses e as fronteiras inexistentes para tais lugares e conteúdos. Para o amor, trabalho, família e amigos, Martha Quest força uma presença constante, física ou não, sua demarcação, ela se vê na condição que sempre tentou se afastar, de se tornar comum perante a sociedade, e mais, de oficializar isso diante de um casamento já inerte. Doris Lessing inicia sua série "Os filhos da violência" em ótimo estado natural das coisas que caem no cotidiano e perfuram o simples argumento de sonhar.
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Jerri 20/02/2014

Quase uma autobiografia
Primeiro dos cinco volumes da série FILHOS DA VIOLÊNCIA, essa obra escrita em 1952 conta a passagem da adolescência para o mundo adulto de Martha Quest em sua busca existencial e política por seu lugar em um século XX divido pelo preconceito entre raças, gêneros e ideologias políticas radicais. Neste volume, o choque de gerações entre a mãe e a filha Martha, nos anos 1930, se mostra pouco diferente dos atuais. Independente, atéia e intelectualmente superior a média racista branca da colônia africana onde vive, Martha sai da fazenda onde vive para morar na capital, onde entra em contato com judeus e socialistas que lutam pelo fim da segregação racial e claro, pela implantação do socialismo. Apesar de avessa ao casamento por acreditar que isso acabaria com seus sonhos (o que nos anos 30, acabava mesmo com os sonhos de qualquer mulher que ambicionasse mais do que ser dona-de-casa e ter pencas de filhos), ela acaba se casando com um colega do partido socialista a que pertence.

Inspirado na vida real da escritora, a série vai da adolescência a maturidade da personagem, em uma narrativa que se aprofunda nos anseios, medos, dúvidas e questionamentos que todo ser humano deveria ter a coragem de encarar. Um retrato honesto e verdadeiro de um passado que tem mais ecos no presente do que gostaríamos que tivesse.
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