gleicepcouto 31/08/2012Boa trama, mas que peca pelo excesso de mistério e início arrastadohttp://murmuriospessoais.com/?p=4159
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Tão Mais Bonita (Intrínseca) é o romance de estreia da escritora norte americana Cara Hoffman. Não precisava saber mais nada da autora quando li na capa que Chris Cleave (Pequena Abelha) indicava o livro, considerando-o impressionante. Gosto do cara. O cara gosta da Cara (trocadilho MEGA tosco). 'Bora ler, então!
A história se passa na pacata Haeden, no estado de Nova York. O casal Claire e Gene, juntamente com sua pequenina filha Alice, se mudaram para lá em busca de uma vida mais simples, menos estressante e mais comunitária. Anos após chegarem, algo de ruim acontece com uma moradora exemplar da cidade: Wendy desapareceu sem deixar rastros. Teria fugido? Foi assassinada? Ninguém sabe, mas a jornalista Stacy Flyn está disposta a descobrir. De forma corajosa, Flyn vai em busca da verdade, tentando desvendar o mistério em volta do sumiço de Wendy. Este acontecimento não só afetará a família da moça, mas cada um dos moradores da cidade de Haeden - para o bem, ou para o mal.
Vocês me acham burra? Eu não me acho, mas sei lá, né? Posso estar enganada, não sei. Essa dúvida pintou quando comecei a ler esse livro. Os motivos foram muitos.
Há vários PDVs no livro e todos bem parecidos. Só sabia que era a voz de determinado personagem porque vinha indicado no início do capítulo. O problema é que os PDVs vinham fora de ordem, intercalados por provas do tal acontecimento, que de início, você pensa que é um somente, mas depois percebe que são dois.
Além disso, a história mescla presente e passado, e este, diversos anos. Novamente: mesmo sinalizado no início dos capítulos é confuso. Você vai e volta no tempo e ainda com PDVs diferentes, com o plus dos muitos mistérios.
Pois é. Muitos mistérios. A grande maioria deve estar pensando 'Ah, mas um suspense é bacana.' Eu concordo, mas tem que ser utilizado com cautela. Cansa o leitor. Faz com que ele se sinta burro. Acho que esse foi o meu caso.
Isso, porém, acontece até a primeira metade do livro. Depois, você se situa e a história começa a fazer sentido. Na verdade, a história muda da água pro vinho e temos a impressão de que estamos lendo outro livro (muito melhor). A narrativa fica mais ágil e a trama sofre uma reviravolta interessante.
Os personagens foram bem elaborados, mas não espere nada muito profundo, com background muito sólido. Conseguimos entrar na cabeça de apenas alguns personagens, não de todos. Muitos PDVs em uma história, quando não perfeitamente arquitetado, dá nisso...
O grande mérito da obra fica por conta das cenas finais. A autora conseguiu um grande êxito ao ter a coragem de desconstruir completamente um personagem com uma ação inesperada. E o mais impressionante: o personagem não pareceu bipolar. Após essa ação, recapitulei os fatos relacionados a ele e tudo fez sentido.
A única coisa que, definitivamente, não fez sentido foi o título. Sem comentários.
Tão Mais Bonita, por fim, é um livro bom, que poderia ter sido ótimo, se o início fosse mais nítido e mostrasse claramente para o que o livro veio. É uma leitura válida? É, mas nada que você não possa deixar pra depois.