Fabio Shiva 02/09/2020
segunda leitura
Após uma pausa de 7 anos, releio esse pequeno grande livro, a primeira obra listada no volume dedicado a Espinosa na Coleção Os Pensadores. Boa parte dessa releitura foi dedicada ao autoquestionamento: por quê fiquei tanto tempo sem prosseguir na leitura desse livro?
É que aos 18 anos comecei a colecionar os livros de Os Pensadores, e fiz a mim mesmo a promessa de ler a coleção completa, do início ao fim. Já de cara, no início da coleção, ao ler a maravilhosa “A História da Filosofia” de Will Durant, fiquei apaixonado por Espinosa, tanto que dediquei a ele uma música no primeiro CD que gravei (“One Minute for Spinoza”, faixa oculta aos 45:50 do primeiro álbum do Imago Mortis: http://youtu.be/t9-SQqObh30). Por que, então, esse esmorecimento em minha paixão pela filosofia, justamente ao chegar ao pensador que eu mais ansiava conhecer?
Só fui encontrar a resposta para essa pergunta quase ao final de minha releitura de “Pensamentos Metafísicos”. Meu interesse pela filosofia nasceu de um anseio bem mais profundo, de conhecer “a verdadeira verdade”. Era isso o que eu buscava ao estudar os diversos e muitas vezes inconciliáveis sistemas filosóficos que marcaram o pensamento ocidental.
Mas foi apenas quando travei contato com a Filosofia Sankhya, sistema védico que é resumido no Bhagavad Gita, que essa minha longa sede começou a ser saciada. Não quero parecer desrespeitoso ou arrogante ao expressar um sentimento que gritou muito forte em meu coração: diante da complexidade e abrangência da Filosofia Sankhya ao expor os mistérios da vida e do universo, todos os grandes filósofos ocidentais que li parecem apenas meninos brincando com bolinhas de gude.
Com isso não pretendo me colocar acima desses grandes sábios, que certamente contribuíram grandemente para a evolução da humanidade. Trata-se apenas de uma convicção visceral e intuitiva, mas sobretudo individual: essa é a minha verdade. Ao dar testemunho dela, não há intenção alguma de desmerecer a verdade de outras pessoas que pensam de forma diferente.
Boa parte de minha incapacidade de encontrar satisfação na filosofia ocidental vem do tratamento dado à metafísica, que é a divisão do pensamento que trata da natureza fundamental da realidade e das perguntas fundamentais: quem sou eu? O que estou fazendo aqui? Existe Deus? Qual o propósito da vida? Pois bem, é a metafísica que mais me interessa, no estudo da filosofia. E imaginem meu desencanto ao descobrir que esse ramo do conhecimento é atualmente considerado obsoleto! É como chegar na feira na hora da xepa!
Como essa resenha já está bem grandinha, vou parar por aqui com uma singela profecia: a metafísica renascerá no mundo, pela via da Filosofia Sankhya! Palavra de Fabio Shiva.
https://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com/2020/09/pensamentos-metafisicos-baruch-de.html