Alê | @alexandrejjr 20/06/2020
O veneno remédio do poeta
Textos apurados, frases cortantes, poesia e prosa. Esses são todos atributos encontrados neste "Quando é dia de futebol", volume organizado pelos netos do nosso poeta maior.
Para quem gosta de futebol, a seleção feita por Luis Mauricio e Pedro Augusto Graña Drummond é ouro puro. São crônicas, poemas e frases ao longo de nove Copas do Mundo do esporte mais popular do planeta. Além da elegância e da perspicácia habituais do poeta, somos presenteados com textos comprovando que falar de futebol não é para amadores. Há uma beleza no jogo que vai muito além de 22 pessoas e uma bola, e que foge aos olhos dos comuns. Além disso, a inserção de pílulas filosóficas e políticas por Carlos Drummond de Andrade mostram o quanto o poeta se importava com a dimensão social do esporte na sociedade brasileira.
É muito gostoso saber que os leitores não vão se deparar aqui com análises táticas e críticas simplistas sobre o jogo, características tão arraigadas ao formalismo técnico e burocrático praticado atualmente no jornalismo esportivo. Por isso permito-me o empréstimo do título do livro do múltiplo José Miguel Wisnik, o seu "Veneno remédio - o futebol e o Brasil", à minha modesta resenha.
Para mim, nada poderia ser mais apropriado para definir a percepção ambígua do poeta sobre o esporte. Não é uma indicação aberta a todos, por razões óbvias, mas vale cada linha.