Maira Giosa 22/01/2021Habibi, em árabe, significa "meu querido". Isso eu já sabia antes mesmo de ler a maravilhosa HQ de Craig Thompson. Sou descendente de libaneses. As famílias dos meus dois avós maternos vieram para o Brasil em momentos diferentes, mas a cultura libanesa sempre esteve presente na família. Além de ser uma história realmente bonita e bem contada, Habibi fala diretamente comigo.
É a trajetória de um homem e uma mulher, Cam e Dodona, que se encontram na vida ainda crianças. Órfãos e tendo que se acostumar com os horrores do mundo - a sujeira, a fome e a miséria -, os dois encontram uma linda maneira de se comunicar: através de estórias.
Por meio de belíssimas ilustrações e metáforas, Dodona instrui o pequeno Cam (que ela chama de Zam) na tradição do Corão, mesclando com as tradições judaico-cristãs e com a fabulosa estória das Mil e Uma Noites. É uma aula de história, política e sociologia, tudo ao mesmo tempo.
O autor, que passou sete anos estudando para compor essa obra, consegue fazer com que nos aproximemos de personagens tão distantes da nossa realidade - além da própria diferença cultural, Dodona se prostituía para conseguir comida e fez parte do harém do sultão.
Habibi choca, faz rir e faz chorar. É tocante, duro, cruel e tão sensível e macio quanto o cair da chuva ou o correr de um rio. Coisa maravilhosa de leitura!
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