Resenhas - Populorum Progressio

Michael Costa 05/01/2024

De forma geral, é um bom texto, embora bastante datado. Isto, por sua vez, explica porque as soluções propostas pelos problemas enfrentados, principalmente pelos países em desenvolvimento, são bastante utópicos. Não obstante, a forma com a religião é abordada aqui, a meu ver, favoreceu a utilização da religião como meio para legitimar certas posições políticas, notadamente à esquerda. Os alertas e recomendações ao mercado quanto a ter em consideração a dignidade humana, o bem comum e não ser um fim em si mesmo, por outro lado, são bem oportunas.

Ir.Vivian.CMES 29/10/2023

Verdades ditas
Para quem acha que a Igreja Católica não faz nada durante tempos críticos esse documento é uma grande prova do contrário, e o mais interessante é que em seus escritos ela faz, meio que uma profecia do que pode acontecer se não nos atentarmos em resolver os problemas descritos.

TalesVR 21/09/2019

O mundo está doente
É interessante notar as evoluções da Doutrina Social da Igreja Católica em um contexto de surgimento e fortalecimento dos ''Direitos Humanos' no mundo, visto que foi uma encíclica papal, a Rerum Novarum de 1891, que fortaleceu o movimento dos trabalhadores na Europa.

Paulo VI levanta questões a serem debatidas e que tenho de concordar: é inútil atacar o espantalho do colonialismo e negar os avanços ''civilizatórios'' no mundo. Sim, a ''missão civilizatória'' foi extremamente racista, mas é fato que a industrialização é um dos fatores reais de poder no mundo contemporâneo. Não dá para ficar emburrado e dizer ''Portugal roubou nosso ouro'', quando os portugueses já estão fora daqui há mais de 200 anos. Soa até mesmo hipócrita usufruir das benesses da industrialização atacando o capitalismo estando altamente ligado ao consumismo. Obviamente não cairei fácil na crítica vazia do ''socialismo de Iphone'', porém é bem verdade que muitos que militam estão embebidos em alienação (no sentido de Marx) e senso comum. Uma pena.

Outro acerto de Paulo VI é sobre a relação entre países ricos e países pobres. Sabemos que bilhões são gastos na militaria e muito menos que isso em desenvolvimento. Nada mais errado, e o resultado como estamos vivendo é a crise dos refugiados. É inviável esse modelo de desenvolvimento apenas em alguns países do globo enquanto a maior parte da área terrestre agoniza em miséria. Nesse sentido a Doutrina Social acerta, ao promover o diálogo e cooperação internacional para o desenvolvimento.

Como sempre, também, como é costume dos Papas, eles exortam a instituição da família e do trabalho. Válido reafirmar, como alguns católicos parecem não saber, que a sua Doutrina apoia o fim social da propriedade, dos contratos e do dinheiro. Não pretende o catolicismo apoiar uma monstruosidade como a escravidão do dinheiro. De fato, por vários motivos, o mundo está doente. Sempre gosto de ler essas Cartas pois sempre há um pedido sincero em seu fim de que se lute por um mundo melhor, são palavras confortantes para quem luta.