Quando vi esse livro dentre os lançamentos da Intrínseca no site da Bienal fiquei hipnotizada pela capa. Sóbria, delicada e sombria. Foram as três coisas que pensei e decidi que ia ler antes mesmo de conhecer a sinopse. Por isso quando descobri se tratar de uma distopia nem desanimei. Resolvi partir da premissa se a capa é delicada a história também deve ter seu diferencial. Sei que isso não funciona com todos os livros, mas com "Puros" não podia ter dado mais certo. É sem dúvida nenhuma a melhor distopia que li até agora em vários pontos.
A sinopse já diz bastante apesar de não ser completamente justa quando tenta insinuar uma coisa que nem de longe acontece, portanto não vou falar muito apenas os pontos importantes que faz falta na hora de querer ler o livro. Pressia, prestes há fazer 16 anos, vivendo no mundo destruído desde os sete anos, com uma cabeça de boneca no lugar do pulso, criada por seu avô e que não se lembra de nada do que ele fala sobre sua infância. Crê piamente que o Domo vai vir salvá-los quando o ar melhorar. Acredita na mensagem. Partridge, filho do geneticista chefe, que cuida de tudo dentro do Domo. Não aceita bem as mudanças genéticas implementadas e não se dá bem com o pai. Pressia foge por sua vida, Partridge em busca da mãe. O pai diz que ela morreu como santa tentando salvar as pessoas. Os dois se encontram e busca abrigo com Bradwell, um sobrevivente que pensa bem diferente de Pressia. Seus pais foram assassinados um pouco antes das Explosões. Eles sabiam a verdade. Não ouve alarme no dia das Explosões, os escolhidos entraram, o resto do mundo pereceu, mas nem tudo saiu como foi planejado. Partridge precisa descobrir o que sua mãe e seu pai têm a ver com isso tudo. Por que ela não entrou no Domo? Em busca dessa resposta Partridge, Pressia e Bradwell vão descobrir mais do que imaginaram, horrores inimagináveis e uma verdade chocante.
Julianna Baggott conseguiu acertar em todos os pontos que tanto reclamo quando leio uma distopia. É bem construído e a pesquisa por trás de cada recurso que ela inseriu na trama está clara, seus personagens são tão vivos, tão sofridos, o cenário é desolador, assustador e acima de tudo palpável. Tanto que nos agradecimentos ela fala uma coisa que me fez gostar mais ainda do livro. É assustador pensar que se uma pessoa estava perto de um copo de vidro na hora das Explosões esse copo funde-se à pele da pessoa se ela sobreviver e é assim com todo o resto. Se estiver abraçado a seu irmão você pode ficar para sempre fundido com ele para sempre. Só a partir desses exemplos você pode imaginar os horrores que aconteceu no cenário do livro É triste e mais ainda quando você começa a notar o rumo que a trama está indo. O causador das Explosões. O porquê da catástrofe é revoltante e de tirar o fôlego. O modo como ela descreve a situação que o planeta se encontra, e os seres que surgiram depois das Explosões é centrado. Focado em criar uma coisa plausível se pensarmos que o ser humano já esteve a um pequeno passo de destruir o mundo com as bombas nucleares.
Narrativa inteligente, com fatos interessantes e uma história crível. Julianna Baggott conseguiu me conquistar com a forma delicada que ela conta uma história de ambição desmedida, de perdas, esperança e ilusão. A discussão sobre onde a inteligência suprema e melhorada pode levar é interessante. Queria saber mais sobre o assunto para julgar melhor, mas dentro do que a autora criou na ficção ficou ótimo. Impossível falar nesse ponto sem falar dos personagens. São todos muito bons e desenvolvidos de acordo com sua parte naquele mundo destruído. Personalidade e características que foram alteradas e perdidas por causa do ambiente que eles vivem. Seus medos e reações são todas intencional e não porque são personagens chatos ou comuns. A vergonha, a negação e ilusão tola de salvação de Pressia, a teimosia e grosseria de Bradwell e a ingenuidade de Partridge. Eles assim como qualquer pessoa são frutos do meio e quando começam a descobrir a verdade começam também a moldar que eles realmente são. Foi um amadurecimento sutil e bem colocado
Um dos cenários pós-apocalípticos mais interessantes que já me deparei até hoje. Tanto que gostaria de conhecer algum geneticista para discutir quais das questões levantadas pela autora seriam possíveis. E não me admira que o livro passou por um leilão acirrado para ver quem ia publicar, o livro foi vendido para nove países em um só dia e além disso, o direito de adaptação para o cinema já foi comprado pela FOX. É um cenário perfeito para o cinema, já consigo ver o filme e torço muito para que não me estrague a história com um romance besta. A história de Julianna Baggott pode render um filme ótimo se eles forem fiéis a tudo. Estou curiosíssima para o próximo volume e espero que a autora desenvolva mais o lado, vamos dizer malvado da história. Não posso falar claramente porque estragaria a história.
Leitura de ritmo rápido, instigante e que merece sua atenção. Uma distopia que tira o leitor do lugar-comum que todo livro do gênero parece ter caído. Entrou para minha lista de favoritos. Bem (...)
Termine o último parágrafo em: http://www.cultivandoaleitura.com/2012/09/resenha-puros.html