Guilherme Ramos 24/02/2018
Bom, mas, confuso.
O livro tem como tema principal as drogas, narra a estória de Arthur que aos 16 anos tem seu primeiro contato e primeira visita ao mundo obscuro das drogas. Vamos acompanhar então um processo doloroso e cansativo, a rotina de quem se torna dependente e do sofrimento da família. A escrita tem alguns probleminhas de edição, mas, que não atrapalham o desenvolvimento, dá pra seguir sem nós na cabeça, é leve. Mas, com tanta rotina acaba sendo um pouco cansativa, pois não tem muitos acontecimentos até a metade do livro e acaba sendo tedioso continuar, uma pessoa mais ”hiperativa” por assim dizer, certamente abandonaria esse livro facilmente... A estória nos prende mesmo sendo repetitiva, pois ficamos obviamente torcendo por Arthur que mesmo sendo fraco, cometendo a burrada de recorrer às drogas toda vez que sente medo ou aflição ainda assim é uma vítima, um doente.
A maior lição que o livro trouxe é como a personalidade de uma pessoa muda por conta da dependência, não somente durante o uso, a personalidade da pessoa muda por completo, existe sim a essência, que é o caso do nosso personagem, bom, criativo, amoroso, mas, que se sente hipotente mediante a dependência e começa a mentir, roubar, aceita situações humilhantes para não perder o que acredita ser um benefício pra sim mesmo – o uso da maldita droga.
Eu não entendi nesse livro como a autora conseguiu simplesmente “enterrar” alguns personagens que ao meu ver mereciam uma notoriedade, ou simplesmente uma explicação talvez do porque estarem em determinadas posições, sei que o foco era o personagem Arthur, mas, escrever um pouco mais sobre os que desaparecem no enredo não iria ofuscá-lo.
Um ponto muito positivo nesse livro é que a autora retrata os traficantes luxuosos, sai um pouco do foco do traficante do morro, daquela figura tão comum, que muitas vezes é só mais uma marionete nas mãos dos verdadeiros poderosos. Os chefões vão muito além de políticos e policiais desvirtuados, podem ser pessoas bem conceituadas na sociedade. Retrata também outra realidade, as drogas não escolhem condição financeira, foi-se o tempo que o dependente era um rapazinho do morro, todos estão propensos ao vício, independente do sexo, cor ou classe social. Os chefes do tráfico tem alvo meninos e meninas de todas as classes mas, principalmente classe média alta, infiltrando jovens dependentes no meio de outros jovens saudáveis afim de este identificar possíveis fraquezas e manipular uma mente enfraquecida para fazer um novo fantoche dependente. Outra lição importante que o livro deixa: Sempre acompanhar o desenvolvimento de um jovem, nas escolas, internet, em casa e etc, e sempre avaliar seu comportamento e amizades, procurar saber por onde anda, se vão mesmo aos cursos que você está investindo alto, acompanhar a frequência. Não é ficar de marcação, é simplesmente acompanhar. Pais e responsáveis tem deixado a desejar quanto ao acompanhamento dos jovens que são presas fáceis para os terroristas do tráfico.
Da mesma forma que alguns personagens desaparecem no meio do enredo, encaminhando para o final outros novos personagens surgem como que para explicar a visão espiritual da situação de Arthur e sua família, uma relação de passado x presente, daí são abordado temas que não podem faltar em romances espíritas, obsessão, ação e reação e etc . Tive que concentrar mais no final da leitura, pois dá uma embaraçada natural para quem empurra a parte espiritual da estória para o final do livro, modéstia parte não gosto muito de livros assim.
Ao mesmo tempo em que parecia que a autora estava com pressa para encerrar a estória, ela não parecia mais ter fim, ficou um pouco confuso ao meu ler, mesmo assim ainda recomendo a leitura do livro, todos nós conhecemos direta ou indiretamente um dependente químico, é importante saber a dificuldade que eles passam sem ter a necessidade de entrar no mundo deles com a mesma prática, mais interessante é olhar para eles sem olhos de pré-conceito e se perguntar sempre como poder ajudá-los ou ajudar na estrutura emocional e psicológica da família.