Henrique Fendrich 04/09/2019
Carlos Herculano Lopes na tradição da crônica mineira
Carlos Herculano Lopes é mineiro, o que sem dúvida contribui bastante para que também seja cronista. Herdeiro do ótimo Roberto Drummond, ele também dedica ao cotidiano um olhar sensibilizado e normalmente otimista. Da mesma forma, pratica os pequenos contos, que inclusive compõem a maior parte das crônicas de “Entre BH e Texas” (Record, 2004). São histórias simples, mas bem escritas e de temática criativa.
De vez em quando, o próprio cronista se faz personagem. Há crônicas episódicas tiradas das andanças do cronista por Belo Horizonte, como a crônica título, ocasiões em que tenta captar um instante de beleza ou uma situação inusitada. Vez ou outra ele também cede à nostalgia do passado e há alguns textos que poderiam ser chamados de sérios.
Bastante singular é a relação do cronista com os seus leitores, que a partir do meio do livro começam a merecer dedicatórias ao final de cada crônica. Também há eventuais respostas em forma de crônica a manifestações dos leitores, o que sugere, mais uma vez, a necessidade de se considerar o espaço jornalístico na feitura do texto.
É possível observar no estilo de Carlos Herculano alguns períodos bastante longos, com muitas informações sendo acrescidas através de vírgulas, e nem sempre se consegue chegar ao final com a devida compreensão. Também é curioso observar a quantidade de personagens que fumam ou que não fumam porque estão tentando parar de fumar.
São crônicas pequenas, com pouco mais de duas páginas, e a leitura não demora. Talvez não sejam tão excepcionais quanto a dos muitos cronistas da tradição mineira, mas são crônicas dignas de uma leitura agradável.
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