Quando a Rocco anunciou o lançamento deste livro fiquei bastante animada, pois leio a série da autora e principalmente porque o estilo das criações de Melissa Marr me agrada bastante. Essa veia para o sombrio, para culturas e lendas antigas, seja do submundo ou não, tem despertado meu interesse nos últimos tempos. Melissa Marr conta uma história diferente, que inova em muitos aspectos e que foca em um público mais abrangente.
A sinopse já diz bastante sobre o que esperar do livro. Rebekkah é a neta adotiva de Maylene. Ela não nasceu em Claysville e com as tragédias que se sucederam Rebekkah acabou saindo da cidade. A situação muda quando ela descobre que a avó foi assassinada. Ninguém na cidade parece se importar. Ninguém está investigando. Quando outro ataque acontece e o pai de William começa a fraquejar o conselho da cidade o pressiona para contar a verdade a Byron antes que seja tarde. Maylene adiou esse momento o quanto pode e não deu certo. Byron então é arrastado para um mundo assustador e surpreendente bem ali em Claysville. Ele é o Guia que ajudará a Guardiã em sua missão. Finalmente os costumes estranhos da cidade são explicados. Sem entender nada do que está acontecendo e sem tempo para perguntas Byron precisa proteger e contar a verdade a Rebekkah. Que mesmo ela não sendo neta de sangue de Maylene acaba de receber o fardo das mulheres da família Barrow. E que sua avó não foi assassinada por qualquer pessoa. É um morto que por algum motivo não recebeu o tratamento adequado e retornou da morte, preparado para fazer de tudo para permanecer entre os vivos.
Essa é a premissa central é essa e a trama começa a se desenvolver desde as primeiras páginas. Tudo intercalado a apresentação do cenário e dos personagens. Melissa Marr apresenta aqui uma narrativa mais madura e mais sombria do que vemos na sua outra série. Além de uma história interessante, belas descrições e personagens bem compostos o modo como a autora entrelaçou o desenvolvimento dos personagens, da história por trás da cidade e a trama dos mortos atacando as pessoas foi diferente. Ela ligou as partes da história com detalhes e entrelinhas que acentuaram o clima de mistério e ao mesmo tempo em que construía algo instigante, que leva o leitor até o final. O grande diferencial do livro é que aqui os personagens não são adolescentes, e nem estão no fim dela. Tanto Rebekkah como Byron estão entre 25 e 30 anos. Fato que reflete diretamente nos conflitos, no desenvolvimento e na solução dos problemas da história.
Em certo ponto começamos a questionar, o pacto será desfeito? As perguntas levantam teorias, mas para surpresa a história encerra numa ótica totalmente diferente do esperado. O cenário, toda a mitologia da morte e de seus territórios é muito interessante. Adoraria ver outras histórias ambientadas com essa ligação entre os vivos e os mortos. Os recursos que a autora criou, e todo o funcionamento desse universo peculiar ainda renderiam muito em outras histórias. Rebekkah é uma boa personagem a despeito da irritante indecisão em relação a Byron. Entendo o ponto de vista sobre o passado, mas ainda assim ela poderia ter sido, mas decidida. Já Byron é um apaixonado. Inteligente, mas apaixonado e a ambiguidade sobre o porquê deste amor ditou o tom de todo o livro.
O ritmo é mais lento, remetendo ao cenário de cidades pequenas e sombrias que vemos em filmes de terror. E com o final inesperado muitos podem se perguntar qual é o ponto do livro, a insolubilidade do pacto que é a raiz central de tudo pode frustrar se você não compreender que o ponto real aqui é mais as relações humanas e do que o acordo com os mortos. Um livro para você ler antes de dormir em que a autora mostra que pode escrever para qualquer tipo de público. A edição da Rocco está (...)
Termine o último parágrafo em: http://www.cultivandoaleitura.com/2012/11/resenha-guardia.html