Nay Schall 23/09/2012
Bom, mas...
Ainda não tinha ouvido falar de "Zumbis x Unicórnios" até ganhar o livro de presente de aniversário do meu namorado, que tão pouco sabia do que se tratava, comprou porque era o lançamento da semana, mas, preparem-se para a frase de efeito, aí fomos surpreendidos novamente.
Apesar de achar que não existe nenhum tipo de relação lógica entre zumbis e unicórnios, o que, na minha humilde opinião, impossibilita a disputa entre eles proposta pelas organizadoras Holly Black e Justine Larbalestier, o livro tem, intercaladamente, contos muito bons sobre as duas criaturas, não todos, mas cada história tem seu estilo, linguagem e, claro, enredo. Pra não ser injusta decidi falar de todas elas individualmente.
1, 2, 3 e já!
[Se você é daquele tipo que acha que resenha é spoiler, CUIDADO!]
1. "A Mais Alta Justiça" por Garth Nix (Unicórnio)
Por ser o primeiro conto do livro não tinha nenhum outro com o qual compará-lo, mas agora posso dizer, não é o pior, mas está longe do topo da lista. Ele na realidade serviu pra me mostrar qual era a pegada do livro, tirando minha impressão de se tratar de histórias pra pré-adolescentes.
A mais alta justiça é o unicórnio. Esse unicórnio ajuda uma princesa a levar sua mãe, que morreu mas foi trazida de volta a vida pelo próprio unicórnio - é, um zumbi, vai entender - de volta para o castelo para realizar seu último desejo, dar um beijo no rei, seu marido. Ela vai encontrando alguns obstáculos pelo caminho e o unicórnio vai... dando um jeito neles pra ela. Mais ou menos isso.
2. "Love Will Tear Us Apart" por Alaya Dawh Johnson (Zumbi)
Aí eu tive certeza de que o livro realmente não tinha pré-adolescentes como principais leitores.
Por causa de uma infecção um garoto vira zumbi, mas a infecção foi descoberta a tempo e tratada, não tão rápido porque ele continua sentindo aquela fome zumbi de precisar comer gente, mas meio que consegue controlar isso - alias, pelo jeito como a autora descreve, aparentemente virar zumbi é tipo virar vampiro segundo Stephenie Meyer, você fica gato e irresistível pra atrair vítimas, vai entender 2. Ele se apaixona por um amigo dele, o amigo se apaixona por ele e a história se desenrola.
3. "Teste De Pureza" por Naomi Novik (Unicórnio)
O conto mais bobinho, não só do Time Unicórnio, mas do livro em geral.
Um unicórnio, meio que em desespero, manda as favas essa história de ter que encontrar uma virgem e recruta uma menina, não virgem, pra ajudá-lo a resgatar filhotes de unicórnio das garras de um mago que acha que vai conseguir imortalidade a partir deles.
4. "Buganvílias" por Carrie Ryan (Zumbis)
Considerei esse o melhor conto de zumbis até ler "A Noite do Baile", aí fiquei em dúvida e acabei num empate. Mas tanto a história, como a maneia de escrever me fizeram pesquisar por mais títulos da autora que já entraram pra minha lista de "Desejados" do Skoob.
Depois do apocalipse zumbi, que eles chamam de Retorno, o pai de Iza leva toda sua família pra uma ilha, que segundo suas pesquisas tem condições de manter os zumbis afastados, tanto pela geografia e características do lugar, quanto pela tecnologia que ele utiliza pra reforçar essa proteção. Mas os zumbis estão logo ali e se eu continuar falando vou acabar contando mais do que você, que ainda não leu o livro, quer saber.
5. "Mil Flores" por Margo Lanagan (Unicórnio)
Depois que você consegue entender a dinâmica do texto, em que época ele se passa, onde, e quem está narrando a história, ela fica linda! Não é meu conto preferido do Time Unicórnio, mas vem ali, como vice.
Um jovem é atraído por um unicórnio para dentro da floresta e encontra uma moça desmaiada, na melhor das boas intenções vai arrumar a roupa dela e acaba preso acusado de ter-lhe tirado a virtude. Mas obviamente ele não tem nada que ver com a moça...
6. "As Crianças da Revolução" por Maureen Johnson (Zumbi)
O conto mais meh do livro todo. Não achei a história grande coisa, não gostei da sugestão da autora que a tal atriz famosa era Angelina Jolie, achei a personagem principal meio tapada e o final bobo.
Uma garota, influenciada pelo namorado rico e drogado vai pra Inglaterra com a intenção de passar um lindo e romântico final de semana, mas são enganados e tem que trabalhar por lá pra sobreviver até que o namorado rico se enche e vai embora largando ela sozinha. Até que ela consegue um "bico" como babá dos filhos de uma atriz famosa. Adivinhem só se esses filhos não são pra lá de anormais.
7. "O Cuidado e a Alimentação de seu Filhote de Unicórnio Assassino" por Diana Peterfreund (Unicórnio)
Teria gostado muito desse conto se a autora não tivesse deixado suas crenças religiosas interferirem na história. Sério, fui forte e li até o final, mas a cada parágrafo de evangelização eu tinha vontade de pular pro próximo conto. Uma coisa é compor um personagem religioso, outra é pregar pro seu leitor.
Uma garota nasce com um tipo de magnetismo para unicórnio, ela consegue sentir sua presença e suas vontades. Ninguém além de seu amigo Yves sabe que as crianças que morreram na floresta assassinadas por um unicórnio eram primos de Wen, nem que ela viu tudo e só conseguiu fugir por causa da velocidade que adquire quando está perto desses animais. Mas um outro unicórnio, uma fêmea, que é uma das atrações da tenda de show de horrores de um parque de diversões da cidade, faz com que a vida de Wen de uma certa reviravolta.
Esse conto retrata os unicórnios como seres selvagens, violentos, assassinos e carnívoros.
8. "Inoculata" por Scott Westerfeld (Zumbis)
Achei esse um conto mais teenager, mas é legal por apresentar os zumbis de uma forma filosoficamente humanizada e uma possibilidade de sobrevivência do caso de um apocalipse zumbi.
Aconteceu o apocalipse zumbi, quase toda a população do planeta foi infectada e os pouquíssimos sobreviventes se escondem em um forte protegidos por grades e muros. Até que uma das garotas do lado de dentro da grade esbarra em um osso de um dos muitos zumbis que se amontoam na cerca. Invés de virar um zumbi como eles ela adquiri uma certa imunidade que pode mudar tudo.
9. "Princesa Bonitinha" por Meg Cabot (Unicórnio)
Meg Cabot sempre será Meg Cabot. Enquanto alguns autores demoram anos pra publicar um livro, Meg arremessa novos lançamentos na gente, são tantos que fica difícil ler tudo e olha, não escuto criticas negativas vindo de nenhum deles. E quem já conhece a autora sabe o que esperar quando vê seu nome assinando uma publicação: risadas.
Liz, uma garota do 2º grau, excluída e com poucos amigos - não me culpem por eu imaginar Mia Thermopolis - faz aniversário junto com a garota mais popular do colégio que sempre faz uma super festa e nunca convida Liz. Mas no seu 17º aniversário, Liz ganha de presente de sua tia Jody um unicórnio do tipo que peida ao som de sinos, a Princesa Bonitinha. Obviamente não era o que Liz esperava e muito menos o que ela queria de presente, mas quando sua amiga Alecia liga pedindo por ajuda, Princesa Bonitinha se mostra muito mais legal do que Liz poderia imaginar.
10. "Mãos Geladas" por Cassandra Clare (Zumbi)
Aqui os zumbis são retratados muito mais como fantasmas que voltaram do mundo dos mortos trazendo seus corpos junto com a alma do que como criaturas brutais, semi-decompostas comedoras de cérebro. Não sei se me agrada, acho que fantasmas são fantasmas e zumbis são zumbis, se fossem a mesma coisa não teriam nomes diferentes, só sei que tinha que me esforçar pra imaginar os zumbis desse conto como criaturas corpóreas, cinzas e meio decompostas e não como os fantasmas de Harry Potter.
Há muito tempo, uma maldição é imposta a uma cidadezinha governada por um duque: muitos de seus mortos voltariam a vida e vagariam pela cidade, seus moradores nunca conseguiriam escapar de seus entes morto-vivos, nem se se mudassem porque os zumbis os acompanham.
Esse duque, tem um sobrinho, que é o real sucessor do trono e poderia governar quando completasse 18 anos. O sobrinho do duque namora uma moça, uma plebeia, por quem é completamente apaixonado e com quem com certeza teria se casado se, pouco antes de alcançar a idade mínima para assumir a cidade ele não tivesse morrido atropelado.
11. "A Terceira Virgem" por Katheen Duey (Unicórnio)
O melhor conto de unicórnio do livro! Ah, se a autora não tivesse estrupiado com o final, seria o melhor conto de todos.
Um unicórnio, provavelmente o único no mundo, imortal, vaga sozinho por aí lutando contra uma fome de vida e a culpa por saciá-la, procurando alguém puro, de corpo, alma e coração com alguma necessidade latente, alguém com a capacidade de escutá-lo e aplacar sua solidão eterna.
12. "A Noite do Baile" por Libra Bray (Zumbi)
Ok, pensando agora, talvez "Buganvílias" ganhe como melhor conto de zumbi, mais pela forma como foi escrito do que pela história, mas "A Noite do Baile" vem em segundo lugar. Talvez pelo leve toque de ralidade e pela reação e atitudes que os personagens tomam diante das situações.
Mais uma vez aconteceu o apocalipse zumbi. Uma infecção, que começava com dores e feridas, atacou os adultos de algumas cidades, se alastrando rapidamente, forçando as crianças e adolescentes a fugirem, abandonarem e até matarem seus pais, para sobreviver. Os que sobraram vivem, obviamente, enclausurados dentro de uma cerca fortificada e eletrificada, mas tentam, de algum modo, viver como se tudo fosse como antes da infecção começar.
Como eu disse, não consigo criar uma relação entre zumbis e unicórnios. Nenhuma! Nem que seja pra enumerar suas diferenças e contrapontos. São criaturas sem qualquer conexão! Apesar de ter gostado de vários contos, eles estarem juntos, em um livro só, como se disputassem um jogo de popularidade, não faz e nunca vai fazer sentido pra mim.
Vale a leitura? Vale. Mas falando honestamente? Holly Black e Justine Larbalestier deviam estar precisando de uma grana extra.