spoiler visualizarDeilson Barbosa 20/10/2018
Konder, Leandro. O que é dialética. São Paulo: Brasiliense, 1981.
Konder, Leandro. O que é dialética. São Paulo: Brasiliense, 1981.
Segundo KONDER:
“Dialética era na Grécia Antiga a arte do diálogo [...] no diálogo demonstrar uma tese por meio de uma argumentação capaz de definir e distinguir claramente os conceitos envolvidos na discussão.” (p.7)
Por exemplo, Zenom/Sócrátes buscavam a definição de termos como bravura, justiça etc.
Na acepção moderna, dialética significa o modo de pensarmos as contradições da realidade, o modo de compreendermos a realidade como essencialmente contraditória e em permanente transformação. (p.8)
Para Heráclito de Éfeso (540 a.C – 480 a.C), tudo existia em constante mudança, o conflito seria o pai e o rei de todas as coisas. [...] juventude ou velhice são realidades que se transformam umas nas outras. (p.8)
Para ele um homem não se banha duas vezes no mesmo rio. (não havia estabilidade no Ser).
Em contrapartida, Parmênides ensinava que a essência profunda do Ser era imutável e dizia que o movimento (mudança) era um fenômeno de superfície. (p.9).
Para KONDER a concepção metafísica prevaleceu, ao longo da História, porque correspondia, nas sociedades divididas por classes, os interesses das classes dominantes [...] em “amarrar” bem os valores, conceitos e instituições vigentes. (p.9).
Segundo o autor supracitado, Aristóteles (384 a.C – 322 a.C) reintroduziu princípios dialéticos em explicações dominadas pelo modo de pensar metafísico. “Todas as coisas possuem determinadas potencialidades; o movimento das coisas são potencialidades que estão se atualizando, isto é, são potencialidades que estão se transformando em realidades efetivas” (p.10)
KONDER afirma que o Regime Feudal não teve alterações significativas nas posições sociais pois “As ideias debatidas ficaram meio desligadas da vida prática.” (p.11).
Para o mesmo, houve um desprezo da filosofia: Pretrus Damianus (1007-1072). “A única coisa importante era a salvação da alma”, a maneira mais segura era virar monge, “um monge não precisava de filosofia” (p.12).
O autor define também o sentido mais atual do conceito de dialética. Para Hegel: O trabalho é a mola que impulsiona o desenvolvimento humano. É no trabalho que o homem se produz a si mesmo. (p.23-24).
Já para Marx – Todos os valores humanos autênticos vão sendo destruídos pelo dinheiro, tudo vira mercadoria, tudo pode ser comercializado, todas as coisas podem ser vendidas ou compradas por um determinado preço. (p.34).
Na minha concepção o autor deixa a desejar quando se trata de idade média, tivemos um período de produção filosófica muito rico com Tomás de Aquino, Agostinho que não é nem citado e muitos outros filósofos. Aquela velha ideia da idade média ser uma noite de mil anos, a visão iluminista como um período das trevas é ainda hoje muito usado para definir esse período de grandes realizações, no qual a sociedade Ocidental se consolidou.
O livro pode ser lido como uma introdução sobre o tema, mas com muito cuidado.