LETRAS e VEREDAS 08/06/2021Nas veredas dos seres imagináriosEscrito por Jorge Luis Borges em colaboração com Margarida Guerrero, “O livro dos seres imaginários” é uma compilação “dos estranhos entes engendrados, ao longo do tempo e do espaço”pela fantasia dos seres humanos.
Na lista de 116 seres imaginários que integram o livro, são representados seres provenientes das mitologias e literaturas do cânone ocidental e oriental, inclusive da cabala,do cristianismo, do budismo, de Homero, Franz Kafka, Shakespeare, Confúcio, Plínio, dentre muitos outros. Desfilam por essas páginas centauros, fênix,lebres lunares, minotauros, sereias, dragões, ou seja, todo um compêndio de seres que adquiram substância no cerne da imaginação humana. A intenção de seus criadores era que o livro não fosse lido de forma “consecutiva”, mas que seus leitores eleitoras “o frequentassem como quem brinca com as formas cambiantes revela das por um caleidoscópio”. Portanto, trata-se de um livro que deve ser lido para dar asas à imaginação.
Nesses relatos, com senso de humor e certa dose de extravagância, ostenta-se uma erudição literária, mas que não se exime de explorar elementos filológicos, históricos, filosóficos ou teológicos. Essa erudição não desemboca no pedantismo ou no enfado, mas constitui um elemento fecundo nesses textos por cumprir uma função estritamente literária, de teor decorativo e simbólico.
Infelizmente, esse livro está esgotado no site da Companhia das Letras. Mas, se um dia a editora resolver relançá-lo, seria fundamental reconhecer a colaboração de Maria Guerrero na capa do livro. Só ficamos sabendo de sua contribuição com a escritura do livro pelos textos da contracapa e do prólogo.