@APassional 05/02/2014
Zenith * Resenha por: Rosem Ferr * Arquivo Passional
“No oceano, a noite é como um cavalo negro de guerra.
O barco branco avança como cavaleiro fantasma sem rédeas.”
Zenith é o livro II da Sensacional Trilogia Exodus, a trama continua a partir da fuga que nossa querida e valente Mara empreendeu da Cidade Celeste, um mundo seletivo composto por uma elite alienada sob uma felicidade virtual, mantida por meio de uma enorme população de pessoas escravizadas.
Mara consegue enfim fugir, levando consigo muitos refugiados, mas o preço é a separação de sua “alma gêmea” David (cujo avatar no ciberespaço é uma raposa, logo seu vulto é Raposo, digo isso porque essa questão do “avatar” não ficou clara a alguns leitores), Ops...
Como David permanece na cidade submersa, teremos dois polos de ação em Zenith: De um lado David, aprendendo a sobreviver nos escombros subterrâneos, pois apesar de ser o futuro “herdeiro” da Cidade Celeste, agora é um dissidente que planeja uma revolução para libertar seu povo, que ele julga enganado e oprimido, e ajudar os refugiados que ainda permanecem ilhados e abandonados do lado de fora do muro, para tanto será auxiliado por Candleriggs, a anciã do povo das arvores; Do outro lado, Mara e suas aventuras e desventuras na condução de refugiados “nem um pouco cooperativos” para conseguir chegar a seu destino: Groenlândia.
Sobrevivência, ingratidão, liderança, ideais, fraternidade, igualdade e sacrifício em pró do bem comum são tópicos que a autora explora de forma magnífica, ressaltando os valores que regem o ser humano na busca do coletivo ou ao individualismo egoísta.
Logo no segundo capítulo, surge um novo personagem que acrescenta um brilho rebelde ao enredo: Tuck, um jovem cigano muiiiiiiiito pirata, vai sacudir as entrelinhas, por ele conheceremos a cidade de barcos de Pomperoy – habitada por piratas, que surgirá abruptamente no oceano atravessando a rota programada por David, causando um acidente sem precedentes entre refugiados e piratas, fato que gera a ira dos últimos que passam a caçar Mara e sua tripulação a quem juram vingança.
Enfim eles chegam a Ilira – Groenlândia – Mas... para o arrepio dos Deuses de pedra do passado, nada é o que devia ser. Uma batalha, o nada amigável povo das cavernas, novas fugas, perdas, companheirismo, descobertas, paixões são despertadas, hummmm... O inverno chega, emoções a flor da pele, e o excesso de hormônios tensiona a luta pela sobrevivência no gélido clima nórdico... é ação pura e haja coração pra acompanhar o fôlego de nossos jovens eco-guerreiros.
Como já havia dito em Exodus, a escrita é encantadoramente poética, densa, repleta de reflexões sobre sentimentos, perda, vida, morte, amor, medo, saudade, coragem, crenças pessoais, neste tomo podemos perceber escolhas mais maduras, característica fundamental em um romance de formação, fica nítida a transformação no desenvolvimento das personagens que evoluem, portanto Julie Bertagna me fisgou outra vez e surpreendeu ainda mais, sua criatividade é ímpar em todos os sentidos, principalmente diante da profundidade dos temas abordados.
Voltando a trama, devorei Zenith em dois dias, são tannnnnntas aventuras, riscos, desafios, obstáculos, encontros e desencontros, demonstrações de amizade, sacrifício, lealdade e humanidade, que queremos estar com Mara, David (Raposo), Wing, Tuck, Rowan, Gorbals, Pollock, Molendinar, Scarwell e os pivetes, para junto com eles reconstruir um novo mundo onde a vida possa renascer.
Envolvente, eletrizante, tennnnnso, emocionante, viciante...
No centro da terra o segredo do mundo destruído, na terra oca eles penetram no fundo de todas as coisas e nós vamos junto, entrementes, David também passa por todas as agruras de suas escolhas e descobre a duras penas que amadurecer é um processo delicado, quanto mais se realizado na solidão. Ao perder o contato com Mara passa a reavaliar seus planos iniciais, às vezes até a questioná-los, afinal uma só andorinha faz verão? No ápice de suas dúvidas, uma nova reviravolta de acontecimentos faz com que ele encontre uma criança perdida nos subterrâneos, ele a nomeia Pandora. Como a do mito? Só saberemos nos próximos capítulos hehehehe! Massssss... essa criança aparentemente terá papel fundamental na revolução que aproxima-se em Aurora (livro III), assim como Wing e a “sensação” que surgiu nos estonteantes últimos capítulos de Zenith:
“...Lily corre contra o vento, por entre as árvores seu cabelo voa atrás dela, como se fosse um rabo dourado de raposa... A terra grita...”
Perfeito! Fascinante! Excelente leitura!
Beijo! Rosem Ferr.:.
Resenha publicada no Blog Arquivo Passional em 05/02/2014.
site: http://www.arquivopassional.com/2014/02/resenha-zenith-julie-bertagna.html