spoiler visualizarAttilioS 28/06/2018
O livro Magos - Os Mundos Mágicos da Fantasia foi bastante agradável em uma análise geral, a maioria dos contos contidos na edição se mostraram bastante interessantes de se ler, embora não tenha sido assim com todos, já que alguns se tornaram cansativos e em alguns casos desagradáveis ao longo da leitura, ainda assim classifico o livro como bom pois a variedade de universos apresentados me possibilitou entender o estilo de histórias fantásticas envolvendo magia que me interessam e os que não são do meu agrado, fazendo com que eu pudesse analisar melhor quais tipos de história preferirei ler no futuro. Por exemplo, o primeiro conto, Mazirian, o Mágico, me agradou em parte devido a como o mundo se configura, parece ser bastante extenso, e com vários elementos que gostaria de ver sendo melhor trabalhados, daí vem o que não me agradou tanto nesse como em outros, a insistência em apresentar uma quantidade excessiva de elementos apenas com a intenção de demonstrar que aquele mundo é extenso, sem ter a intenção de trabalhá-los.
O segundo conto, Espere, por favor, não me agradou, é algo mais voltado para comédia, e não um tipo de fantasia "séria", mas não foi exatamente essa questão que me foi desagradável, já que um dos melhores contos do livro, O Olho de Tandyla, tem uma clara intenção cômica, mas ainda assim me interessou bastante, já que se situa em um mundo aparentemente pertencente ao gênero Espada e Feitiçaria, e mesmo com situações cômicas se mostrou uma história sem exageros ou absurdos que estavam ali apenas para gerarem a comédia como é o caso de Espere, por favor, que se passa nos tempos atuais, com a magia sendo algo normal e cotidiano, sendo seu principal defeito o inexistente desenvolvimento dos personagens.
Para que Serve uma Adaga de Vidro? é um dos melhores contos do livro, apresenta um mundo extremamente interessante com inúmeros elementos que me deixaram ansiando por saber mais, mesmo quando as próprias explicações podem ser deduzidas através do ponto principal da trama, que é o fato da magia estar se esvaindo do mundo, é simplesmente rico e maravilhoso, é uma pena que os livros do autor sobre este universo não tenham sido publicados no Brasil.
O Filho do Cavalo Branco é outro bastante agradável, embora se passe nos tempos modernos, não se percebe uma inclusão forçada de elementos desnecessários na trama, sendo a magia algo misterioso que não entendemos, mas temos apenas algumas dicas ao longo da história, que ocorre em uma região rural de interior, no estilo das antigas histórias recheadas de lendas que muitos avós contam aos seus netos sobre seus tempos de infância.
O Colar de Semley é, na verdade, um conto de ficção científica como é deixado claro na apresentação, mas essa história nos mostra como a ciência pode ser confundida com magia pelos que não conhecem seu avanço, gostei bastante dessa história, nunca havia lido Ursula K. Le Guin, e agora estou ansioso por conhecer outras obras da autora.
E os Monstros Andam começa bastante interessante, apresentando o mistério pelos olhos do personagem principal, mas, após a apresentação, a história desanda um pouco, em certas partes alguns eventos que não deveriam ter uma relação direta acontecem simultaneamente como se o autor quisesse correr, e depois alguns personagens são apresentados sem parar e sem ser dada profundidade a eles, como a Angela, que não foi utilizada de forma adequada em nenhum momento pelo autor, apenas incluída como um interesse forçadamente romântico para o personagem principal, e sendo deixada de lado pelos outros personagens, fazendo com que você acredite que ela irá ter um papel bastante significativo, o que não acontece.
O Salvador na Fortaleza tem uma premissa interessante e bem executada, um mago bastante poderoso, que possui uma fortaleza construída em uma cratera, sequestrou uma princesa, e um herói se oferece para salvá-la, a sua lábia e agilidade são o que mais impressiona ao longo da história, fazendo surgir uma vontade de ver mais de seus feitos em quem lê.
A Muralha ao Redor do Mundo é uma história que representa contrastes entre aqueles que querem saber mais do mundo e os que repreendem essa curiosidade, inicialmente se mostra como sendo inocente, pois acompanhamos uma criança que almeja atravessar uma grande muralha num mundo em que a ciência é tida como uma heresia, e apenas a magia é aceita, mas ao longo do texto observamos como isso pode ser aplicado no nosso cotidiano.
Por fim, O Povo do Círculo Negro, o último e melhor conto dessa coletânea em minha opinião, se trata de uma história de Conan, O Bárbaro, embora Conan seja um guerreiro, ele vive em um mundo recheado de magia desconhecida, foi este personagem que inaugurou o gênero Espada e Feitiçaria. Meu único contato anterior com Conan foi com o filme de Schwarzenegger da década de 80, e me impressionei como essa história lida foi muito mais profunda que o filme, pois a cada cena eu me sentia como se estivesse vivendo tal história, Robert E. Howard faz o leitor sentir até o movimento do vento ao descrevê-lo batendo em uma cortina, é uma leitura fenomenal e indispensável para quem se encanta com mundos fantásticos.