spoiler visualizarAna 12/10/2016
Resenha sobre o livro Os 351 livros de Irma Arcuri, de David Bajo, por Ana Carolina Santana
Como está descrito na orelha do livro, Philip sai em busca de sua amante/amiga Irma depois que ela desaparece misteriosamente. Nisso ele começa a ler os livros que ela o deixou, basicamente sua coleção inteira, buscando pistas de seu paradeiro, causando uma reviravolta em seu mundo e na mudança de seu modo de viver, se relacionar com as pessoas e até em seu relacionamento intrapessoal.
Philip viaja para lugares em que ele e Irma foram e tenta criar um possível caminho que ela poderia ter seguido, acaba conhecendo parentes, colegas e até mesmo amigos de Irma e descobre que ela sabe mais sobre ele do que ele mesmo.
Esse é um daqueles livros que você termina de ler e sempre fica aquele sentimento de "falta alguma coisa". Não sei se por não o ter lido de uma vez deixei alguma parte importante passar e agora estou inconsolada... Mas tudo bem releituras servem para isso.
Em alguns momentos enquanto lia pensava no quão distante estamos das pessoas que convivemos e que é possível perder alguém que gostamos em vida. Algo como a vida e a morte que presenciamos todos os dias, os fechamentos e aberturas de ciclos a todo instante, já que morremos e renascemos a cada momento, estamos em constante mudança, assim como tudo que nos cerca e, percebamos isso ou não, essas transições acontecem.
Não achei que esse livro vira pornô do nada, como vi algumas pessoas dizerem, as partes que contêm cenas eróticas e/ou sexuais são essenciais, acredito eu, dentro do contexto da história, pois fazem parte da construção das lembranças das personagens e falando sério, não é nada demais ler sobre isso, sexo é um tabu mas somente se as pessoas quiserem que seja. SEXO é normal, as pessoas fazem sexo e ler sobre também deveria ser normal, mas infelizmente não é o que acontece.
A leitura se torna difícil em alguns momentos, mas, como leitores, temos que nos esforçar para tentar entender o que isso significa. Não é que o autor não saiba escrever, pois ele sabe, está mais para a inserção de seu estilo de escrita e uma vontade de que o leitor procure alguma coisa nas entrelinhas.
O autor faz algumas referências ao Brasil, como à Tropicália, lugares e cantores, o que achei um máximo, pois temos uma cultura riquíssima e com certeza quem leu o livro e não conhece nada sobre o nosso país ficou com uma pulguinha atrás da orelha.
Recomendo a leitura do livro, pois nada melhor do que fazer novas leituras e reflexões. Só peço que não desistam a partir da opinião de outras pessoas, já que somos sujeitos diferentes, com vivências e valores diferenciados, e por isso teremos diferentes opiniões a cerca do mesmo livro. Esse conselho vale não só para essa leitura, mas para todas as suas futuras leituras.