Resenhas - Do Outro Lado

Pam 25/03/2021

Surpreendente, a história se reinventa o tempo todo.
Comecei esse livro esperando uma coisa, mas ele entrega VÁRIAS outras. É totalmente inesperado, definitivamente um suspense "fora da caixinha", foge muito do lugar comum.
Eu achei o começo meio arrastado e acho que dava pra tirar ou diminuir alguns capítulos, mas quando a história engata, ela fica ótima. A trama se reinventa o tempo todo, tomando rumos diferentes que eu jamais esperaria no começo.
Os personagens são muito bem construídos, são todos bem diferentes entre si e você sente a profundidade de todos.
Eu, pessoalmente, não gostei do final. Mas acredito que fique ao critério do leitor e muita gente deve gostar. O final e o começo arrastado que me fizeram tirar 1.5 estrelas e dar nota final de 3.5, mas, ainda assim, é um livro que recomendo, principalmente pra quem está cansado dos suspenses padrão de descobrir quem foi o assassino ou autor de um crime.

Nifrido 27/09/2021

Faltou muita coisa
O livro realmente é bem legal pra quem gosta de terror. Muito grotesco e cenas de embrulhar o estômago. Ao meu ver, a autora perdeu um pouco a mão da história bem no finalzinho da obra, deixando um desgosto no leitor. Apenas duas das quatro protagonistas tiveram ?desfechos? propriamente ditos, então me deixou um pouco decepcionado o esquecimento de duas personagens tão importantes.
Algumas coisas também pareceram mal resolvidas, tirando a imersão da história.
Porém, é um terror muito gráfico e de extrema qualidade, a escrita da autora é bonita e elegante. Foi do meu agrado.
Vai com certeza pra lista de livros mais perturbadores que já li.
Também vi uma pauta gigantesca acerca de feminismo em metáforas durante a leitura, tudo muito natural e bem trabalhado. Mais um ponto positivo para o livro.
Fica a recomendação!

Cláudia 23/10/2009

Achei o livro excelente, cada capitulo é narrado por um dos personagens mais importantes (digamos assim), portanto cada um tem um estilo diferente - e os personagens são super bem construídos e desenvolvidos, é fácil se identificar ou ver semelhanças entre eles e as pessoas que conhecemos. A trama estilo policial/suspense é muito bem escrita, não acontecem momentos desnecessários ou lentos, o ritmo é ótimo.
A personalidade fria e sem frescuras da Masako é como uma brisa no verão, sei lá parece que me acostumei com personagens femininas mais sentimentais e a Masako acabou sendo um alivio, alguém original e ao mesmo tempo realista, mas não entenda errado, a história é cheia de sentimentos, acho que a autora criou personagens para todos os gostos, e a maneira como eles interagem e acabam criando todos os tipos de laços em suas vidas dá até uma certa inveja do talento da escritora.
Uma narração tensa e brutal, já aviso aos interessados que a narração tem momentos bem violentos e envolve assuntos possivelmente desagradáveis então recomendo apenas para quem gosta do gênero.

janeway 13/07/2021

“(...) mas havia um mundo muito mais cruel à sua espera do outro lado da porta que abrira.”
Minha melhor leitura do ano até agora e provavelmente uma das mais angustiantes que já realizei, Do Outro Lado parece ser a típica história de thrillers policiais que existem aos montes em todos os idiomas, porém não tem nada em comum com os outros do gênero além de duas coisas: que alguém matou e que alguém foi morto. E isso está longe de ser o grande ponto dessa trama.

Apesar de apresentar uma proposta simples inicialmente, assim que você lê os primeiros capítulos já é possível perceber que existe uma preocupação da autora em desenvolver as quatro protagonistas, onde cada uma tem o seu nível de complexidade que as tornam interessantes à sua maneira. Elas não possuem nada em comum, além de que trabalham em uma fábrica que embala quentinhas no período noturno e que, claro, são mulheres. E por mais estranho que pareça, existe uma relevância em ser mulher nessa história. Isso me pegou desprevenida, pois não esperava encontrar em um livro japonês de 1997 situações que são tão comuns ainda na sociedade, como o sexismo, machismo e preconceito de idade.

Além disso, a autora se propõe a criticar a sociedade japonesa em outros aspectos, ao abordar também em tons mais leves questões como desigualdade social e discriminação racial. O Japão desvelado pelos olhos de Natsuo Kirino é sombrio e grotesco, o que reflete nas ações dos seus personagens. Acredito que nenhum leitor estará esperando pelos rumos que o livro toma, pois ler este livro é se surpreender a cada parágrafo e a cada página passada, tanto pelas direções tomadas pelos personagens como pelas cenas macabras que são descritas - a maioria revirou o meu estômago, sério.

E tem a Masako, vulgo melhor personagem feminina da literatura para mim até então. Enquanto muitos escritores (e escritoras, não se deixe enganar) passam a vida tentando encontrar equilíbrio ao escrever uma personagem feminina forte, fria, calculista e afins, e sempre acabam caindo no estereótipo mary sue, Natsuo Kirino entregou toda a complexidade possível ao escrever Masako Katori sem cometer exageros. É uma personagem realista na medida do possível, que é realmente fria e dura em suas atitudes, mas não de um modo que soe superficial ou para impressionar; a forma como ela lida com algumas situações é de uma frieza tão bizarra que dá para sentir dentro de você e te assusta. Por vezes fiquei em choque com os rumos que o livro era capaz de tomar por conta principalmente das decisões de Masako.

Ainda assim, ela não deixa de ter sentimentos como qualquer outro ser humano e nem é imune ao horror, pois ela é capaz de sentir medo também. Ela tem também seu grau de sensibilidade, porém é possível perceber o quanto situações em sua vida a endureceram. Mas ela não foge em momento algum, ela sempre encara a realidade de frente. Durante minha leitura, eu registrei uma definição que considero perfeita para ela, que é uma frieza cheia de sentimentos. Para mim, acompanhar a sua jornada foi a coisa mais fantástica que essa leitura me proporcionou.

“A única coisa que agora a preocupava era que havia alguém bloqueando-lhe a saída, e queria saber como iria fazer para driblá-lo.”

O final, assim como todos os outros aspectos do livro, é surreal. Eu realmente não sei ainda hoje por em palavras o que todo o livro me causou e principalmente o que o encerramento me fez sentir. Muitos não irão gostar, ele é realmente fora da curva e me chocou assim que fui trilhando meu caminho por ele, mas valeu a pena, porque é nele que a real liberdade é atingida após ter passado para o outro lado…

Cissa 31/07/2010

Excelente
Nunca tinha lido uma história tão bem contada, com personagens psicologicamente bem construídos e interligados seja pela rotina, pelo desamor ou falta de objetivos numa vida sem esperanças.

Não há moral, amor, interesse ou laços de amizades entre as personagens. Elas são unidas por um destino insólito, que poderia ser diferente se uma única atitude correta fosse tomada.

Me peguei torcendo para uma das personagens da história, não por ser heroína, pois heróis não existem lá, apenas por ser a mais inteligente e fria. Isso chegou a me incomodar pois nunca havia torcido para os "politicamente incorretos", digamos assim, mas eu torci muito por Masako.

A história é densa, forte, crua e desnuda, mas ao mesmo tempo me pegou pelos meus lados mais ignorados por mim que são os da mesquinhez e o da frieza. Isso me incomodou muito e ainda está incomodando, por mais incrível que pareça.

Quem quiser ler tem que estar preparado para cenas fortes, descritas com certa crueldade e sadismo, porém impossível de largar até o desfecho que é surpreendente.

Recomendável para quem tem estômago forte, controle emocional e conhecimento de seu lado moral bem resolvido, pois a história mexe com a gente.

É ótima!!!

Telma 09/06/2012

MARAVILHOSO! - 5 estrelas dadas com prazer.
Minhas impressões:

Muito mais do que um thriller policial, Do Outro Lado é uma viagem ao interior da mente humana. É uma descrição crua dos sentimentos, emoções, medos e questionamentos que fazemos no dia-a-dia.

Apesar de denso, o livro é narrado de maneira gostosa e simples (que é onde percebo estar sua poesia). A sucessão de acontecimentos está muito bem alinhavada, resultando numa estória extremamente bem contada.

Em alguns momentos podemos prever o que acontecerá em seguida, mas somos, na maior parte do tempo de leitura, surpreendidos.

Peguei-me admirada com a inteligência, perspicácia e imaginação ilimitada da autora. Sem dúvida, Natsuo Kirino ganhou uma fã.

Você sabe o que é torcer para que alguém saia impune de um crime, mesmo esse alguém sendo culpado? Sabe o que é mudar de ideia sobre um personagem constantemente? É isso! O livro incita a contradição de pensamentos e à revisão de conceitos moralistas que já trazemos conosco. Creio que isso aconteça porque a autora nos mostra o ponto de vista de cada um dos personagens sobre o mesmo fato e claro, eles variam dependendo da motivação. O que lhe levou ao ódio, pode levá-lo à compaixão, após a leitura da "mente" do personagem.

O único aspecto negativo é o que talvez eu possa atribuir à tradução: algumas frases ou comportamentos chegam a ser muito simplistas diante da complexidade das ações que lhes seguem, no texto/estória. Outros pequenos clichês também contam aqui como aspectos negativos, entretanto, posso afirmar com veemência que, O LIVRO VALE MUITO À PENA!

SUPER RECOMENDO!

Deixo você com a sinopse do próprio livro:

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Sinopse:
De meia-noite às cinco e meia, sem intervalo, Yayoi, Masako, Yoshie, Kuniko e seus colegas permanecem ao lado da esteira transportadora, embalando quentinhas. Apesar de oferecer bom salário para meio-expediente, o serviço na fábrica de refeições de comida pronta é desgastante. Entre o trabalho mecânico da madrugada e os afazeres domésticos da manhã seguinte, as quatro operárias japonesas viveriam o repetitivo e extenuante cotidiano da mulher contemporânea até que um trágico assassinato mudasse suas vidas para sempre.
Casado com a bela Yayoi e pai de seus dois filhos pequenos, Kenji Yamamoto chegara ao limite da irresponsabilidade ao arriscar todas as economias da família no bacará. Viciado no jogo e obcecado por uma misteriosa e sensual prostituta da boate Playground, perdera o respeito em casa quando agrediu covardemente a mulher. No dia seguinte, reagindo às humilhações impostas pelo marido, Yayoi o enforca, em uma briga, com o cinto de sua calça.
O gesto inconseqüente da jovem senhora Yamamoto é o início de uma trama sem mocinhos e bandidos. Desesperada com a possibilidade de parar atrás das grades, Yayoi apela para a solidariedade de sua colega de fábrica Masako, que, por estranhos motivos, decide ajudá-la a se livrar do corpo do marido. Com a ajuda de Yoshie e Kuniko, Masako desmembra o cadáver de Kenji e o espalha em sacos plásticos pelos lixos de Tóquio. O assassinato talvez ficasse para sempre sem solução se corvos não indicassem à polícia as primeiras pistas do crime.
Ao identificar em poucos dias o corpo de Kenji Yamamoto, os investigadores logo passam a se debruçar sobre as possíveis causas do homicídio. Os problemas que o marido de Yayoi acumulara na boate Playground e no cassino anexo lançam suspeitas sobre o cafetão Satake, um homem capaz de tudo para proteger suas mercadorias. Cúmplices no assassinato e na ocultação de cadáver, Yayoi, Masako, Yoshie e Kuniko sabem, porém, que seu segredo está a perigo. Suas vidas de tédio e indiferença nunca mais serão as mesmas.

Súh 12/07/2022

Eu amei esse livro
Eu ri muito, e me deu muito desespero tbm, uma história completamente inusitada, diferente de tudo que tinha lido. Leiam, sem medo.

Marina 27/05/2011

Esqueça o glamour, a modernidade e a riqueza da terra do sol nascente. Em "Do Outro Lado", Natsuo Kirino nos mostra uma faceta mais fria, crua e miserável do Japão. Aqui temos 4 mulheres que trabalham duro em uma fábrica de alimentos fazendo um serviço mecânico e repetitivo e ganhando muito pouco.


Ao contrário da maioria dos suspenses policiais que nos apresenta um assassinato no início do livro, e o enredo gira em torno do mistério de descobrir quem é o assassino, aqui já sabemos logo de cara quem cometeu o homícido: Yayoi, uma das funcionárias da fábrica, mata o marido, e suas colegas de trabalho resolvem ajudar a desovar o corpo. A trama, então, começa a girar em torno das consequências deste assassinato, e como a vida de cada um dos envolvidos será afetada, sendo que cada capítulo dá o foco a um dos personagens.

O livro é bem longo, por isso o detalhamento é muito rico, e os personagens são muito bem desenvolvidos. Por vezes, a linha que separa o instigante do cansativo é muito tênue, mas é aí que entra o brilhantismo da narrativa de Kirino. Mesmo em situações longas, há sempre um sentimento meio angustiante, ainda que sutil, e que vai minando pouco a pouco a resistência do leitor, até que ele se renda completamente à curiosidade (mórbida).

Outro tema abordado neste livro com maestria, a ponto de parecer um personagem por si só é a solidão. Todos os personagens da trama são prisioneiros de sua própria solitária: Masako é casada e com um filho, mas parece uma estranha na própria casa; Yayoi, casada com um marido que a despreza, a trai e é viciado em apostas; Yoshie, condenada a cuidar de sua sogra moribunda, e mesmo tendo duas filhas, não pode contar com elas pra nada; Kuniko, uma mulher invejosa e insegura, que não consegue fazer amigos e nem segurar um namorado; e finalmente Satake, que não consegue se envolver com ninguém devido a um acontecimento misterioso de seu passado. A solidão, de certa forma, é o ponto que converge todos eles ao assassinato.

O livro possui cenas bem violentas e pesadas. Mas ele não choca pelo seu teor sangrento, e sim, pelo aspecto realista que a autora dá à violência, passeando pelos cantos mais obscuros da mente humana, e mostrando como qualquer pessoa normal pode ter, latentes, os sentimentos mais perturbadores.

sagonTHX 27/02/2012

IMPRESSIONANTE
Vou ser bem sincero. Comprei o livro por causa da capa. Vamos convir, não? A capa impressiona. Aquele olho na ponta da faca... aquilo hipnotiza a gente. Só pela capa qu pagaria pelo livro qualquer preço. Mas, como aproveitei uma proção na internet, embarquei. Uni o útil ao agradável, mesmo sem saber se a história seria boa.

Quando comecei a ler o livro, em julho do ano passado, esperava mais um drama (mais pra um dramalhão do que qualquer outra coisa), porém o drama vivido pelas protagonistas Yayoi, Masako, Yoshie, Kuniko me cativaou logo de começo. E o que parecia ser um dramalhão virou um drama, um crime, uma loucura, um suspense ardiloso, uma trama macabra e uma esperança sofrida.

Sofrimento, mágoa, amor, ódio, perdão, medo, felicidade, esperança, incertezas, traição, amizade, humildade... Ufa! Um amálgama de tudo isto e um pouco mais.

Do outro lado é um thriller policial de primeiríssima qualidade. Possui uma história dramática, com uma carga emocional muito grande. No entanto, é uma grande lição de vida, moderna, verdadeira... universal!

É impossível não se envolver, não se encantar ou torcer por Yayoi, Masako, Yoshie e Kuniko, com seu modo de vida banal, envolvidas num crime mais banal ainda, fazendo disso uma forma de superar as suas dificuldades pessoais, inclusive a financeira. Em si, a história poderia ser banal, pelo fato de ser real, corriqueira, de já fazer parte do nosso cotidiano. Por outro lado, há todo um simbolismo (muito próprio da filosofia oriental) por detrás disso tudo.

Do outro lado deve ser lido ao pé da letra, mas, também, deve ser visto subjetivamente. Pois luz e trevas se mesclam, revelando os dois lados de um mesmo medalhão, de uma mesma personalidade. Fogo e gelo. Céu e inferno. O Anjo e o demônio, e um spo pessoa. E aí levantamos muitas questões, entre elas, talvez a principal: até que ponto podemos ter certeza absoluta de que estamos de fato do lado certo da linha que nos separa do brutal?

O julgamento é seu.

Altamente recomendado aos leitores em busca de algo novo e original. Fãs de romance policial. Leitores de estômago forte.

Nota 10. Um dos melhores romances policiais que li nos últimos 10 anos.

Mari Pereira 19/02/2023

Minha avaliação pode soar um pouco controversa...

Sim, o enredo é muito bem pensado. As reviravoltas são ótimas. Personagens bem construídos (talvez personagens demais). Ambiente sombrio. Crítica social bem colocada.

Mas como esse livro se prolonga!!!
Comecei animada, mas aos poucos fui perdendo a empolgação e ficando entediada. Tudo foi se tornando muito extenso e enfadonho, até o ponto em que eu comecei a pular vários parágrafos para só ler os acontecimentos principais e finalizar logo a história (sou curiosa, queria saber o final mesmo assim).

Enfim, uma boa história, livro chatíssimo.

Leiam e tirem suas próprias conclusões, hahahahah.

Valéria Cristina 24/10/2022

Livro denso e repleto de gatilhos
Primeira coisa que você precisa de saber é que o livro tem gatilhos, muitos gatilhos. O enredo engloba homicídios, estrupo, sequestro, cárcere privado, entre outros temas bastante complexos e densos. Em alguns momentos, a narrativa é brutal.

Dito isso, é um romance psicológico excelente. A história, contada de forma ágil, se desenvolve nos bairros de Tóquio e mostra um Japão que não é aquele que estamos acostumados a ver na mídia. Exibe de forma direta a desigualdade social, a posição das mulheres em uma sociedade extremamente conservadora, a solidão dos imigrantes (quem, em geral, desenvolvem trabalho braçal), o preconceito.

A linha condutora do romance é a questão acerca do que somos capazes de fazer por dinheiro e até onde a necessidade por ele é capaz de impulsionar as pessoas a cometerem atos que, provavelmente, não seriam capazes em outras condições. Ainda, discorre acerca da sombra que habita cada um nós e sobre o que é capaz de despertá-la.

Protagonistas e antagonistas não são facilmente identificáveis e distinguidos em uma narrativa que é sustentada por quatro mulheres, muito diferentes entre si, tendo em comum o fato de serem mulheres em uma sociedade conservadora e a solidão que as envolve. Todas levavam uma vida bastante comum, trabalhando no turno da noite em uma fábrica de embalagem de alimentos, até que um crime acontece e esse fato faz com que tenham suas vidas modificadas.

No decorrer no enredo, portas são abertas e adentrá-las torna impossível que sejam fechadas. Cada passo dado torna o retorno impraticável. E o outro lado não é luminoso.

Narrado em terceira pessoa, cada capítulo descreve a ação de um personagem determinado e, com isso, conhecemos suas particularidades, seus segredos e os motivos que os levaram a agir da forma como agiram.

Natsuo Kirino nasceu em 1951 em Kanazawa e vive em Tóquio desde os 14 anos. Formada em direito, trabalhou em diversas áreas antes de se tornar escritora. É autora de 13 romances e três livros de contos. Com Do Outro Lado venceu o Grande Prêmio Japonês de Melhor Romance Policial e ficou entre as finalistas do Edgar Allan Poe de 2004, na categoria Melhor Romance, tornando-se a primeira escritora japonesa indicada a este grande prêmio literário.

Vidal 11/04/2022

Precisei de um tempo para digerir a leitura pois eu não tinha certeza do que eu tinha achado. Mas é isso, é um livro que confunde, um livro que cansa e um livro que nos faz pensar, talvez a leitura valha a pena sim, porém recomendo que seja feita quando o leitor estiver procurando um livro que beira a densidade. Por outro lado, não recomendo a leitura simplesmente por conta dos três ou quatro últimos capítulos, apesar de ser um livro de horror, vale a pena apelar para um fetichismo tão infeliz? Vale a pena ler mais de 500 páginas para no final o livro se resumir a união desse lado "sombrio" de dois personagens por meio de cenas extremamente apelativas?

Beatriz 16/12/2022

Que belo soco no estômago foi esse.
Não tem como descrever, não existem palavras para explicar o que foi ler esse livro, então confie e se não aguentar abandone.
É uma experiência pesada, gráfica e densa.
Imaginei um final "melhor" para as protagonistas então fico com aquele silêncio incômodo de que algo não deveria ter acontecido.
Mas definitivamente nem tudo é o que parece e os que ficarem sempre mudam.

Pefico 19/10/2010

Sanguinolento
Do Outro Lado
Sem spoiler

Do Outro Lado, de Natsuo Kirino, conta a estória de quatro mulheres japonesas de meia idade, trabalhadoras de uma fábrica de produção de alimentos, que se unem para resolver um problema inesperado. Este problema começa quando Yayoi, a doce mãe de dois meninos, tem um ataque de fúria em uma briga com o marido após descobrir que ele gastara todo dinheiro que haviam guardado em mulheres e jogo. Yayoi mata o marido a sangue frio e liga para Masako, a lider entre elas, pedindo ajuda.

Por algum motivo, que nem mesmo Masako compreende, ela aceita ajudar Yayoi e acaba envolvendo as outras duas colegas de trabalho, Yosha e Kuniko, no processo. Masako também orienta Yayoi em como agir para que ela não se torne suspeita e orquestra toda situação de forma organizada e lógica como se estivessem na linha de produção de alimentos da fábrica.

Mas como três mulheres frágeis farão pra se livrar do corpo de um homem maior e mais pesado que elas sem levantar suspeitas? Ao se confrontar com um problema dessa natureza a solução parece muito simples, mas brutal e sanguinolenta: cortá-lo em pedaços e espalhá-los pela cidade.

A solução pode parecer maligna, mas quem sabe nossas (anti)heroinas não conseguem fazer disso uma oportunidade pra trocar a linha produção da fábrica de alimentos por um negócio mais.... lucrativo?
Do Outro Lado não é apenas uma estória muito boa, mas uma narrativa bem construída e um daqueles plots que te mantêm constantemente lendo e lendo e lendo até que você percebe que são quatro horas da manhã. Os personagens são incrivelmente reais e nos fornecem um vislumbre do tipo de preconceito e dificuldades sofridas pelas mulheres na sociedade japonesa. A estória dá uma enrolada no meio e fica um pouco chata, por isso dei quatro estrelas, mas o final praticamente compensa tudo.

Recomendo "Do Outro Lado" pra todos aqueles que gostam de romances de terror e suspense e que não sentem aversão por um bocado de sangue.

Delírios e Livros 07/12/2015

Yayoi é uma mulher muito bonita, casada e com dois filhos pequenos, ela vem tendo sérios problemas conjugais com seu marido que anda bebendo muito, apostando todo dinheiro em bacará (jogo de apostas) e prostitutas, chegando a agredir Yayoi. Em uma das discussões do casal, ela acaba assassinando o marido e pede ajuda a amiga Masako para se livrar do corpo.

“Ele merecia morrer, então resolvi fingir que simplesmente foi para algum outro lugar ao invés de voltar para casa hoje.”

“Tão logo percebera o ódio, ele se espalhou como uma nuvem negra e tomou posse dela até não haver mais nada dentro.”

Masako é uma mulher de 43 anos que vive uma vida solitária, mesmo sendo casada e tendo um filho adolescente, o marido já não dorme com ela há anos e o filho não fala com os pais. O marido de Masako tem um bom emprego e eles têm uma vida boa, ninguém entende porque Masako se sacrifica tanto trabalhando a noite. Ao receber a ligação de Yayoi pedindo ajuda, resolve ajudá-la a se livrar do corpo, e tem a ideia de fatiá-lo e colocar em várias latas de lixo espalhadas pela cidade, mas precisa de alguém para ajudá-la e Yayoi não seria a pessoa mais adequada, então resolve pedir ajuda de Yoshie.

“Embora soubesse que a sensação era possivelmente o indício de uma mente doentia, em parte ela se sentia empolgada com o desafio.”

Yoshie é uma mulher na casa dos 60 anos, viúva e ainda tem que cuidar da sogra que é inválida, tem uma filha adolescente que adora enrolar a mãe para conseguir dinheiro, em uma dessas Yoshie pegou dinheiro emprestado com Masako para pagar uma excursão da filha e Masako acaba usando isso para persuadi-lá a se livrar do corpo do marido de Yayoi.

Quando Masako e Yoshie estão no ato de desmembrar o corpo do defunto, na casa de Masako, Kuniko aparece para pedir dinheiro emprestado a Masako e acaba descobrindo o que elas estão fazendo e entra no jogo para conseguir mais uma grana, é uma mulher de meia idade que vive de aparências, gasta muito mais do que ganha para sustentar seu carro importado e suas roupas de grife, vive de empréstimos e sendo pressionada por agiotas.

Esta é a premissa da história, mulheres cada uma com seus problemas, ambas solitárias e acabam colocando para fora toda a frustração que têm guardada. Muita coisa além disso acontece na trama, o livro é bem grande por sinal com suas 543 páginas.

A autora narra em terceira pessoa e é bem detalhista, porém não chega a ser cansativa, muito pelo contrário é uma narrativa bastante envolvente e faz com que o leitor visualize perfeitamente cada cena.

O livro possui cenas que é preciso ter estômago forte para ler, tipo a do desmembramento do corpo do marido de Yayoi, que é narrada nos mínimos detalhes.

A trama é perturbadora em muitos momentos, com personagens doentios e me deixou vidrada a cada virada de página, impossível não torcer para as quatro saírem ilesas da situação, acabamos nos apegando a elas, menos a Kuniko, essa é detestável, mas mesmo assim não a desejava mal. Masako é a melhor, surpreende em muitos momentos suas atitudes.

Enfim, mais um livro japonês que me ganhou, com sua trama altamente perturbadora, já virei fã da autora. Se você gosta deste tipo de livro não pode deixar ler Do outro lado.

Resenha de Danielle Peçanha

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