Lu 07/05/2021
Um livro de detetive de época
Eu descobri Harlan Coben através de uma amiga, que é uma super fã de seu trabalho e me falou maravilhas de seus livros. Apesar do seu entusiasmo, eu confesso que me sentia um pouco intimada com as pilhas com 495359353939 livros e sempre meio que deixava "para depois". Depois de assistir às duas adaptações da Netflix, resolvi tomar coragem e conhecer o famoso Myron Bolitar, de quem a minha amiga falava com tanta animação.
De fato, Myron é o melhor personagem do livro inteiro. É, de longe, o melhor desenvolvido e o que parece possuir mais camadas, e seu jeito sarcástico e suas brincadeiras, especialmente na hora errada, fizeram com que eu o adorasse praticamente desde a página 1.
A narrativa de Coben também é muito boa. Ela é rápida e precisa,, bem apoiada pelos excelentes diálogos e a condução do mistério. em torno do desaparecimento. As páginas passam com rapidez, mas, o mais interessante foi verificar que o livro foi publicado há exatos 25 anos e ver o quanto mudou nesse tempo.... e quantas coisas permanecem as mesmas.
E aí é que se encontra, em minha opinião, a falha na condução do caso: quando a investigação esbarra na parte forense. Eu senti quase que um desleixo do autor nas descrições das cenas de crime e até mesmo como aquilo era investigado. Claro, em 1996, não havia tanto acesso à informação. Séries como CSI surgiram no início dos anos 2000. Por outro lado, já havia séries literárias como a Kay Scarpetta (1991) e o livro "O Colecionador de Ossos" é de 1997, apenas, e já havia um rigor técnico que não foi mostrado ali. Eu me vi indagando "Oxe, mas não tinha luminol"?.
Eu sei que estou implicando com um detalhe pequeno, considerando que é um livro perfeitamente divertido. Mas foi algo que me chamou a atenção, como leitora. Pode ser que o autor tenha usado uma licença poética para favorecer uma investigação conduzia por um amador, o que é compreensível. Esse incômodo mostra apenas que em 25 anos, a gente muda como leitor, a Literatura Policial evoluiu que alguns detalhes que, há vinte anos não chamariam qualquer atenção, hoje são notados.
Isso não tira os méritos do livro, que são muitos. Acho que ele distrai e diverte bastante. Dei boas risadas o que, em tempos de pandemia, certamente é um bônus. Mas achei excelente? Não. Vou comprar o próximo? Acredito que sim. Recomendo? Certamente!
Nota final: 4 estrelinhas.