Faz bastante tempo que tomei gosto por livros infantojuvenis e quando surge algo interessante por aqui não penso duas vezes. É tão difícil lançar esse gênero por aqui, ainda mais séries. Além disso, o que me fez desejar "Floresta dos Corvos" é a mistura que a sinopse propõe. Corvos e povos das árvores. Adoro corvos e tudo relacionado à sua mitologia e só de imaginar uma sociedade que vive na copa das árvores fiquei fascinada. Andrew Taylor uniu com destreza alguns variantes da mitologia celta a um mundo novo e rico.
Ark é um menino pobre que vive em Arborium. Em um futuro muito distante o nosso mundo estava se desfazendo, a sociedade morrendo aos poucos sem a natureza e com o planeta morrendo sem seus benefícios uma única cientista acreditava que a resposta estava nas árvores. Então a partir de muita pesquisa surgiu às árvores que viriam a ser Arborium muitos séculos depois. Incomensuráveis árvores que formam uma floresta infindável. O povo de Arborium nada sabe do que aconteceu ao restante do mundo e nem se preocupam. Com suas grandes vias sob as copas das árvores o povo vai vivendo no reino de Quercus. E é nesse cenário que Ark trabalha como encanador. Lá apenas as crianças ricas e abastadas têm condições de seguir estudando depois de ficar mais velho. Enquanto desentupia o encanamento do velho Grasp, conselheiro do reinado de Quercus, Ark ouve através dos canos uma conversa que mudaria sua vida. O que Grasp está planejando com uma enviada do império de Maw é alta traição. Ark sabe disso e precisa escapar. Primeiro por sua vida e depois por seu mundo inteiro. O problema é que um velho conhecido dos tempos de colégio, Petrônio, é o filho subestimado de Grasp e vai fazer de tudo para agarrá-lo. Através de uma fuga cheia de imprevistos e descobertas Ark e seu amigo Mucum terminam nos lugares mais estranhos e fazendo descobertas extraordinárias. Além de finalmente descobrir porque foi abandonado com a irmã gêmea ao relento nos galhos das árvores.
A premissa é essa. Um garoto no lugar errado na hora errada dependendo de quem vê. O mais interessante é a proposta do autor de situar essa trama em uma árvore, uma floresta mais precisamente. Numa época onde o planeta foi devastado e por causa da ciência um pequeno refúgio de árvores gigantes protegido, que sobrevive graças à engenhosidade das próprias árvores. Um recurso natural que impede invasões. Andrew Peters foi extremamente feliz ao criar as bases para esse mundo, construiu com cuidado detalhes que deram riqueza a história. Por ex. da mesma forma que os humanos que vivem em Arborium se adaptaram e ganhou um físico, uma aparência diferente as pessoas que vivem no império de Maw também se transformara ao viver em um domo de vidro, só com tecnologia, sem nada natural. Isso também valeu para o Flô e todo o povo que, mesmo sendo de Arborium tem uma aparência própria, além de uma cultura diferente, já que vivem nas raízes das árvores, os explorados de metais. Andrew Peters usou a caracterização para deixar claro que não é apenas o povo numa árvore. É um país, com norte, sul, povos, sotaques, culturas diferentes. Tudo isso nas árvores. Árvores de tamanho incomensurável que ganharam uma explicação plausível e interessante.
Adorei todas as descrições que ele deu de Arborium, sempre fui fascinada por povos que vivem em árvores, tudo bem que não são elfos, mas toda a mistura de modo de vida mais rudimentar e as descrições de como tudo funciona só acrescentou mais a história. E não vá pensando que é muita descrição porque está tudo intrínseco a trama. O desenvolvimento da história desde a fuga de Ark até o encontro nos capítulos finais foi ótimo. A ideia de unir isso à mitologia de Diana e a deusa do Corvo, que aqui aparece um pouco mais branda sob o nome Corvena foi muito boa. O ritmo que o autor imprimiu ao desenvolvimento conjunto trama, história de Ark e a ambientação variou em alguns momentos e teve algumas voltas que pareceram desnecessárias, mas acabaram sendo justificadas logo a seguir, portanto nada muito grave a reclamar do conjunto da obra.
Os personagens são adoráveis, Ark é inteligente, leal e corajoso até demais quando se trata de proteger aqueles que ele ama. Personalidade ali não foi problema e mesmo tendo que lidar com uma mudança radical em sua vida o garoto conseguiu enfrentar tudo sem sair correndo, coisa que achei louvável e não irreal como alguns vão dizer. Garotos daquela idade gostam de “aventuras” e de se enfiar onde não são chamados. Duvido que na vida real exista algum garoto que recuaria se estivesse no lugar de Ark. A amizade não tradicional dele com Mucum deu um tom a mais ao livro, e rendeu ótimos momentos. Assim como o corvo Hedd e seus companheiros. Muita pergunta sobre ele e sua ligação com Ark ficam para o próximo volume. Aquele final concluiu bem a trama do livro, mas também deixou no ar perguntas. O que Hedd foi fazer na terra dos mortos? Qual o verdadeiro papel de Ark na floresta?
Leitura rápida, instigante e em um mundo que fascina. O autor construiu um mundo inovador que vai conquistar leitores de todas as idades. A edição da (...)
Termine o último parágrago em: http://www.cultivandoaleitura.com/2012/10/resenha-floresta-dos-corvos.html