Mornas eram as noites

Mornas eram as noites Dina Salústio




Resenhas - Mornas eram as noites


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Izaiane.Oliveira 14/04/2024

VALE A PENA LER!!!
O livro apareceu para mim na cadeira de Literatura Africana do curso de letras português na faculdade e foi uma experiência bem interessante conhecer uma pouco da obra e da autora. Bom, a Dina é uma autora cabo-verdiana e nessa obra especificamente ela trás relatos do cotidiano de Cabo Verde. Na maioria dos contos ela fala da dificuldade de ser mulher, dos abusos que uma mulher sofre, das violências sofridas diariamente, seja físicas ou psicológicas, além de denunciar abusos infantis. Tem um trecho que ela expressa isso quando diz: "Para quê celebrar o primeiro de junho?" (para quem não sabe, em Cabo Verde, o dia da criança é comemorado em 1° de junho). Então ela trás essa reflexão. É importante destacar que os relatos trazidos pela Dina não são distantes da nossa realidade, enquanto Brasil. E além disso, apesar da obra já ter ai mais de uma década, os relatos são mais que atuais, tendo em vista as estatísticas que só aumentam.
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Anna Beatriz 24/08/2023

Entrou para a lista dos meus favoritos!
Preciso ainda de alguns dias para digerir essa leitura. Acho que nada que eu diga pode realmente fazer jus a essa obra. Nesse livro, Dina escreve crônicas tão pequenas que a maior delas não deve passar de três páginas; no entanto, assim como num poema, esses pequenos textos carregam tanto dentro de si que a cada duas páginas você precisa parar, erguer a cabeça, encarar a parede por alguns segundos e pensar na vida. É um livro sobre os desencantos e desencontros, mas também sobre encantos e encontros. Acima de tudo, é um livro para ter na cabeceira e ler várias vezes ao longo da vida.
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Rafael 29/07/2021

O não-lugar que nos transporta a Cabo Verde
Eu me apaixonei por este livro em 2015 quando estava cursando uma matéria sobre literatura de Cabo Verde na faculdade de Letras. Hoje, em 2021, relendo-o por um motivo mais que especial, me peguei sorrindo em momentos tão triviais que fazem com que o livro seja especial.

Os contos, todos bastante curtos, falam de tanta coisa e ao mesmo tempo falam de uma coisa só: da existência humana. Ao lê-los, nos pegamos refletindo sobre os papéis de gênero na nossa sociedade - ou seja, sobre ser mulher e ser homem -, sobre a identidade nacional, a cabo-verdianidade, sobre a realidade dura, sobre a fome, a seca e a desumanização, sobre a esperança de um futuro, sobre o escape nos pensamentos e nas ilusões. E não é tudo isso muito particular e também muito universal, muito humano?

O título do livro também é um exemplo da mistura do local com o universal. Mornas, para além de se referirem à temperatura amena em qualquer lugar, são um gênero musical típico de Cabo Verde. São músicas lentas, de lamento, por vezes comparadas aos fados portugueses. A grande cantadora de mornas é Cesária Évora, estrela nacional. (Procurem-na no Spotify para terem uma noção do ritmo.)

Por tudo isso e por conseguir gerir com maestria o que Cortázar falava sobre o conto (que ele deve ser curto e causar um impacto no leitor, justamente por ser curto), "Mornas eram as noites" é um livro memorável, de uma escrita precisa e perspicaz, e um grande exemplo da grandeza da literatura cabo-verdiana. Ótima oportunidade, portanto, para que professores brasileiros trabalhem com textos africanos.

Ah, eu não poderia deixar de falar que, em alguns momentos, me lembrei de Clarice Lispector. Dina e Clarice são diferentes, muito diferentes. Não se trata de uma cópia ou qualquer coisa do gênero. Mas alguns devaneios, alguns instantes em que o pensamento - principalmente da narradora mulher - vagueia e nos leva para um outro lugar, um não-lugar, me trouxeram à mente a nossa escritora mais famosa.
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