Soares.Julio 28/06/2015
O pessimismo Kafkiano necessario
O pessimismo kafkiano é um pessimismo real, duro, que muito de nós nos negamos a ver. Ele está lá, em algum lugar ao nosso redor, que por vários motivos, não enxergamos: e é nesse compilado de três obras de Franz Kafka que enxergamos o mundo duro, bruto, de certa forma: real.
Na primeira parte temos uma das obras mais apreciadas do século XX: A Metamorfose. Um dia, o jovem Gregor Samsa acorda metamorfoseado em um inseto, e é nesse ponta pé inicial que somos apresentados a situações limites. Samsa era um caixeiro viajante que tomava conta economicamente de sua família: sua mãe dona de casa, seu pai doente e sua irmã mais nova com sonhos. Ao ver-se metamorfoseado, Samsa assiste sua família ruir diante de seus vários olhos sem poder fazer nada; até chegar ao ponto dele se tornar um empecilho para a família.
Somos expectadores de uma família em crise, em uma situação absurda onde medidas duras deverão ser tomadas para a sobrevivência da família.
Em Um Artista da Fome, a segunda obra, somos apresentados a mais uma situação kafkiana, onde em um circo, há uma atração que corresponde a uma pessoa engaiolada que pode ficar semanas em jejum. Essa atração é um dos pontos fortes do circo, já que leva varias pessoas com curiosidade de ver o “artista da fome”. Com essa situação absurda, Kafka nos mostra um mundo onde em paralelo com o nosso, há uma banalização com o sofrimento alheio, como se fosse simples objetos; onde diante de tanta mazela, há um anestesiamento geral por parte de outras pessoas.
E no Carta ao Pai, é um texto não-ficcional, onde Kafka apresenta de forma direta ao pai sobre como ele via sua relação, seus medos, suas perspectivas, sua visão. Nessa obra podemos mergulhar fundo na alma de Kafka e conhecê-lo bem melhor, até podendo analisarmos melhor suas obras.Com certeza é algo que deve ser lido e analisado.
Esse livro nos oferece uma visão de mundo cruel, injusta, onde nem sempre as decisões tomadas são agradáveis, elas são duras, mas faz-se necessária. O pessimismo de Kafka não é comum, banal, trivial, um simples modismo; é real, dura e lhe dá a opção de querer enxergar ou não.