Cassia 15/01/2013
A história melhora, mas...
Como não achei o primeiro volume desta trilogia lá grande coisa, comecei a ler o segundo sem muitas expectativas. Mas, no fim das contas, a história deu uma boa melhorada.
Agora, estamos devidamente apresentados aos personagens principais da obra, e eles partem em uma nova missão, que embora tenha ligação direta com os eventos catastróficos do primeiro volume, na verdade, tem outro foco.
Mantendo a tradição em livros de aventura que ocupam mais de um volume, esta parte da história é mais voltada para a magia e autoconhecimento dos personagens. Não há tantas lutas físicas, mas, quando elas acontecem, são até interessantes (exceto a de Farodin contra os trolls, que achei forçada, por mais que tentasse encarar a coisa com boa vontade). E, claro, há a indefectível separação do grupo em duas partes - neste caso, motivada por uma briga por diferenças de ponto de vista sobre a melhor maneira de completar a missão que se atribuíram – seguida pela reunião do grupo, mais adiante.
Um personagem que cresce muito nessa segunda parte é o humano Mandred. Aparentemente apenas um guerreiro selvagem, ele mostra ser um homem de muita fibra, caráter e lealdade – e, até mesmo, uma insuspeita sensibilidade, que se esforça muito para esconder. Em muitos momentos da trama, ele se torna o contraponto sensato e prático para as elucubrações élficas.
A caracterização dos elfos, porém, ainda me incomoda muito nesta obra, e deixa dividida.
Por um lado, acho legal os elfos não serem retratados como os seres mais ultra-super-poderosos do mundo, que é algo que sempre me deixou irritada (afinal, pra que deuses e outras entidades poderosas se os elfos estão lá?). O autor mostra que eles também são passíveis de erros, e de tomarem decisões de caráter profundamente mundano (como vingança, por exemplo), como qualquer uma das ditas “criaturas mágicas inferiores”. Mas, ao mesmo tempo, muitas vezes eles agem de forma tão surtada, tão despropositada, que bate de frente com algumas das principais características élficas típicas - e que este autor representa em vários momentos – como, por exemplo, a longa vida, que (em tese) traria maior sabedoria e compreensão da transitoriedade da maioria das coisas.
O grande vilão não aparece diretamente neste livro, mas, no final, indícios surgem de que apesar de tanto tempo ter transcorrido, ele ainda está na ativa, e tem planos terríveis para os humanos, elfos e demais filhos dos Albos.
Ainda continuo sentindo certa falta de consistência na obra, e, como disse sobre o primeiro volume, acho que é muito incenso para pouco santo. Mas a coisa, como um todo, melhorou e, assim, resta ir para o próximo volume e ver como a história se encerra.