Demes0 12/08/2022
Para refestelar o dia Mundia do livro (23/04), quero indicar e falar um pouco sobre esse peremptório guia tanto para leitor como para escritor: o livro sobre a escrita, de ninguém menos que Strephen King.
A obra é uma amálgama de autobiografia com ensinamentos elementares sobre como escrever de forma simples e direta. E olha: a história do rei (King) é de fato imbricada com seus escritos. Vou já dizer o porquê.
Nos capítulos iniciais, Stephen apresenta crônicas de sua vida. Histórias pelas quais ele passou e que foram precípuas para a construção de sua carreira. E percebemos que não houve uma epifania, ou que ele foi um gênio ou mestre da escrita. Ele foi, sim, um árduo escritor que mantinha suas atividades em paralelo com a de professor e com filhos e esposa.
Quando ele tem direito autorais de seus livros vendidos, ele engrena na profissão que outrora era apenas um passatempo. Contudo, com o tempo, ele se vê com perenes conflitos com os vícios (álcool e cocaína). Ele chegou ao ponto de precisar utilizar químicos para poder escrever. E chegou a escrever livro que nem lembrava que tinha escrito! Veja só a dimensão da complexidade que ele estava imerso.
Para exemplificar, ele fala que O livro Misery (louca obsessão), que conta a história de uma fã de um escritor que o resgata após um acidente, trata e o obriga a escrever o que ela quer, de maneira obsessiva. E no âmago, essa história, revela King, faz alusão à sua vida, em que ele se via dominado e tolhido pelas drogas e álcool. Claro, ele conseguiu superar tudo isso, como a jornada do escritor no citado livro.
Em outro momento do livro, King apresenta algumas sugestões de escrita. Ele faz alusão ao ato de escrever como uma caxa de ferramentas com a qual você utilizar os seus objetos de dentro dela. Os da bandeja mais de cima são os mais comuns: o vocabulário simples. E a medida que precisar, vai aprofundando em mais ferramentas: uso da voz ativa, substantivo próximo ao verbo, evitar advérbios, verbos "dicendi" (verbos usado em diálogo - disse, falou, citou, etc.), parágrafos curtos, primeiro parágrafo como síntese de apresentação entre outras ferramentas.
Outra parte do livro, ele cita os três principais itens de uma história: a narração, a descrição e os diálogos. E ele faz um incrível cotejo de história com fósseis: a gente encontra um fóssil. A gente encontra um fóssil, limpa-o, prepara-o e incrementa gradativamente. E um fato bem curioso é que ele não se preocupa com o fim da história. Durante a construção da narrativa, ele vai delineando como pode fazer o final. E o mais incrível: se quiser, pode mudar depois.
Isso tudo parece simples e prático demais para ser verdade. E é. Como ele mesmo diz e explica. Por isso recomendo esse livro. Veja mais a seguir!
Outra dica interessante é que primeiro você deve escrever em "portas fechadas" (primeira versão), o monstro do texto. Depois vem as revisões (a porta aberta e o refinamento). Em muitos casos, na hora da escrita, emperra-se, pois há o desejo de corrigir tudo ao tempo que escreve na primeira vez. O que ele aconselha que não é recomendável.
Há diversas outras sugestões no livro como o uso do "E se" para montar uma história ou os desdobramentos dela, a importância dos diálogos, como construí-los, uso de simbolismos e metáforas para enriquecer a narrativa, como fazer o refinamento (terceira versão - revisão gramatical, incongruências, etc.), o leitor ideal (crítico e distante emocionalmente), pesquisar e não menos importante: como e de onde tirar ideias!
Nesse cenário, eu indico muito esse livro não só para que aspira em ser escritor. Serve também para entender a mente dele, seus livros e como ele se transformou em um dos grandes escritores da atualidade de forma simples com uma vida comum como de qualquer um de nós!