@APassional 18/11/2012
Aqualtune e as histórias da África * Resenha por: Elis Culceag * Arquivo Passional
Aqualtune - que queria ser chamada de Alice pois detestava seu nome - viaja juntamente com os amigos Maria e Guilherme, para a fazenda dos pais de Maria, localizada na Serra da Barriga, em Alagoas. Acredita que o ponto máximo de aventura nessas férias será caçar vaga-lumes à noite com seus amigos. Eles não podem imaginar as experiências e descobertas que terão nos próximos dias.
Na fazenda centenária, antiga sede de um engenho de cana-de-açúcar, o trio de amigos conhece a vó Cambinda (cozinheira do casarão) e Kafil, seu neto. Eles são quilombolas, e vivem numa vila de gerações de descendentes de escravos, perto de lá. A partir daí, Aqualtune, Maria e Guilherme fazem contato com a cultura do povo bantu*.
" - Bamburucema é o nome daquele tipo de vento que a gente sentiu e viu no céu. Para nós que viemos da África, é a manifestação de uma deusa, que tem a força da natureza. Para umas tribos da África, essa deusa é chamada de Iansã, para nosso povo, os bantus, é a Bamburucema. Nunca acontece por acaso. Deusa das tempestades, raios e trovões. É força."
* Povo bantu: Unidos por crenças, costumes e línguas semelhantes, os bantus se formaram pela mistura de diferentes povos africanos. Os que vieram para o Brasil, trazidos pelos traficantes de escravos, são originários de uma região que hoje pertence aos seguintes países: Angola, Congo, República Democrática do Congo e Moçambique.
Numa noite, vó Cambinda conta para Alice/Aqualtune e seus amigos a lenda de uma princesa do Congo, linda, forte e guerreira, que foi capturada, virou escrava no Brasil, fugiu grávida e fundou o Quilombo dos Palmares, e de uma profecia que envolve um mapa, um tesouro e uma menina com o mesmo nome da princesa.
Aventura, mistério, lendas e fatos históricos se misturam, numa corrida contra o tempo, para que os amigos consigam cumprir sua missão antes da terceira Bamburucema.
Tem uma cena em que os amigos participam de uma festa tradicional na vila, a congada, vestindo roupas típicas, máscaras rituais e dançando no ritmo do batuque, que eu amei. Fiquei morrendo de vontade de comer a comida da fazenda servida pela vó Cambinda e de conhecer a Serra da Barriga.
A diagramação do livro é linda. O sumário e a divisão de capítulos me encantaram, com ilustrações que remetem à capa e elementos conectados com a história que está sendo contada. E no final há um apêndice com as informações históricas utilizadas na construção do enredo.
Uma leitura pulsante, que toca algo lá no fundinho da gente. As palavras que Ana Cristina Massa escreveu na dedicatória do livro ao autografá-lo para mim e minha filha, o definem perfeitamente:
"Uma história de coração aberto, de alma, de raiz!
Espero que gostem!"
Recomendo!
Beijos... Elis Culceag.
Resenha publicada no Blog Arquivo Passional em 18/11/2012:
http://www.arquivopassional.com/2012/11/resenha-aqualtune-e-as-historias-da.html