Trabach 22/06/2015
A história começa bem, muito bem...
Considerando que você já sabe a sinopse (que é demais!), lá se vão minhas considerações:
Holy Black começou do jeito certo, logo nas primeiras páginas, quer nos matar do coração com todos os fragmentos do enredo que são apenas “soltados”, mas não desenvolvidos o bastante para que sejam explicados. São fragmentos da trama principal, dos detalhes do mundo fantástico criado, das personalidades dos personagens secundários, de tudo. O que faz você não largar o livro até que a história se desenvolva mais.
Só que aí vem a falha, ela não volta para aprofundar as pontas que ela deixou meio soltas. Você lê, lê e lê mais um pouco e fica um tanto quanto confuso lá no meio, porque faltou o parâmetro geral do que aconteceu no passado dos mestres de maldição: como é a realidade que eles vivem hoje em decorrência aos acontecimentos do passado e o desenrolar das reviravoltas que vai ter mais pro futuro da narrativa. Nada é explorado realmente a fundo, embora você acaba deduzindo tudo no decorrer das páginas.
Mas coisa boa para explorar é o que não falta! A autora arrasou na criação de um mundo fantástico tão diferente do que, atualmente, estamos vendo por aí. Tem máfia, tem maldições, tem mistério, tem história pra caramba! Ela criou um universo totalmente novo que se passa na nossa atualidade, mas utilizando outras faces da magia.
Ou seja, o que mais despertou a curiosidade no começo do livro é o que eu achei que “quebra as pernas” da narrativa mais pra frente. Por esse mesmo motivo (falta de informações) você não se conecta muito com os personagens, como você não tem muitas descrições precisas, só fragmentos soltos, você acaba não torcendo o tanto que você gostaria por eles. Lá na ação/reviravolta final, eu fiquei meio “Mas peraí...porque eles querem fazer isso mesmo? Tanto do lado “vilão”, quanto do lado “não tão vilão assim”. Parecia que os personagens secundários estavam lá, porque tinham que estar lá, então foram jogados lá sem um motivo real. Fica difícil se engajar com tantos buracos na história, embora você queira muito. E os personagens tem material para isso, a história tem material pra isso, só precisava de mais.
Um dos pontos fortes do livro é o modo como a autora conduz a escrita e deixa o leitor totalmente a vontade ao ponto de não se importar mais com as atitudes imorais, erradas e/ou criminosas. Por ser uma narrativa em primeira pessoa, na qual, quem narra é um anti-herói com o caráter, (bem) meio duvidoso, há acontecimentos também duvidosos que são introduzidos de uma forma tão natural que você nem se importa com o caráter real daquilo. Ah, assassinato? Ok! Ah, extorsão e tortura? Ok! Isso é fantástico, porque prova que você realmente tá vivendo aquilo junto com ele e se inseriu totalmente nesse universo, onde golpes e trapaças fazem parte do dia a dia.
Então embora, falta “mais”, eu super recomendo a leitura. Ela é rápida, flui de uma maneira bacana e sim, deixa uma curiosidade enorme sobre o que está por vir. Então, estou ansiosa pelo próximo volume da trilogia.
CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO > 10!
PERSONAGENS > 7
CONDUÇÃO DA NARRATIVA > 6,5 (com muita dó no coração)