Jeniffer 27/09/2013Eu não sei que maré maravilhosa de sorte é essa que estou vivendo em relação aos livros que escolho para compor minhas leituras diárias e estante, mas eu sinceramente espero que ela nunca acabe. Honestamente, nunca fui do tipo de pessoa sortuda que sempre pega certeiramente os livros mais maravilhosos do mundo para ler. A verdade é que já quebrei bem bonito a cara umas trinta vezes por pegar um livro só por esse ter a capa bonitinha e um nome simétrico e melódico; já gastei mais de trezentos reais com escolhas mal feitas e julgadoras de livros, excluindo alguns pela capa sem nem ao menos ler a sinopse e escolhendo outros por terem lindos desenhos e letras numa fonte chique e chamativa. Foi só depois de um tempo que comecei a parar em frente as prateleiras das livrarias e ler atentamente às sinopses; e, a partir daí, comecei a me identificar lindamente com todas as leituras que escolhi (tendo uma ou outra decepção aconteceram, é claro – mas, enfim, ossos do ofício).
A escolha por Preces e Mentiras, no entanto, foi uma quebra total desse paradigma. Eu olhei para a capa do livro e me encantei de cara: a expressão tristonha, machucada e carente da criança, com aquele fundo esverdeado (sacanagem: eu amo verde) e aquele título no mais fino estilo Jane Austen. Abrindo o livro e olhando de relance, uma diagramação perfeita e, é claro, uma das coisas que pra mim realmente contam para a escolha de um livro: um cheiro estonteantemente delicioso exalando das páginas.
Com Preces e Mentiras, foi amor à primeira vista. Eu nem li a sinopse direito; simplesmente peguei o livro pra ler.
E, com toda a sinceridade do mundo: foi a melhor escolha “irresponsável” da minha vida de bibliófilo.
Este brilhante livro fala sobre a amizade, as descobertas e caminhos de duas garotas: a singela Bethany e a destemida Reana Mae. Narrando o passar dos anos das vidas destas duas garotas, as consequências de suas escolhas e as várias faces da inocência de ambas perante assombrosos pontos da vida, Sherri Wood Emmons nos desafia, com uma escrita poderosa, intensa e translúcida, a entender e conhecer as realidades que podem existir nas vidas familiares e a importância e força da amizade e do amor em cada dia de nossas vidas.
A escrita dessa obra é muito gostosa. Há nela bastante descrição (nada que chegue ao ponto do monótono), e preza pelo caráter simples – ou seja: tem um caráter simplório, mas é riquíssimo em sua simplicidade. Ainda falando sobre isso, eu li Preces e Mentiras sempre achando estar tendo uma conversa regada a goles de chá e biscoitos com uma honesta e graciosa contadora de histórias. É tão, tão cativante que parece um papo jogado pro alto – e isso é muito legal, pois faz a leitura fluir muito mais rápido e divertidamente.
Além disso, é um livro que desafia. Familiar, com personagens lindamente construídas e que recebem seus respectivos espaços para um desenrolar coerente e rico de um enredo brilhantemente bem costurado e inteligente – você desenvolve uma empatia e intimidade tão profundas com as personagens que às vezes se surpreende com as sensações que se vê sentindo perante seus atos e participações –, é, sendo totalmente sincero, um dos livros mais fortes que já li na vida. Não forte no sentido pernicioso da palavra, mas emocional e psicologicamente desafiador. Preces e Mentiras treina e desafia seu estado de serenidade. Ele mexe com todos os âmbitos emocionais do seu eu sentimental, e é por isso que tenho total segurança ao afirmar que é um livro completo. Juro, cara, juro que senti vontade de aplaudir ao acabar de lê-lo e abraçar fortemente a escritora e agradecê-la por ter escrito tão brilhante obra.
A qual, aliás, é a sua primeira.
Elucido: é o primeiro livro de Sherri Wood Emmons.
Preces e Mentiras é um livro que todo mundo deveria ler. É, mais do que muitos outros, um livro que merece virar um clássico pós-moderno e ser adorado por gerações e gerações, já que é um livro extremamente atemporal. Vale MUITO a pena lê-lo. Se você não gosta do gênero, por favor, dê um espacinho no seu tempo para devorá-lo. Eu aposto (só de brincadeirinha, porque dinheiro que é bom eu não tenho) que você não vai se arrepender.
P.S.: Quase ia me esquecendo!: aqueles que curtem estudar sobre Psicologia iam gostar de analisar o viés comportamental das personagens desse livro. Super indico.
Escrito por Breno Torres.
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