spoiler visualizarJúlia. 21/04/2023
O homem é o coiote do próprio homem
Nesse texto teatral genial a Hilda nos introduz perfeitamente a um contexto revolucionário, pela visão do carrasco (o verdugo) responsável por matar O Homem (o líder revolucionário).
A minha análise do texto foi fortemente baseada no cunho socialista-bíblico. O Homem pode ser Jesus Cristo (que é um revolucionário) ou apenas uma generalização dos homens que já encabeçaram revoluções durante a história da humanidade.
As relações descritas no texto são profundamente marcadas por relações de poder existentes no mundo capitalista. Os que possuem dinheiro estão acima (os juízes) e os que não o possuem estão abaixo (os cidadãos), e todos querem mais poder, ou seja, mais dinheiro para poderem levar uma vida digna (descrita no texto como "encher a barriga").
Acredito que a grande crítica da Hilda é sobre como movimentos revolucionários podem ser corrompidos pelos sistemas que eles lutam contra. Os mesmos cidadãos que defendiam as ideias do homem, foram os que se corromperam e mataram tanto o homem quanto o verdugo após terem a oportunidade de conseguir dinheiro.
Cidadãos famintos, mesmo que com tendências revolucionárias, são atraídos pelo sistema ao verem um possibilidade de estarem no topo dele. E não é possível culpar os cidadãos por isso, pelo contrário, a culpa continua sendo das autoridades. Autoridades essas desconhecidas, nebulosas.
O Homem tinha ideais parecidos com o de Jesus Cristo e a maneira com que ele provocava agitação e foi condenado a morte também me lembraram disso. No fim, assim como Jesus, ele não lutou contra a sua sentença.
O texto mostra também o início de um novo líder revolucionário, o filho do verdugo, que procura revolução com os homens-coiotes.
Os meus dois pontos favoritos da trama foram:
1. As garras (luta) que precisam ser usadas
2. No fim, todos estavam dispostos a matar, menos o verdugo
3. A relação entre os porcos e aqueles que fazem tudo por dinheiro.