spoiler visualizarLarissa2526 20/04/2024
As vantagens de ser invisível
Dizem que esse é um livro que você não pode passar a adolescência sem ler. Eu não tinha entendido o motivo desse alarde até pelo menos a metade da leitura, onde tudo se encaixou.
Por conta de toda essa conflituosa onda de sentimentos da puberdade que vem com amadurecer e desenvolver quem você é.
Confesso que eu não gostei do começo da história por conta de como a escrita se desenvolve - frases curtas sem conectivos, exatamente na ordem que o Charlie os pensa- me deixou bem irritada pela simplicidade. Mas ao longo da história ele vai aprimorando a sua escrita e passa a explicar exatamente o que está acontecendo com ele.
É uma obra profunda. Não precisa ser um gênio para descobrir que a apaticidade do personagem se deve a depressão e a dificuldade de lidar com qualquer tipo de situação, incluindo a ingenuidade dele em lidar com o mundo e as suas agilidades sociais deficientes. Não é de se admirar que ele não tenha muitos amigos, apesar de ser um doce e ter uma alma maravilhosamente gentil.
É admirável a qualidade do Charlie de persistir em querer ser um bom amigo, do quanto ele tem essas mesmas pessoas em alta consideração e preza pelo seu bem-estar. De como ele é observador de pequenos detalhes para deixar os outros felizes. Acho que essa é uma das vantagens de ser invisível.
Porém, só consigo pensar que essa é a única. Isso porque ele é invisível, na escola e depois com o seu grupo de amigos.
Ele não é a prioridade de ninguém, e está lidando como pode sobre isso.
É tão delicioso ler ele se 'encontrando', deixando de ser um mero espectador dos acontecimentos para ser ativo na própria vida. Ele passando a sentir emotivamente, não a sentir racionalmente os próprios sentimentos. Isso me deixa feliz.
É interessante o desfecho. Nós, como leitores, não descobrimos para quem ele manda as cartas, mas que ele as manda e esse receptor responde-as como pode, mesmo sem saber quem ele realmente é Charlie ou onde ele mora. Isso tudo passa uma sensação de que ele, Charlie, está falando com nós leitores do livro. Não é UAU mas é importante pela forma que termina passando a mensagem "VIVA, vale a pena."