Terras do Sem Fim

Terras do Sem Fim Jorge Amado




Resenhas - Terras do Sem Fim


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MarcosQz 26/05/2024

"Eu vou contar uma história, uma história de espantar."
Nas primeiras páginas do primeiro capítulo o narrador já nos diz o que vem pela frente em "palavras que foram pronunciadas em tom mais forte: terras, dinheiro, cacau e morte."
Ilhéus, a cidade de ouro da Bahia, onde quem era pobre poderia ficar rico amanhã e vice-versa. Onde o dinheiro corria solto, onde era fácil enricar. Mas é também Ilhéus a cidade em que a última palavra, e a única lei é a do gatilho. E é lá que se passa a história, é lá as terras do sem-fim.
O capitão João Magalhães está partindo para Ilhéus, levando um bom dinheiro e o anel de engenheiro que ganhou num jogo, além de cartões onde diz ser engenheiro militar, puro golpe. Antônio Vitor vai também, com a promessa de voltar feita para Ivone, mas dizem no navio que ninguém volta e a lua vermelha parece confirmar esse agouro. Mas as terras e o fruto de ouro são atrativos demais, é sinal de riqueza. O primeiro capítulo apresenta alguns personagens e suas histórias até ali, profundamente triste, com desejos bons e desejos de vingança. Tudo é cobiça.
Coronel Horácio é um homem perigoso, há lendas sobre ele circulando por todo lugar, um homem de verdade, um homem realmente ruim. Seu amor por Ester, sua mulher, é comparável ao amor que sente pelo cacau, ou até menor, quando compara o fruto ao corpo da esposa: "Com amor. Com infinito amor.". Ester era jovem e sonhadora, no casamento é infeliz. Um casamento que odiava, um lugar que não gostava, mas se acostumou com tudo, até em ser tomada pelo coronel todas as vezes, mas não se acostumava com a mata. Uma coisa horrível. Ester se vê feliz ao conhecer o dr. Virgílio, novo advogado na cidade e de seu marido, surge um desejo e um amor ardente entre os dois.
Os irmãos Badarós são os inimigos mortais do coronel Horácio em suas disputas por terras. Juca é mais novo, violento, gosta de resolver tudo na violência, na bala. Sinhô é o mais velho, está construindo a fortuna da família, mais racional, não gosta de mortes e sangue, mas quando é preciso não exita. Vê na Bíblia sinais do que precisa fazer. Até a jovem Don'Ana segue a visão da família, é preciso sangue para progredir.
Toda história gira em torno das disputas entre os homens pelas melhores terras. As duas famílias desejam a mata do Sequeiro Grande, majestosa, onde vive o velho Jeremias, preto velho ancestral, fugido ainda escravo e que se embrenhou na mata, conhecedor de feitiços, de plantas e de pragas. Todos temem o velho, mas o desejo pela terra é maior, até que Jeremias morre rogando praga aos invasores, clamando pelos deuses africanos.
Os trabalhadores vivem em condições precárias, devem fortunas aos patrões, vivem em casas coletivas que lembram as antigas senzalas. Como disse um velho numa noite: "As coisas não mudou, foi tudo palavra". A escravidão só mudou de perfil.

A mata é um deus, o mar está distante, a floresta virgem é a dona do mundo, onde é comprada e possuída com uma mulher virgem, desejada. Criaturas folclóricas se apresentam como as criaturas mágicas da mata que amedrontam os homens. A mata é um deus e é temida também, leva homens embora, mortos, enterrados e esquecidos pela mata que vai sendo desbravada para o plantio do cacau. A febre leva à todos, crianças, homens, mulheres. Jorge Amado transmite a dor da perda de forma intensa nas páginas finais de Terras do sem-fim. Uma morte de um grande amor para dois homens, que acaba os aproximando. Pela dor da perda e pela raiva, pelo menos por um tempo. Tudo parece ser fadado ao triste fim. O progresso é construído em cima de cacau e sangue.

A música está presente em Terras do sem-fim também, mas a música aqui é triste, já começa como sinal de desgraça, é sempre um lamento de morte, uma melodia triste. A única beleza é a do fruto do cacau.
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Karla.Kassiane 23/05/2024

Jorge Amado é incrível, é a primeira obra dele que eu leio, já tinha acompanhado adaptações para a televisão e cinema e achado incríveis, mas a quantidade de informações e personagens que ele te da é um universo impressionante.
O autor presa muito por contar a sua terra, que no caso é a Bahia, Ilhéus, e nessa história conta sobre dois grupos políticos adversários que se dividiam na posse de uma cidade no interior, a economia dessa cidade girava em torno do cacau e isso era motivo pra ter muito coronel, jagunço e prostituta na cidade.
A disputa de fato ocorre entre os irmãos coronéis Sinhô Badaró e Juca Badaró contra Horácio da Silveira, quando resolvem derrubar a mata do cerqueiro grande pra plantar cacau, cada coronel quer reivindicar seus direitos. É então que começa uma história de delitos bem assustadores, mas que aconteceram muitas vezes na história do Brasil recente.
O que é mais intrigante nesse livro não tem como torcer para um personagem do começo ao fim, às vezes ele vai ser bom às vezes vai ser mau, como é a vida real.
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Andurin, o calvo 18/05/2024

Muito bom
Comecei sem nunca ter lido e estranhei a sua linguagem no inicio. Mas depois que entendi e me acostumei o livro se tornou uma leitura muito boa, agradável e divertida. Seus personagens e sua historicidade são muito boas de se ler.
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rafadakatniss 08/05/2024

Esse sem dúvidas se tornou meu livro favorito. Não sei se por a história ser impecável, ou em consequência do meu amor pela Bahia, e sua história. Uma luta incansável pela melhor terra para o cultivo do cacau, que é a banhada por sangue. Sempre será memorável para qualquer pessoa que compartilhe de um espírito nacionalista com Policarpo Quaresma, ou para qualquer um apaixonado por história.
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Wislen.Silva 03/05/2024

Muito bom
Ótimo livro, onde acompanhamos o desenrolar de uma "guerra" entre dois poderosos fazendeiros lutando por terras.
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Yara 01/05/2024

Torci pelo lado que não venceu. Amo Jorge Amado, com certeza está no meu top 5 autores favoritos. Ele me envolve como o Gabo, sabe? Coisa fina e linda.
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Matheus Andrade 07/04/2024

Terras do sem fim.
Um romance de amor entre coronéis fazendeiros, com as plantações de cacau. Um romance de odeio entre os coronéis para buscar a melhor terra de cacau.

Um clássico brasileiro, nordestino e escrito pelo autor mais lido no exterior, Jorge Amado. Uma obra que chega a ser poética em certos capítulos e narrativas, realista, violenta e tudo em que se possa a referir a vida real.

Um romance rico, não só em narrativas onde o Jorge falara com riquezas de detalhes os cenários e cenas, mas, também os personagens, cada um com sua personalidade e diferenças de um dos outros, cada um do seu jeito de ser.

Incrível, lindo, emocionante, radiante, amável, tudo que o sentimento em forma de "amei" sera descrito para essa obra. Dá um orgulho imenso em saber que isso se fez por uma mente brasileira e principalmente, NORDESTINA. É nordeste no TOPO !!
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Rikee 04/04/2024

Sem fim, um sentimento cru de cacau visgoso
O visgo do cacau grudento, colado aos coracões daqueles que visam enricar destas terra, em que dinheiro è mato e o fruto dourado de cacau è ouro, gruda no coracão, na alma destes ambiciosos. seca e nunca mais sai.

em Tabocas, os valentes embolcam a riqueza que a terra produz. a terra irrigada em sangue, dita como terra melhor que hà para o plantio da qualidade de cacau, traz a saciedade e a recompensa, dada pelos coronèis, para o seu provedor.

tenho sentido muita pena de Èster, segunda esposa do Coronel Horàcil, impassìvel; jovem moca, fràgil e sensìvel e de uma brancura pàlida. fora raptada à estas terras maculadas pela servidão a manter grilho?s nas pernas dos homens, a febre a sepultà-los em redes e a chuva de "barulhos" a enterrà-los, a nunca mais abandonar estas terras.
a moca è afligida por costantes pesadelos e desesperos nas noites pela terra afora. de sua Casa-Grande, no interior do seu quarto, rastejam em seus temores cobras traicoeiras preparadas para o assassinato. toda a noite acaba uma rã coaxando de agonia nas presas de uma cobra. toda noite Èster coaxa desesperadamente arrependida, conformada com a realidade imutàvel, aterrorizada de que està presa taaambèm àquelas terras, afastada de seus sonhos; toda noite Horàcio, com seu amor e admiracão construìdo pela esposa, silencia a pàlida em suas presas.

O livro è òtimo, traz muitos conflitos humanos entre as personagens, discursa bastante acerca da "socio-cultura" sertneja violenta daqueles serto?s comandados pelos coronèis. a manipulacão e coercao dos chefes polìticos - coronèis - è lânguida, as benfeitorias desses poderosos são interssantes, pois revelam o progresso que tambèm havia de chegar com a cobica do domìnio das terras. a destruicão das matas, a religiosidade, as fofocas das beateas, as vidas rasteiras das prostitutas, o comeco e as mortes das paixões, a inocência de um jagunco ao questionar a alienacão a que estava submetido. a estrutura do livro è teatral, pode-se montar diversos planos de cena com as descricões de verbos no tempo presente, utilizadas principalmente para enfatizar a reacão e emocões das personagens. a repeticão tambèm è frequentemente utilizada para experimentar no leitor a paranoia, a ansiedade, a incredulidade frente ao que acontecera. o jorge amado è sensualìssimo por entre as linhas da sua història.

peco, entretanto, em deixar apenas estas poucas e pobres palavras de um livro tão rico, que gruda seus visgos - molengas e nutridos de sentimentalismo e "cureza" em medidas de equilìbrio - no fundo da alma.
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Anatalia 19/02/2024

O coronealismo sempre esteve presente na história do Brasil, onde os poderosos se apossavam das terras e expulsavam os verdadeiros donos das terras. Terras do sem fim descreve justamente isso, uma história comovente sobre poder, traição, sangue e cacau!
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Tonyelson 14/01/2024

Delicioso como a Bahia é
Uma história ambientada na Bahia da década de 40, mais precisamente na região de Ilhéus e cenário de disputa por uma região de mata, chamada Sequeiro Grande, por duas famílias: os Silveira e os Badaró. Jorge Amado desenvolve muito bem seus personagens e ilustra detalhadamente sua história, ao longo de 305 páginas, que nos faz imaginar como era viver na época retratada em seu romance. Não é bem uma leitura fluida, por conta dos saltos temporais que o autor executa, mas também não é algo negativo. No meu caso, a leitura foi prendendo e a cada acontecimento, a vontade de saber mais da trama faz você querer devorar o livro para saber o desfecho da história ambientada em tempos de coronelismo. Uma história muito bem contada, com riqueza de detalhes, tornando-a verossímil.
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Isa 31/10/2023

A história desse livro se passa no interior da Bahia, nas fazendas de Cacau governadas por coronéis sanguinários e ambiciosos que passam por cima de tudo e de todos pra comandar e tomar as fazendas de Cacau da região. Nesse contexto, somos apresentados a vários personagens de diversas classes sociais e origens que tentam se dar bem nessa terra banhada de sangue e violência. O livro é muito bom e vale a pena a leitura.
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florescerdaleitura 24/10/2023

"Eu só quero chocolate"
Terras do sem fim é um livro sobre como a ambição sobre o cacau leva os personagens a cometer crimes atrozes.
Fazer uma resenha desse livro é bem complicado. Se nem as beatas da cidade conseguiam falar de tudo o que acontecia entre a família dos Badáros e a de Horácio, não é em um pequeno texto que eu vou fazer isso.
São diversos personagens e acontecimentos que quando vc lê sobre um, alguém já foi morto. A narrativa não é linear e isso é bom porque transmite a sensação que a história foi escrita a partir de boatos e "casos" narrados pelos moradores mais velhos de Itabuna.
" Ninguém nasce ruim ou bom, o destino é que entorta a gente."
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Vitória 22/09/2023

Desde que inventei essa história de ler as obras do Jorge Amado por ordem de publicação que eu esqueci o querido no canto. A última vez que tinha pego um livro dele foi em 2021, quando li O Cavaleiro da Esperança. A sequência de biografias escritas por ele me desanimou um pouco, porque acho que elas estão longe de serem as melhores obra do Jorge. Esse também não chegou nem perto de se tornar um dos meus favoritos, mas vou explicar isso mais pra frente.
Depois de iniciar a leitura eu lembrei que já tinha lido as primeiras páginas de Terras do Sem Fim em algum momento no passado e que, por não ter conseguido mergulhar na história, eu tinha abandonado. Dessa vez eu não abandonei, mas a impressão continuou a mesma. Os trechos no barco são exaustivos demais. A gente conhece trocentos personagens de uma forma bem rasa, e não consegue se apegar a nenhum deles porque a gente simplesmente não sabe onde aquilo tudo vai dar, nem se eles terão importância na narrativa mais pra frente. Mas aí vai um spoiler: eles tem. Depois de ter percebido que essa foi a forma encontrada pelo autor de inserir quase todos os personagens da zona cacaueira, coisa que se tivesse sido feita de outra maneira talvez parecesse artificial, eu achei genial, mas não deixou de ser cansativo.
Tirando Seara Vermelha e Capitães da Areia, todos os meus livros favoritos do Jorge são aqueles nos quais ele acompanha um personagem só e que, ainda que outras tramas sejam apresentadas, no fim das contas é aquele personagem que importa. Aqui, infelizmente, a história não é assim, mas nem por isso deixa de ser maravilhoso. É quase como se estivéssemos acompanhando uma novela, inclusive era muito fácil pra mim imaginar os cenários na minha cabeça. A cada capítulo um novo personagem é apresentado (ou reapresentado, caso seja um dos que estavam no barco), nós conhecemos um pouco do passado dele e a partir dali a narrativa caminha tendo ele como um dos atores. Isso faz com que a leitura flua mais facilmente, afinal sempre vai ter algo acontecendo em algum dos núcleos. Porém, mesmo que o Jorge seja capaz de me fazer ficar apegada com um personagem novo em poucas páginas, eu sempre tinha o meu favorito, e sempre queria saber mais sobre ele.
Dos meus favoritos, Damião com certeza é o maior. Eu me acabei de chorar nos capítulos dele. Achei linda a forma como o Jorge construiu a epifania dele, de como ele faz o cara que é basicamente um assassino de aluguel, que quando não está fazendo tocaia esperando sua próxima vítima, está no terreiro brincando com as crianças, finalmente perceber o que ele faz pra ganhar dinheiro. A humanização desse personagem é muito verdadeira. E os trechos seguintes, sobre o feiticeiro Jeremias, trazem uma visão que eu acho necessária, mas que eu não esperava ver nessa obra devido à época em que ela foi escrita. Nesse ponto já é certo que a mata vai ser derrubada pra se tornar uma plantação de cacau, a gente só não sabe ainda quem vai conseguir fazer isso primeiro, e ver o Jeremias, no momento em que sabe desses fatos, falando que o sangue dos homens e dos animais da mata vão servir de adubo pros cacaueiros e morrendo logo em seguida me arrepiou inteira. O Jorge realmente pensava em tudo.
Temos algumas histórias de amor, mas como em qualquer livro do Jorge elas são mais trágicas que qualquer outra coisa. Acho que o que eu mais gosto dessa obra é justamente o que ele não consegue fazer nos livros com apenas um protagonista: ele debate muitos temas sociais. Num primeiro momento eu pensei que ficaríamos apenas na fazenda, com os latifundiários que são donos de tudo, inclusive das pessoas, dos trabalhadores que lutam de sol a sol pra tentar sobreviver e quem sabe diminuir a dívida deles com a fazenda, da violência que aparece todo dia assim que o sol se põe e da lei do mais forte que dita verdadeiramente com quem aquelas terras irão ficar. Porém, em certo momento, a narrativa se desloca um pouco pra cidade mais próxima, e aí os temas se abrangem ainda mais, falando sobre como os fazendeiros e o dinheiro que eles possuem controlam a política e a justiça do lugar, e de um dos meus temas favoritos abordados pelo Jorge: as prostitutas. Eu não tenho nem espaço pra falar sobre isso tudo aqui, mas fiquei assustada com o quão atual um livro escrito há 80 anos pode ser. Como uma pessoa nascida no interior e militante do movimento de luta pela terra desde que se entende por gente, eu sei que essas mortes por conflitos de terra e a escravidão do campo existem ainda hoje porque eu vi elas acontecerem. Eu sempre falo que gosto mais das obras do Jorge que se passam na cidade, mas as do campo batem em um lugar diferente dentro de mim. Tirei meia estrela só por essa minha neura de querer apenas um protagonista, mas que no fim das contas não faz o livro perder a qualidade. Espero voltar em breve pra falar sobre São Jorge dos Ilhéus, chega de passar dois anos sem ler nada desse homem.
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1650711410 07/09/2023

Muito típico das escritas de Jorge Amado
As histórias meio que se repetem, falam muito dos coronéis do cacau e suas monstruosidades e ganância! As questões políticas, parecem muito atuais, ou as atuais, me parecem iguais as práticas antigas!
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