coisinhaliteraria 22/02/2021
“eles eram felizes… mas nem tanto”
É com essa reflexão que conhecemos a trajetória do homem, por meio da história da família de LoLo Barnabé, um homem das cavernas que se transforma num pai de família: que trabalha muito, se relaciona pouco com a família e passa suas horas livres em frente à televisão.
Uma delicada narrativa atemporal que questiona o papel da tecnologia nas relações familiares e consequentemente sociais.
No tempo em que os homens ainda moravam em cavernas, havia um sujeito chamado Lolo Barnabé, casado com a doce Brisa e pai do pequeno Finfo. Eles eram felizes, mas nem tanto: moravam numa gruta fria e úmida, sempre à mercê de animais ferozes. Não por muito tempo: Lolo, muito habilidoso, construiu uma casa com porta e fechadura. Depois que se mudaram para lá, Brisa começou, sem saber por que, a se incomodar com as peles de animais que usavam para se proteger do frio, então inventou as roupas. Depois disso, Lolo criou o guarda-roupa. E assim os dois foram inventando muitas coisas: a cama, a mesa, as cadeiras, o fogão, a água encanada, o banheiro, os eletrodomésticos, o computador, a eletricidade, o video game, o carro, a televisão. Eles eram felizes, mas nem tanto. De tanto trabalhar, mal ficavam juntos, mal cuidavam do filho: depois de chegar em casa ficavam parados, quietos, hipnotizados diante da televisão. Foi preciso que um dia faltasse luz para que Lolo, Brisa e Finfo se lembrassem de ficar juntos, sentados em torno da fogueira.
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