Resenhas - O mistério do coelho pensante

Dani Ferraz 14/12/2020

"Era tão feliz que às vezes seu nariz se mexia tão depressa como se ele estivesse cheirando o mundo inteiro".
Clarice Lispector nos agraciou também com este livro tão especial dentro da literatura infantil "O mistério do coelho pensante". Apaixonada por animais, exceto ratos e baratas, a autora credita a escrita desta história à um "pedido-ordem" feito pelo seu filho Paulo que acabou se tornando também uma homenagem aos dois coelhos que seus dois filhos Pedro e Paulo tiveram.

Paulo, o garoto da história tem um coelho de nome Joãozinho que pensava em várias ideias apenas mexendo o seu nariz, mas não uma vez só e sim umas quinze mil vezes. Um dia, ele se apegou a uma e começou a trabalhar nela, a ideia que teve foi fugir da casinhola toda vez que não houvesse comida.

Mas toda vez que fugia ele era encontrado e devolvido à sua casinha. Seus donos intrigados se perguntavam como foi que ele tinha conseguido passar pelas grades tão fininhas ou até mesmo levantar o tampo que era pesado que só. Se fosse por falta de comida, Joãozinho não fugiria mais, pois não lhe faltaria.

Acontece que o coelho pegou gosto por fugir e fugia, assim, sem motivo só por gosto mesmo. Acontece que ele tinha natureza de coelho e cada uma das naturezas, tanto a de bicho quanto a de homem tem as suas vantagens. E nessas suas fugidas ele descobriu até que a terra é redonda vejam só. “Coelho feliz sabe um bocado de coisas”.

Como era de se esperar da autora, mesmo sendo de linguagem simples, esta história suscita nos leitores reflexões a respeito da natureza, das descobertas, da fuga e da liberdade dos seres, além de trazer um mistério a ser solucionado, afinal como era que Joãozinho o coelho fujão escapava da casinhola, se você descobrir conta pra mim!

Tatiana.Freivogel 01/12/2020

Incrível
Li para minha filha e ficamos encantadas, é engraçado porque eu esperava mais da história, porém adorei e achei muito envolvente.

Mariana - @escreve.mariana 07/11/2020

Um mistério que nos leva a muitos outros [IG: @epifaniasliterarias_]
"O mistério do coelho pensante", conto escrito por Clarice Lispector e ilustrado por Kammal João, é um livro de mistério que foge do convencional, pois, no lugar de respostas, nos traz questionamentos e reflexões. É uma daquelas leituras que se estende para além do número de páginas, ganhando corpo em seu decorrer e nos conduzindo a outros mistérios.

Nessa história, somos apresentados a Joãozinho, um coelho branco que franzia e desfranzia seu nariz cor-de-rosa quando estava pensando. Um dia, ficou encantado com a ideia que conseguiu farejar, uma ideia tão boa quanto o cheiro de uma cenoura fresca: fugir da gaiola todas as vezes que faltasse comida.

No entanto, havia um problema: como ele fugia, se o tampo da gaiola era pesado e ele não conseguia passar pelas grades estreitas?⁣

As crianças que moravam com o coelho notaram o motivo de suas fugas e, então, nunca mais esqueceram de encher o prato dele. Porém, ele tomou gosto de dar escapulidas e passou a fazê-lo sem motivo aparente, somente porque sentia uma saudade muito grande de fugir. Ou seria para dar voltas por aí e visitar sua namorada, com quem tinha muitos filhinhos? Ou, ainda, para observar o mundo externo e descobrir que a Terra é redonda, que as nuvens se mexem devagar e às vezes tem a forma de um coelho?

"Era tão feliz que às vezes seu nariz se mexia tão depressa como se ele estivesse cheirando o mundo inteiro."

Assim, Clarice nos convida a conhecer esse mistério, que considera mais uma conversa íntima do que uma história. Essa não é a primeira vez, e acredito que nem a última, que me sinto dessa forma em relação aos escritos da autora. Sua literatura infantil combina uma linguagem simples com reflexões e descobertas que irão encantar tanto os pequenos leitores quanto nós, adultos, quer já tenhamos iniciado nossa caminhada clariceana ou não. Ainda, merecem destaque as ilustrações belíssimas e coloridas, que encaixam perfeitamente com a atmosfera do livro.

Gleide 85 27/05/2020

Livro surpreendente sobre as aventuras do coelho Joãozinho e o incrível mistério de sua escapada!!

Clara Vellozo 25/02/2019

Aquele coelho, então, nem precisava ser parente para gostar dele.
Acompanhar essa série de livros infantis de Clarice é ter certeza do quanto a autora amava os animais!

O livro faz mais do que contar a história de um coelhinho muito especial, ele é permeado de reflexões direcionadas aos pequenos, que devem ser conduzidas por um adulto.

Ingrid_mayara 02/01/2018

Impressões de leitura
Eu dividi este texto em três partes para facilitar a leitura. Demorei mais para escrevê-lo que de fato lendo o livro (risos).

1- Enredo:

Nesse livro, não há "era uma vez e viveram felizes para sempre". É um livro de mistérios; ao invés de respostas, encontraremos perguntas. Já no prefácio Clarice declara: "Como a história foi escrita para exclusivo uso doméstico, deixei todas as entrelinhas para as explicações orais.", ou seja, deve-se refletir durante e após a leitura.

O livro conta a história de um coelho branco chamado Joãozinho. Seu nariz cor-de-rosa chegava a ficar vermelho de tanto franzi-lo toda vez que estava pensando. Um dia cheirou uma ideia maravilhosa, uma ideia tão boa quanto uma cenoura fresca: fugir da gaiola e ir passear.

A narradora incentiva a criança ouvinte/leitora a pensar numa solução: como ele fugia, se o tampo da gaiola era pesado e ele era gordo demais para as grades?

As pessoas notaram que o coelho fugia sempre que não havia o que comer, então nunca mais lhe faltou comida. Mas ele continuou a dar umas escapadinhas para apreciar o mundo exterior e quem sabe visitar sua namorada que vivia tendo filhotes.

"Era tão feliz que às vezes seu nariz se mexia tão depressa como se ele estivesse cheirando o mundo inteiro."

Aqui, percebe-se que a narradora continua chamando a atenção da criança para refletir sobre as fugas do coelho: "Você acha, Paulo, que os donos de Joãozinho zangavam com ele? Zangavam, sim. Mas zangavam como pai e mãe zangam com os filhos: zangam sem parar de gostar."

2- Algumas referências:

Clarice explica sobre o processo de escrita: "Quando eu estava escrevendo A maçã no escuro em Washington, meu filho Paulo me pediu, em inglês – eu falava português com ele, mas ele falava comigo em inglês – que escrevesse uma história para ele, e eu respondi: ‘Depois’. Mas ele disse: ‘Não, agora’. Então, tirei o papel da máquina e escrevi O mistério do coelho pensante, que é uma história real, uma coisa que ele conhecia. Eu escrevi em inglês para que a empregada pudesse ler para ele, porque nessa época ele ainda não era alfabetizado." (Fonte: MANZO, Lícia. Era uma vez: EU, a não-ficção na obra de Clarice Lispector. Curitiba: Secretaria de Estado de Cultura, 2001.)

Escrito por volta de 1958, O Mistério do Coelho Pensante permaneceria na gaveta até 1967, quando seria procurada por um editor que desejava saber se a autora tinha alguma história infantil escrita, então ela mesma fez a tradução para a língua portuguesa.

Na crônica "Uma experiência ao vivo", presente no livro A Descoberta do Mundo, Clarice fala que reuniu crianças de cinco a doze anos para ouvirem um amigo ler O Mistério do Coelho Pensante. Ela diz que essa história as tocou de modo diverso e a leitura era frequentemente interrompida por sugestões e perguntas. "Para mim valeu por uma noite de autógrafos mais real que as reais: a comunicação se fez, sentimo-nos unidos pelo coelho pensante, pelo calor mútuo, pela liberdade sem medo. (...) As noite de autógrafos deviam ser assim."

Em entrevista ao programa Panorama da TV Cultura em janeiro de 1977 (que foi reproduzida em 1992 pela Revista Shalom), ao falar sobre sua produção infantil, Clarice declara: “Quando eu me comunico com criança é fácil porque sou muito maternal. Quando me comunico com adulto, na verdade estou me comunicando com o mais secreto de mim mesma, daí é difícil... O adulto é triste e solitário. A criança tem a fantasia solta.” (o vídeo dessa entrevista está disponível no Youtube).

3- Minha breve opinião:

Exceto na escola, eu costumava ler sozinha e por isso provavelmente eu não teria gostado d'O Mistério do Coelho Pensante se o tivesse lido na infância.

Hoje, aos vinte e poucos anos, posso dizer que sinto muito carinho por esse livro, que foi o primeiro do gênero que li da mesma autora. Clarice sempre me porporciona maravilhosas experiências de (re) leitura e a descoberta de mim mesma.

Recomendo que seja lido por criança "primeiramente" sob a mediação de uma pessoa adulta que possa direcioná-la aos questionamentos propostos no livro. Ao ser presenteada, certamente essa criança fará excelentes releituras (e os adultos também). Ah, as ilustrações dele são uma fofura!

site: Se quiser me seguir no instagram: @ingrid.allebrandt

Keylla 07/07/2015

" O Mistério do Coelho Pensante" é o primeiro livro para crianças escrito por Clarice Lispector. Após ser questionada por seu filho, Paulo, o porquê só fazia livros para adultos, Clarice resolveu dedicar-se à literatura infantil e escrever para seu filho.

Mesmo escrevendo para crianças Clarice não deixa de lado sua essência. A obra trata de questões existenciais como a diferença da natureza do homem e do coelho, de dúvidas e questionamentos. Sempre com a leveza e delicadeza claricianas.

O coelho protagonista chama-se Joãozinho e possui uma habilidade fascinante: cheirar idéias. Com movimentos rápidos no seu narizinho, Joãozinho teve uma ideia: encontrou uma maneira de fugir da gaiola onde vivia. Ele pensa em fazer isso apenas quando lhe faltava comida, mas tomou gosto da sensação de fuga e liberdade. Joãozinho se tornou um "fujão".

Sempre resgatado pelos seus donos ele retorna à gaiola, mas nessas escapulidas ele descobriu que a Terra era redonda, que as nuvens se mexiam e formavam coelhões no céu e que há coisas que é bom cheirar, mas não de se comer. Tornou-se um coelho pensante.

Desde a primeira página Clarice avisa aos pais que o "mistério" do coelho será mais uma conversa íntima a uma história. (Muito Clarice!)

Joãozinho era branquinho, fofinho e gordo. Como ele conseguia escapulir de grades estreitas e pesadas?Não é um mistério de pistas, mas uma possibilidade de brincar de ser coelho e pensar sob outro ângulo e ter um outro olhar.
Enquanto lia franzia meu nariz bem depressa na tentativa de ter uma ideia tão boa quanto a de Joãozinho. O dia que tiver meus filhos vou pedir auxílio a estes para que me ajudem a resolver esse mistério muito misterioso.

Marco Aurélio 19/08/2012

Felicidade
"Só há dois modos de descobrir que a Terra é redonda: ou estudando em livros, ou sendo feliz." (p. 27)

LISPECTOR, C. O mistério do coelho pensante. Rio de Janeiro: Lendo e Aprendendo, 2009.

maik rodrigues 09/11/2011

o coelho
Era uma vez um coelho que se chamava joãozinho ele vivia franzindo e desfranzindo o nariz para ter ideias.Um dia ele estava franzindo o nariz para arrumar um jeito de fugir da gaiola e ele finalmente achou um jeito de fugir mas ninguém nunca descobriu como ele fugia.Então ele só fugia quando não tinha comida na gaiola,dai o seu dono percebeu,e nunca mais faltou comida para ele,mas ele mesmo assim fugia.Eles achavam que ele tinha pegado gosto de fugir.Então ficavam pensando por que ele fugia,podia ser para ver sua namorada,ou seus filhotinhos.Ele aprendeu muitas coisas fugindo.P0ercebeu que as nuvens se mexiam lentamente.Mas o grande mistério que ninguém nunca soube explicar é como ele conseguia fugir da gaiola?


Eu gostei muito desse livro por que ele nos mostra como os coelhos são inteligentes,e ensina muitas coisas para quem o lê.

Cris 22/10/2010

Um livrinho, digamos, curioso.
Um livro bem fofinho. Bem legalzinho para passar o tempo. E ainda me deixou muito curiosa para saber como o coelho conseguia sair da gaiola, com esse mistério não-resolvido e inconclusivo, para ficar a mando do leitor desvendar e continuar esta história, ô livro danado! haha. Meu primeiro livro da Clarice Lispector, e logo um infantil, não podia ser melhor, gostei. Recomendo para as pessoas que se contentam com o lado simples da vida. :) E que venha 'A mulher que matou os peixes'! *-*

Martha Lopes 13/05/2009

Minha mãe me deu este livro quando eu era pequena. Lembro que, quando terminei, fiquei morrendo de raiva, porque o final era inconclusivo!