Solinercia 26/04/2023
A morte de um mundo mágico
De todos os livros da série, esse é, certamente, o mais repleto de fantasia, artifícios, e magia. Ironicamente, é também o que mais reproduz a fé católica, que busca superar o mundo antigo e a magia dos celtas. Com um protagonista quase insosso, feito para ser um herói perfeito, suas pequenas vaciladas são o que o tornam interessante: sempre espero ver mais dele, onde mora a falha? Um herói que vence sem dificuldades todos os desafios, é quase um símbolo do que foi a morte de um passado mágico diante da nova e prodigiosa fé católica. O livro, no entanto, anuncia de maneira perfeita, a ilusão da aquisição do Graal. O que seria ele senão uma lenda feita por homens pra justificar uma busca que jamais chegará a algum lugar?
Extremamente complexo, com um rico simbolismo, mas apressado para mostrar os prodígios e a vitória do protagonista, o livro te devora facilmente (e não o contrário), mas te deixa sempre com a dor no peito, de que talvez a busca dos cavaleiros seria sempre pelo próprio fim. Niilista até certo ponto, o livro cumpre de forma excelente o que dele era esperado, a ansiedade da busca chega a algum lugar, ele só não era o que imaginávamos. Com quebras de expectativa construídas de forma concisa, esse é, talvez, o meu preferido da série. Das dores e amores, te dá o sabor de ambos.