Bryan54 22/04/2024
Não é somente "Canção de Mim Mesmo" há muito mais!
Escrito no Zeitergeist (clima da época) da metade do séc. XIX, o poeta Walter Whitman estava tremendamente influenciado pelo contexto de mudança na cultura norte-americanas. Sobretudo, no que diz respeito a Guerra civil (que dividiu país), temática dos direitos universais, libertação dos escravos e políticas nacionais. Ele queria ser o pregador e o patrocinador dessa mudança.
Tanto é que Whitman teve uma carreira política (ainda que curta), que aponta para o espírito ativistas e humanista que lhe transborda pelas margens das páginas em seus poemas. Desiludido, abandonou a carreira política por várias razões, uma delas foi sua crescente insatisfação com a política partidária e sua noção de que suas idealizações não tinham espaço na fria corte da política real. Whitman optou, em resposta, pela literatura. Indiretamente, permaneceria fiel a sua natureza revolucionária através da arte, dos sonhos, ideais de democracia e liberdade universal.
Ele queria dedicar-se a capturar a essência do espírito americano, a beleza da experiência humana comum e a fraternidade, algo que certamente não poderia realizar dentro das restrições da política. Isso nós leva a questão do otimismo na obra do escritor...
Leitores poderiam dizer que Whitman exagera em seu otimismo, ao representar a democracia representativa americana de seu tempo. Ele se abstém de ser, abertamente, abolicionista em sua obra (se bem que esse posicionamento, de neutralidade, foi adotado por muitos contemporâneos dele), e pra quem lê suas obras com o mínimo de atenção, fica claro que ele é o mais admirador de uma civilização heterogênea e multicultural.
Em sua defesa, o seu otimismo não era baseado na perfeição do mundo, mas na celebração da experiência humana, com todas as suas complexidades, contradições e imperfeições. Ele inevitávelmente reconhecia a dor, o sofrimento e as lutas e corrupções políticas que seu país enfrentava. Ainda sim, ele preferiu encontrar beleza e significado nesta existência, não só restritivo ao que é.. mas intrisecamente, ao que pode vir a ser se os cidadãos abraçassem a vida de forma apaixonante.
Whitman, frequentemente entre seus longos e curtos poemas, associa-se ao transcendentalismo, que valoriza a relação do indivíduo com a natureza e o universo em plena liberdade. Seus ideias de unificação são atemporais e muito nos servem nesse mundo que vivemos, atualmente, tão segregado pela intolerância com o "outro".
Seus poema mais célebre, ?Song of Myself?, apesar do nome, pouco tratam dele mesmo enquanto indivíduo separado, focando no social e na humanidade toda como uma conexão inseparável de pessoas.
"Folhas da Relva" é o retrato preciso de Walter Whitman, sua Magna opus, o trabalho de toda uma vida para ele. Para aqueles que se interessam por poesia e que tem um espírito aventureiro e cosmopolita, fica o convite do escritor:
"Estranho, se por mim passar
Tens o desejo de comigo falar,
Por que não deverias tu falar comigo?
E por que não deveria eu falar contigo?"