OS Servos da morte

OS Servos da morte Adonias Filho




Resenhas - Os servos da morte


5 encontrados | exibindo 1 a 5


GilbertoOrtegaJr 04/07/2013

Os Servos da Morte – Adonias Filho
Os Servos da Morte – Adonias Filho

Quando eu tinha quinze anos me apaixonei platonicamente por uma pessoa que morava na área rural da cidade e neste mesmo tempo fui colecionando minhas primeiras leituras de autores regionalistas, como pensar em sertão me lembrava da minha frustração amorosa decidi que só voltaria a ler livros regionalistas quando já tivesse superado está paixonite. Foi o que fiz, e por desinteresse só voltei a ler obras regionalistas ano passado. Mas no começo da semana recebi emprestado o livro Os Servos da Morte do autor Adonias Filho, também inserido na temática regionalista.
Os livros fazem parte da chamada trilogia do cacau, onde por meio de três livros independentes o autor retrata a região cacaueira do sul da Bahia, onde ele cresceu. A história começa quando um dos cinco filhos de Paulino Duarte decide se casar e levar uma mulher para morar na casa com Paulino e seus cinco filhos homens. Paulino esconde dos seus filhos um grande medo, que está relacionado sua falecida mulher Elisa.
Elisa havia decidido se casar com Paulino para salvar sua família dos credores, mesmo sabendo que o futuro marido tinha fama de cruel, preferindo acreditar que com o tempo e afeto dela ele iria mudar. Mas após ter quatro filhos e todos eles serem de natureza cruel e violenta igual ao pai ela decidiu se vingar. E assim foi gerado o quinto e último filho Ângelo, um menino que sempre estava doente e era muito fraco, não parece humano.
Após este flash-back a história volta ao tempo atual, ou seja, quando Quincas, filho de Paulino Duarte, decide levar sua mulher Cláudia para morar juntamente com seu pai e seus irmãos. Ela passa a se apaixonar por Ângelo, por causa da fragilidade e desamparo deste, e na contramão desenvolve repugnância por seu marido Quincas.
A narrativa do livro me lembra a essência em si das obras regionalistas, por ter sempre alguma coisa selvagem ali, até mesmo os personagens estão em estado bruto, não só pela sua agressividade em si, mas por que eles se movem a partir de instintos primários como raiva, ódio, amor sobrevivência dentre tantos outros. Junto a está fascinação que o livro exerceu em mim a linguagem de Adonias é muito bela, o que faz com que Os Servos da Morte seja um dos melhores livros dos quais já li este ano.
comentários(0)comente



mauriloamml 19/05/2022

Livro confuso
Esse livro exerceu uma mística sobre mim desde os meus 6 anos. Por essa época, minha prima estava lendo-o e essa capa chamou bastante minha atenção. Eu nem sabia ler ainda, mas fiquei com essa capa gravada na minha mente. Por volta de uns 20 anos depois, garimpando por um sebo, me deparei com essa capa! Reconheci na hora e comprei. Fiquei ainda com este livro guardado esperando o momento para começar a leitura e, finalmente, 10 anos depois da compra, li!
Infelizmente foi um pouco decepcionante. O autor tentou forçar uma profundidade nas reflexões dos personagens, mas em diversos momentos não funcionou e deixou o livro arrastado e repetitivo. Por várias vezes abriu-se espaço para divagações sobre febre, suor, saliva, árvores, lagoa... Tudo meio circular e nonsense.
A premissa da maldição do sangue, a cadeia de pessoas presas por essa maldição e a loucura iminente foram questões interessantíssimas, dignas de uma belo filme de terror. A falha do livro mesmo foi a forma de criar a atmosfera de suspense. Como já foi dito, a escolha do autor deixou a leitura muito arrastada, por várias vezes pensei em parar a leitura.
comentários(0)comente



Soeli.Forte 01/08/2013

A cena se passa em torno da mesa. O velho cego e os quatro filhos, todos homens. A refeição é tensa. Paulino Duarte, o velho, interroga um dos filhos, Quincas. Não concorda que ele traga uma mulher para casa. As peles são escuras; os rostos, duros; as mãos, calejadas. As palavras são ditas lentamente. Tudo pesa. Tudo é muito grave.
Para Paulino, a mulher de Quincas traz à lembrança um passado nebuloso, que ele precisa ocultar. Os filhos, todos muito rudes, não compreendem o pai. Não compreendem por que o pai tanto teme Ângelo, o quinto filho, ausente da ceia. Não compreendem sobretudo o mistério que cerca a morte da mãe. São os instintos humanos mais elementares que movimentam as personagens de Os servos da morte. Elisa, a mulher de Paulino, se casa para resolver o problema financeiro da família. Depois de anos suportando a brutalidade excessiva do marido (que, órfão, criou-se entre cães de caça), vendo os filhos crescerem como herdeiros legítimos da ferocidade paterna, concebe uma grande vingança — vingança essa que, após sua morte, será realizada por Ângelo, o caçula. Esta é, digamos, a vingança central. Mas todo o romance é uma trama de vinganças. A atmosfera é de loucura e de ódio; as personagens são violentas, passionais; e parecem acossadas por um destino mau, uma danação.
comentários(0)comente



Marcelo.Patuta 29/09/2016

Perturbador
Terrível, perturbador, depressivo.
Gostei muito do enredo
comentários(0)comente



Fabio Shiva 24/12/2019

Tragédia Árida
Penei por longas semanas lendo esse livro, que me exasperou na mesma medida em que me intrigou muitíssimo. A verdade é que nunca li nada parecido com “Os Servos da Morte”. A narrativa é pesada e árida, mas nada parece acontecer, em meio a um intenso clima de tragédia iminente. A sensação que tive, aliás, foi a de estar assistindo a uma lentíssima tragédia grega, só que ambientada no sertão baiano. Finda a leitura, ao pesquisar sobre o livro, descobri que muitos estudos comparam essa obra de estreia de Adonias Filho a peças como “Édipo Rei” e “Antígona”.

Por várias vezes pensei em desistir da leitura. Contudo, era nítido que aquilo que eu não estava gostando de ler havia sido escrito com muito esmero e inegável talento. Não pude deixar de ficar impressionado com passagens como:

“Como sombra infinita, obscurecendo a sua alma, pesando no seu corpo, a estranha ideia de que a paz estava no crime. Deveria pousar as mãos no cadáver de Paulino Duarte, sentir-lhe o sangue parado, o roxo da podridão colorindo-lhe os lábios, para que pudesse adquirir paz.”

“De repente, verdadeiro choque na sua consciência, sentiu ver os dois corpos abraçados, arfando, sobre o leito desfeito. Pensou, com ódio, na sua origem, na origem de todos os homens. Pensou na vulgaridade daquele começo, necessário a tudo e todos, como uma exigência terrível.”

“Por que a podridão do corpo, a desagregação dos ossos, por que não aproveitá-los? Queria a eternidade da carne, sempre vivendo, ainda que renovada por novas almas. Que as almas dos recém-nascidos ocupassem os corpos feitos. Quantos sofrimentos seriam evitados, quantas paixões negadas!”

“(...) os homens geralmente preferem o destino das cobras, esse destino certo de arrastar-se e morder, ao destino incerto e trágico do vento.”

“(...) sim, havia o filho. Pensou amá-lo mesmo trazendo o sangue de Quincas, ela o amaria como essas mulheres do sertão, tragicamente mães, amam os filhos dos bandidos que passaram uma vez sobre os seus corpos.”

“Quer saber a principal razão do meu medo? Quer saber? Esta de sentir o ódio guiar-me, exigir de mim que pratique um crime capaz de humilhar a raça humana.”

“Nada vejo nos homens capaz de obrigar-me a amá-los.”

Sobre esse livro, o crítico Temístocles Linhares assinalou, certeiro: “Não se pode lê-lo sem uma espécie de respeito.”

E salve a nossa Literatura Brasileira!

https://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com/2019/12/os-servos-da-morte-adonias-filho.html



site: https://www.facebook.com/sincronicidio
Rosa Santana 18/01/2020minha estante
Amo Adonias!!
Amo esse livro!!


Fabio Shiva 20/01/2020minha estante
Oi Rosa, valeu pelo comentário! É realmente uma leitura muito marcante!


Rosa Santana 20/01/2020minha estante
As Velhas, do Adonias, é o que considero seu melhor livro!!


Fabio Shiva 20/01/2020minha estante
Gratidão pela dica! Dele, além desse, só li "O Largo da Palma".




5 encontrados | exibindo 1 a 5


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR