spoiler visualizarCampelo 26/06/2013
Uma nova volta pelo fantástico mundo criado por Eduardo Spohr
Conheci o universo fantástico criado pelo Eduardo Spohr de forma diferente. Em vez de começar "pelo começo", com A Batalha do Apocalipse, minha primeira experiência com o mundo dos arcanjos Miguel, Gabriel e cia. foi com o primeiro volume de Filhos do Éden - Herdeiros de Atlântida. Comecei a ler a obra depois de ouvir a história de "A Batalha.." e os áudio dramas narrados pelo Guilherme Briggs no Nerdcast. Devo dizer que fiquei bastante impressionado com o sopro de criatividade que essa obra trouxe para a minha visão sobre a literatura fantástica brasileira. Depois de ler HdA, fiquei empolgadíssimo para a continuação, esperando mais uma dose da narrativa cinematográfica presente no livro e por conta do final em aberto deixado no fim do volume.
Eis que chegamos ao segundo capítulo da trilogia e, após o fim da leitura, devo dizer que Eduardo Spohr conseguiu novamente me agradar com sua narrativa e o modo como trata e humaniza os personagens criados para a estória que ele se propôs a contar. É muito bom ver que ele continua humanizando cada vez mais seus personagens, sem deixar que eles, apesar de suas características super-humanas, pareçam "super-heróis" demais.
Com esse novo capítulo, meu respeito e simpatia pelo personagem Denyel (é exagero dizer que HdA, da metade até o final, são movidos pela personalidade e carisma dele, além da estória contada?)aumentaram ainda mais, principalmente por conta da abstração, se é que podemos colocar assim, que o personagem faz dos valores, vícios e virtudes da raça humana durante o período em que está atuando na Terra nas guerras realizadas no curso da humanidade, desde o senso de companheirismo pelos colegas do exército (a cena fantástica entre Denyel e Craig no hospital na selva é uma amostra sensacional disto), o desenvolvimento do afeto e da paixão, e até mesmo o horror e o medo que podem assombrar alguém, causados pela tomada de uma vida, fato mostrado mais para frente na estória. Esses pontos, aliás, são as partes da trama que mais chamaram a minha atenção durante a leitura. Não duvido que tenha sido por isso, entre outras razões como o desenvolvimento maior do personagem, que esta tenha sido escolhida a trama principal do livro.
Entretanto, uma coisa não me agradou e tirou alguns pontos do livro, que foi justamente a repetição dos conceitos estabelecidos para o universo da obra. Eu explico: em determinado capítulo o autor diz que "Denyel utilizou sua agilidade, inerente à casta dos querubims" para realizar tal tarefa. Capítulos mais tarde, a mesma ideia é expressada, para Denyel e para os demais anjos integrantes da trama. Tudo bem que isso pode ter sido uma escolha para fixar as características dos personagens para os novos leitores, mas eu acredito que essa repetição pode acabar cansando um pouco a leitura, como aconteceu comigo.
Enfim, achei que o livro, com a trama principal de Denyel, e a secundária mostrando a busca realizada por Kaira pelo Querubim, desaparecido desde o final do primeiro livro, serviu bem mais para entendermos um pouco mais sobre como as amizades feitas, as perdas sofridas e as escolhas tomadas por Denyel durante sua vida moldaram a personalidade do carismático personagem que vimos na obra anterior. E se o livro final da saga seguir o rumo que imaginei me baseando na cena contada no epílogo, não espero nada menos que um encerramento fenomenal para essa grande saga.