Blanda 03/09/2020
É grande, mas sim, pequeno demais...
Que leitura inesperada, quando você encontra algo assim, com um todo maravilhoso, você fica internamente saltitante.
Queridos camaradas, preciso prepará-los, ainda que prazeroso, o ritmo é propício à leituras paralelas. Segui a leitura a um curso tumultuoso, aos trancos e barrancos fui destrinchando-a. E, há de concordar comigo quem a leu, ela tem seus momentos de ligeireza, mas também tem os de lentidão.
Uma narrativa que dilacera pela perfeita escrita, que belo livro Clarke nos traz. Você lê, gosta desse mergulho em uma literatura enriquecida de costumes e personagens tão maciços, as palavras tem um sabor doce de quem joga com elas, mas não há palavras perdidas.
A atmosfera é aconchegante porque você inerentemente vai se identificar com a humanidade das personages. Não atos de humildade e caridade, digo na humanidade de seus defeitos. O caráter e sarcasmo incorrigível, a indiferença, o sentimento de alcançar um poder e a luta por mantê-lo em suas mãos; e o motivo? apenas tê-lo. É essa ironia genuinamente humana das personagens que te convencem de sua presença.
É exatamente isso, meu amigo, você não ouviu mal, não importa sua época, sentimentos são nosso ponto de ligação entre as gerações. Por isso é uma realidade que poderia ser a nossa. Você vai entender o que a personagem está sentindo, e como todo ser humano, vai ser empático a ponto de sentir por ele.
A magia renascer? você como pessoa que é, já sonhou com isso, não minta a si mesmo. É incorrigível este nosso fascínio pelo mistério.
Magia e Inglaterra, é humanamente impossível ignorar isso, essa arrogância, quase justificada, de uma nação que tem a história em suas costas. É sentir o orgulho transpirar das ruas, mesmo das mais sujas, e as personagens, isso não é apenas implícito nas abadias, é externalizado, é a essência extravagante do orgulho de si como parte do todo.
Essa sagacidade em explorar a fantasia, a magia e tudo aquilo que de outra forma seria insano ? por sinal, aqui o insano se acomoda bem ? traz seu lado humano empático para a história, brinca com sua insistência de ser racional mas desejoso da magia. Dado momento você almeja tanto o insano que o normal também lhe pareceria incomum.
Novamente o sentimento, logo ali, palpável, quase a chegar na nossa ?realidade?. Você não encontra palavras para desdizê-la. Que final extasiante e personagens tão presentes, que verdade maravilhosa criada aqui.
E é por estes meandros obscuros, onde as emoções conscientemente extrapoladas te levam a mergulhar, de novo e, uma vez após a outra, indefinidamente, até você concluir o livro, mesmo que lhe custe tempo. E no final você corajosamente vai dizer, convicto de suas palavras, que o livro é pequeno.