Rafael 13/05/2018
Dados consistentes para falar sobre o tema
O livro não é somente mais uma obra sobre educação, Ioschpe vai além e desmitifica com dados, estatísticas a realidade da educação brasileira. O resultado é ao mesmo tempo impactante e provocativo – pois muitas vezes temos uma visão enraizada de determinados tópicos e os dados são contrários a eles.
Sabemos que a educação vai mal, e ele confirma essa tese, embora muitas vezes a própria sociedade, os educadores, desconhecem as causas do péssimo desempenho escolar. Gostando ou não, é uma realidade imprescindível que Ioschpe traz ao debate público sobre o tema.
Ele traz muitos dados para compor a sua base de argumentação, com isso percebemos a problemática da educação no país -, o analfabestimo funcional beira 75% da população; 24% dos alunos do 1º ano são repetentes; o PIB gasto com educação está na média dos países desenvolvidos; dessa forma gastamos em média 46 bilhões/ano em educação, e estamos em um dos últimos lugares nos testes internacionais, como o conhecido Pisa.
Outro resultado importante é a diferença entre a escola pública e a escola privada. Nos dados do ENEM as públicas chegam à 37% da prova, enquanto as privadas à 56%, portanto, ambas são ruins, todavia as privadas ainda se saem melhores. Desse modo, as famílias gastam grandes quantias para os filhos terem uma educação precácia mesmo no âmbito privado.
A educação no país é envolta de descaminhos: governos que entram e saem do poder e não têm um projeto de nação que envolva a educação; sindicatos que estão somente interessados em defender os seus afiliados e não a educação da população; o saber das disciplinas que é, muitas vezes, sabotado por ideologias; temas transversais como a “ética” e a “cidadania” sendo prioritários, haja vista que os alunos não dominam, minimamente, os tópicos básicos como ler e escrever e a matemática básica. Dessa forma é visível a falta de foco da educação e suas descontinuidades.
Embora não possamos afirmar que o problema seja apenas por parte do estado, das instituições que compõe certa parcela da realidade escolar dos alunos, temos também um drama cultural comparado a países em que a educação é o alicerce da nação, como a Coréia do Sul, a Finlândia -, a população brasileira não tem uma cultura educacional; assim os pais, muitas vezes, estimulam pouco o estudo dos filhos, ou nem isso; geralmente não consomem muita cultura, não costumar ler em casa e etc. Assim, não podemos culpar apenas a estrutura burocrática, mas há também uma certa mentalidade da população que não ajuda o país a priorizar de forma concreta a educação e pensar o país a longo prazo.
O problema educacional no Brasil já passou da hora de ser enfrentado, não podemos mais desperdiçar tanto tempo e dinheiro para resultados tão irrisórios. O país vai caminhando de crise em crise: na economia, na segurança pública, na moral e etc. E o seu bem mais precioso - o capital humano está sendo desperdiçado. O mundo está cada vez mais globalizado e estamos sem as ferramentas para enfrentá-lo. Sem um projeto de nação que envolva a educação, seremos sempre o velho estereótipo de Stefan Zweig: “Brasil, um país do futuro”.