Rafael1474 08/07/2023
Ficção é a vida melhorada?
Bukowski me colocou numa situação muito delicada aqui. Me fez gostar de suas histórias, de seu modo de pensar, mas não falo isso com nenhum orgulho.
Em Mulheres, temos o puro suco do autor: narrativas com visões distorcidas e conturbadas de uma coisa bem simples (ou não) da vida: relacionar-se.
Na pele de Henry Chinaski, o cinquentão escritor, o mais safado que você poderia conhecer, tem a oportuniade de ficar com todas as mulheres que deseja e também as que não deseja, e através disso, vai vivendo a sua vida.
Chinaski não consegue viver sozinho. Ele precisa de uma mulher. E ele sempre consegue. Através de um telefonema ou uma carta, inicia sua história com elas.
Um bar, uma noite, um vinho, e depois, o desgosto de estar vivo e o existencialismo puro nas coisas mais banais de seu cotidiano. E assim, o ciclo se repete. Conhece uma mulher, se embebeda, se relaciona com ela, e continua sua vida como se nada.
Isso aqui não é um romance comum. Não é uma história de amor. E por isso a narrativa me colocou numa realidade, a vida, da forma mais brutal e honesta possível - como em todos os textos de Charles.
Muita safadeza, narrativas escancaradas do que é o sexo e o que é deitar-se com alguém.
Volto a dizer; o ciclo se repete: conhecer alguém, conhecer outro alguém, conhecer mais um outro alguém, e no fim, não estabelecer uma relação fixa com nenhuma. Afinal... a vida é assim, não? Talvez para alguns muitos, ou não para outros, mas definitivamente deve ter sido para o Bukowski.
Mas como isso acaba? Essas tantas mulheres, tanta "safadeza", tantas relações, bebedeira, vergonha de estar vivo. Como esse ciclo se finaliza?
Bom, como um simples bichano que te observa na varanda, te olha e pensa "ele é um cara legal", e talvez você seja mesmo, apesar de ouvir tantas vezes que é um babaca, e as vezes acreditar nisso. Você alimenta o gato com uma lata de sardinha. Porque você no fim das contas, é um cara legal.