@thereader2408 19/07/2022Um livro que não nasceu livro, nasceu jornal"Brás, Bexiga e Barra Funda" (1927) é uma das obras que se encaixa perfeitamente na primeira fase do Modernismo brasileiro, que surgiu em São Paulo em 1922 com o advento da Semana de Arte Moderna. O livro apresenta diversas características da literatura modernista, assim como outras obras do autor. O próprio Oswald de Andrade, uma das principais lideranças no processo de implantação o Modernismo no Brasil, escreveu o prefácio de Pathé-baby (1926), livro de estreia de Alcântara Machado.
O autor iniciou cedo a trabalhar como jornalista, apesar de sua formação ser na área do direito. Com 19 anos já havia publicado artigos de crítica literária e sua experiência com o jornalismo se reflete em sua obra de narrativas curtas, linguagem direta e fragmentada, com versos livres, humor irônico narrando fatos diversos em flashes cinematográficos que retratam cenas urbanas em estilo de noticias de jornal.
Neste livro, Alcântara Machado procura destacar o ambiente da cidade de São Paulo retratando os três bairros que compõem o título. Essa pode ser considerada a sua obra mais conhecida, você encontra esse livro em praticamente todas as listas de melhores leituras da literatura brasileira. São 11 contos que compõem o livro tendo como cenário os bairros paulistanos com clara ambientação ítalo-brasileira.
O livro retrata bem o cotidiano dos imigrantes italianos durante a década de 1920, mostrando como a inserção dessa cultura se inseriu na nossa. Através das histórias curtas vemos flashes dos bairros mostrando o cotidiano dos "carcamanos" como gente simples e batalhadora. Os contos são: “Gaetaninho”, “Carmela”, “Tiro de Guerra nº 35”, “Amor e Sangue”, “A Sociedade”, “Lisetta”, “Corinthians (2) vs. Palestra (1)”, “Notas Biográficas do Novo Deputado”, “O Monstro de Rodas”, “Armazém Progresso de São Paulo” e “Nacionalidade”.
Logo após a publicação da coletânea, em 1928, o autor se uniu a Oswald de Andrade e em conjunto fundaram a Revista de Antropofagia. Em parceria com Raul Bopp, Alcântara Machado foi co-diretor da revista entre maio de 1928 até a fevereiro de 1929, neste mesmo ano o autor publicou Laranja da China.
@thereader2408