spoiler visualizarAnderson668 06/10/2019
Para quem procura entender AD nas diversas vertentes
O discurso envolve particularidades que estão além da escrita ou da fala. Por isso que a análise do discurso possui características que estão vão além da simples descrição do sentido empregado nas palavras. Para AD, o discurso é construído pela soma profícua de várias formações discursivas (FD), sendo que estas formações envolvem os aspectos culturais, históricos, ideológicos e subjetivos do indivíduo.
O sujeito da AD é determinado na relação do eu com o outro e, com esta relação o sujeito pode vir a discordar, convergir ou somente concordar com o discurso do outro. É nesta relação de convergência entre os discursos que o sujeito termina por construir novos posicionamentos, ou melhor, novas formações discursivas. É em contato com o outro que o eu pode evoluir seu posicionamento, sua ideologia.
Autores/Teóricos da AD
Benveniste: Para este teórico, a língua é um instrumento inerente ao ser humano. Ele não aprendeu a linguagem em um determinado momento, ele já nasceu com ela e vai desenvolvendo-a ao longo do tempo, ao longo da sua história. E por isso ele diz que: "a linguagem está na natureza do homem, que não a fabricou" p.28
Para a composição do discurso na visão de Benveniste é que para compreender e apreender tanto o sujeito quanto sua enunciação é preciso estar atento as pistas que o discurso deixa durante sua apresentação.
O autor também apresenta duas formas de planos discursivos, sendo:
*Plano enunciativo a não pessoa onde a escrita deve abordar a descrição do fato pelo fato. Não deve haver interpretação, pessoalidade ou subjetividade sobre a descrição histórica. A história deve falar por si mesmo, ou seja, "os acontecimentos são apresentados como se produziram, à medida que aparece no horizonte da história" (p.29). Portanto, ao ler esse estilo de plano enunciativo o sujeito não visualiza os verbos do "eu" ou "tu", é sempre empregado a terceira pessoa.
• Plano Narrativo histórico o enunciador fala com o outro através do seu relato, embiocando suas interpretações, suas conclusões e/ou visão do fato. É sob este plano que o discurso sobre interferências de convencer, ou melhor, influenciar o outro através de sua fala/escrita. O posicionamento e a ideologia é contada neste momento, pois é desta forma que o discurso "emprega livremente todas as formas pessoais do verbo, tanto eu/tu como ele" (p.30).
O discurso é formado não só através da convergência com outros discursos, mas através de cada vez em que é proferido, lido ou escrito.
Para Bakhtin o discurso, um enunciado deve ser analisado como um objetivo que foi integralizado pela sua formação com outros textos e, principalmente, deve ser composto em convergência com outras perspectivas. A interação social deve ocorrer de forma plena. Para o autor a palavra e o discurso não devem ser monologicas, e sim, plurais (BRANDÃO, 2013).
em sua concepção devemos analisar o texto como ferramenta de integração e interação. Eu leio um texto e realizo alguma ação sobre ele, ou seja, tenho uma compreensão ativa.
Por falar com compreensão, Brandão também fala sobre a definição e a diferença entre compreensão passiva e ativa. Respectivamente, a primeira equivale a analista do texto em forma estrutural, sem interferências e diversidade de interpretações. Para a segunda, o leitor traz relevância ao texto em forma de réplica, ele tem alguma ação em relação ao texto.
Por isso, ao final desta apresentação, Brandão fala que Bakhtin aborda os gêneros do texto, a composição de expressões que são próprias para determinadas situações, grupos, atividades, etc. Ou seja, vendo a língua como "acontecimento social" (BRANDÃO, 2013).
Authier-Revuz já aborda o discurso como heterogêneo. Brandão explica que a autora revela o discurso como a interação e o resultado da objetividade com a subjetividade, o consciente com o inconsciente. Com propostas de Freud e Pêcheux no seu texto, a concepção de sujeito é legitimada através da relação do eu com o outro, entendendo o outro como o Eu também. Sendo o discurso nascido de outros discursos. O sujeito também é plural, entendendo-o como um Eu e como um Outro, onde tudo isso envolve a interação do consciente e inconsciente. Para Authier-Revuz o enunciado por denunciar o lugar do outro em duas formas: no índice formal e informal. Para este, há mistura do eu com o outro, a citação é envolvida na língua regionalizada, a fala do eu é mesclada com o outro. Já para aquele acontece a separação, a delimitação de onde está o eu e em qual local está o outro.
Na perspectiva de Ducrot, a teoria polifônica aborda que um enunciado por ter vários sujeitos, entretanto, agindo de maneira polifônica, em harmonia e apresentar várias vozes.
Para Ducrot, o enunciado pode ter uma caracterização particular a partir do "aqui e agora", isto é, o "acontecimento é constituído pelo aparecimento do enunciado". A significação está na frase . O sentido está no enunciado, na situação, a conversação. Desta forma, o sentido pode ser construído sobre alguns alicerces, definidos por ele como:
Relativas a argumentação: orientada para uma determinada conclusão.
Relativas ao aspecto modal: O falanb . Pode-se usar, assim, um enunciado afirmativo assertivo ou um enunciado exclamativo, possuindo sentidos diferentes.
Relativas ao sujeito: Quando o sujeito possui um enunciado com mais de uma fonte, de um sujeito na sua origem de fala. Com isso, nascendo:
• Sujeito falante: O ser no mundo.
• O Locutor: O responsável por proferir o enunciado.
• Os enunciadores: Aqueles que expressam. Os pontos de vista que compõem as perspectivas.
No segundo capítulo, de José Luiz Fiorin aborda questões relacionadas a organização e o sentido do texto e, por isso, ele informa que "escolhemos uma teoria não em função de sua verdade, mas em razão do que pretendemos responder na nossa pesquisa" (p.44). O autor defende a perspectiva de que todo conhecimento é válido, ou seja, a cientificidade é feita para ser contestada e, assim, gerando novos conhecimentos.
A análise do discurso baseia-se tanto na linguagem quanto nos contextos históricos, portanto, em um mesmo contexto, em uma mesma situação, um indivíduo pode expressar-se de uma forma totalmente diferente do outro.
Dentro da análise do discurso, a enunciação é o dizer e o enunciado é o dito. é preciso diferenciar língua, de linguagem de linguística. São três conceitos complementares, entretanto, diferentes. De acordo com Fiorin, quando produzimos a fala ela divide-se em quatro fases:
1 - A instituição do eu que fala para alguém.
2 - A constituição simultânea de um tu, que recebe a fala desse eu.
3 - A formação do aqui, pois quando há interação do eu com tu, forma-se um determinado tempo.
4. a formação do agora, do espaço em que acontece a fala.
Benveniste é a base para essa fala de Fiorin, que visualiza o tempo em formas diferentes:
• Tempo linguístico - o agora é o momento em que se toma a palavra, não importando o tempo físico colocado.
• Tempo físico - intervalo entre o inicio e o fim de um movimento.
• Tempo cronológico - aquele que estabelece um ponto convencional no físico.
Dentro desse conceito temos a divisão do EU, este pressuposto e aquele instaurado. O primeiro é o enunciador, o autor, aquele que profere o texto, o que fala. Já o segundo é o narrador, ou melhor, o eu que conta a história, que conta. É o narrador que dá a palavra aos personagens, dá vida a história e, por isso, esse personagem que tem voz dentro da narrativa é chamado de interlocutor.
A partir do momento que eu crio um enunciado eu tenho um sujeito, dividido em três: o autor, o narrador e o interlocutor e, para cada "EU" dentro do enunciado, existe um "TU".
• O tu do enunciador, o tu pressuposto, é o enunciatário, o leitor.
• O tu do narrador é o narratário.
• o tu do interlocutor é o interlocutário.