Ju 27/06/2013Aonde quer que eu váAonde quer que eu vá me conquistou antes de chegar às minhas mãos. No momento em que a Cynthia me contou que tinha um segundo livro, eu já fiquei louca por ele. Aí fui procurar no skoob e descobri que, além de ter o título inspirado por uma música linda dos Paralamas, a capa ainda tinha um disco de vinil estampado nela. Perdoem-me as pessoas bem novinhas que não sabem o que é isso, rs, mas as pessoas idosas como eu não têm como não amar as recordações que isso traz! =)
Aliás, o livro como um todo foi um prato cheio de recordações para mim. Como mineira de BH, que ama sua cidade natal, pude meio que me teletransportar para muitos lugares queridos. Sou apaixonada por São Paulo também. Mas, como dizem por aí: a gente sai de Minas, mas Minas não sai da gente. A mais pura verdade.
A autora nos apresenta Milena. Uma garota que, apesar de ter perdido a mãe aos 5 anos de idade e de ter um pai bastante controlador, desde bem nova já era uma pessoa independente e decidida (não que ela tomasse as decisões certas). No início do livro eu gostei bastante dela. Até que ela teve uma atitude que eu achei um tanto quanto idiota. Mas tive que relevar, afinal, ela era apenas uma adolescente confusa e deslumbrada de 17 anos, que achou que a cabeça devia valer mais que o coração. Acreditava com toda a sua alma que estava fazendo a coisa certa.
"Sempre identifiquei com clareza o que não queria para mim, mas não o que, de fato, queria."
Vários anos se passam. E Milena se depara com mais uma escolha que pode redefinir os rumos de sua vida. Será que ela vai conseguir tomar a melhor decisão? Não é sempre que a vida oferece segundas chances...
"O que é mais fácil nem sempre nos faz feliz."
Não sei bem como definir o livro. A narrativa é densa, mas tranquila. Milena cresce muito no decorrer da história, vive uma transformação que encara de frente. Consegue deixar de ser completamente impulsiva, sem perder nada de sua espontaneidade. Fiquei feliz por ela.
"Me perguntei se aquela era a vida que eu tinha sonhado para mim, se estava à vontade com ela. Não soube responder. Uma coisa, no entanto, estava clara: ao longo dos anos, me fragmentei, abri mão de coisas importantes para mim. Era hora de ajustar contas comigo mesma."
A história é muito bonita, sem momentos altamente desesperadores. As pessoas aceitam que, às vezes, não tem muito o que ser feito. Entendem que, com o passar do tempo e com uma reflexão verdadeira sobre suas vidas, as coisas ficarão bem.
"Eu precisava me manter fiel aos meus conceitos. Eles não poderiam deixar de ser os meus guias, não importava a extensão dos acontecimentos ou a dor da mágoa."
É muito legal ver como as personagens respeitam umas às outras. Há momentos em que se revoltam com as atitudes de outras pessoas, claro, mas isso sempre é superado. Cynthia nos passa uma mensagem muito linda, de que não é porque algo aparentemente tem todas as características da perfeição, que vai nos fazer bem e trazer felicidade às nossas vidas.
Eu me torno cada vez mais fã da autora. Se vocês não viram, esse é o link da resenha do primeiro livro dela, Por Linhas Tortas. Espero que venham muitos outros!
"- Ninguém sabe exatamente o que está se passando na mente e no coração do outro. E não deve mesmo saber. Existe um espaço que não pode ser compartilhado. Quando namoramos ou nos casamos com alguém, não nos fundimos a ele. Fernando pessoa foi sábio quando afirmou que "para viver a dois, antes, é necessário ser um". Precisamos manter nossa individualidade e porções de nossa intimidade. Isso é essencial."
site:
http://entrepalcoselivros.blogspot.com.br/2013/06/resenha-aonde-quer-que-eu-va.html