O cheiro do ralo

O cheiro do ralo Lourenço Mutarelli




Resenhas - O Cheiro do Ralo


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joaoggur 14/04/2024

O cheiro. O ralo. O olho. E? a bunda, é, a bunda.
Imagina um cidadão ?que parece o moço do comercial do Bombril?, que não tem nome, que cuida de uma loja de antiguidades, e que tem a profunda sensação que o cheiro de merda exalado pelo ralo atrapalha seu trabalho. Bem, seu ?trabalho? não seria a curadoria das quinquilharias; podemos dizer que ele é obcecado em tirar vantagem nas fraquezas das pessoas. Obcecado, aliás, ele fica por um olho de vidro que despretensiosamente chegara a sua loja. E por uma bunda. Mas acho que já falei demais.

Mutarelli nos vence pelo escatológico; o narrador-personagem sem-nome não é digno de qualquer simpatia, e isso não significa que queremos largar a leitura. Ao criar uma atmosfera banhada no irreal, em linhas curtas e diálogos enxutos (percebo uma forte influência de Cormac McCarthy [na questão estílica] e de Kafka [na questão temática], somado a certa herança da dramaturgia), ficamos com certa tentação em saber até que ponto tudo aquilo pode chegar, até onde o autor pode escalar uma história (talvez por uma visão um pouco superficial) simples.

Somos tragados pelo universo de O Cheiro de Ralo; e esse ?mundo?, a meu ver, é na verdade uma grande lente, que faz ver o que chamamos de realidade pela ótica do narrador. A medida que o protagonista vai perdendo a sua sanidade, tornando-se gradualmente mais obcecado por elementos supostamente banais, é como se nós também perdêssemos nosso senso de distinguir o normal do esquisito. Começamos a leitura sentindo um amargo gosto na boca; entretanto, cada vez mais nos acostumamos com a forma que os fatos são narrados, e no final, terminamos a leitura considerando escatologias meras trivialidades.

Isto é o suprassumo da desumanização, o sabor mais profundo da insanidade. Não é um texto fácil, - não recomendo a iniciantes na literatura. Tenho pena daqueles que nunca irão provar da genialidade de Mutarelli.
Purple1 14/04/2024minha estante
Já leu Angústia do Graciliano Ramos? O protagonista tem umas loucuras bem parecidas no livro


joaoggur 15/04/2024minha estante
@Purple1,
Já li, sim. Realmente, ambos os protagonistas estão imbuídos na insanidade e na obsessão. E, nos dois livros, somos fisgados pela curiosidade de ver o mundo perante os olhos dos personagens.




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Caio Cruz 28/03/2024

Ressaca literária e o cheiro do ralo
A fim de vencer a ressaca literária, selecionei alguns livros "curtos" que pudessem me ajudar e de todos eu não poderia ter escolhido melhor.
Com um protagonista medíocre, vulgar e prepotente, ele consegue conquistar a antipatia do leitor rapidamente, que não o entende, o vê manipular e mentir, sem que isso seja qualquer spoiler, e obcecado pelo cheiro que sai do ralo do banheirinho do seu escritório. Um livro que acima de tudo fala de obsessão que o homem tem quando tem tudo e ao mesmo tempo não almeja nada. O vazio que busca preencher manipulando aqueles que o buscam atrás de ajuda, quase como um ser mitológico, o homem, com dinheiro e poder.

O livro alterna entre a vida desse e a relação dele em sua loja de usados, uma espécie de antiquário, mostrando sempre ele como um todo, cheio de personalidade e defeitos, que o expõe muito além de suas qualidades, se é que tem alguma.

Recomendo muito aqueles que buscam um drama escrito numa estrutura curta, rápida, complexa e reflexiva, beirando a poesia.

Se joguem e entendam: o problema é o ralo?
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Vitu 10/03/2024

Pov: você está dentro da cabeça do moço do bombril
Quando se fala de livro em primeira pessoa, este deveria ser o exemplo número um. Estranhamente, você entende as mudanças de assunto como se fossem as sinapses acontecendo dentro de sua cabeça. Bem, pelo menos comigo foi assim. De doido para doido, a gente fala o mesmo idioma.

Ps: Eu não conseguia imaginar o moço do Bombril, apenas o Selton Mello, porque vi que ele faz o protagonista no filme. O jeito acelerado do Selton falar casa perfeitamente com a escrita do autor. Erraram e acertaram muito ao mesmo tempo na caracterização.
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Rafael.Garrote 20/02/2024

Lourenço Mutarelli mostra sua incrível habilidade em criar histórias únicas e com tridimensionais com um estilo narrativo muito diferente do que o que esperado, um narrar poético e cru sobre a nossa sociedade e esse protagonista incrivelmente bem escrito.
Pfv leiam
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livrosachadinhos 13/01/2024

Ao todo a experiência não foi ruim...
É um livro bem peculiar diferente de tudo que estou acostumada a ler. No começo fiquei bem confusa com a história o enrendo é construí de uma forma bem única e é um livro que realmente tem que se atentar aos detalhes. Foi uma experiência legal e em alguns momentos me causou risadas e em outros fiquei um pouco desconfortável mas acredito que tenha sido a intenção do autor visto que o livro transita muito em uma dualidade muito intrisica sobre a essência do ser humano. É um livro interessante mas realmente não faz muito meu estilo.
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Iasmin.Vilela 09/01/2024

O livro é simplesmente perfeito, toda narrativa te envolve e o clima que o Mutarelli cria é impecável, quase como se o leitor fosse uma espécie de consciência do personagem, você vê toda degradação e insanidade consumindo o cotidiano do dono da loja, o que torna a leitura ainda melhor, sem dúvidas se tornou um dos meus preferidos.
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Nivia.Oliveira 23/12/2023

A princípio esse livro causa estranheza pela linguagem ferina e reles personalidade do prota até descobrirmos que a fedentina do ralo exala dele próprio. É um narrador indenominável e asqueroso que vamos ganhando simpatia apesar de seus atos vis... Ou apenas somos movidos pela curiosidade para ver o que ele seria capaz de fazer?

A formatação do texto (uma espécie de teatro e quadrinhos - sem as imagens) faz a leitura fluir. A escrita me lembrou o cubano Pedro Juán Gutierrez, autor de a Trilogia Suja de Havana.
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Marcos774 11/11/2023

De onde vem o cheiro?
Estou sentindo o cheiro, o fedor que exala desse livro, tudo que já pensei, condenei, chorei, a vida é dura. Será que o cheiro vem de mim, ou é do ralo do meu banheiro, terminei essa historia a caráter, no sanitário, sentindo o cheiro , do livro? do meu ralo?, de mim?.
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Clarissa Guerra 03/10/2023

Talvez tenha sido o primeiro livro que gostei, a despeito de todo o incômodo em perceber que o personagem narrador me deixava constrangedoramente desconfortável a cada página, como quando contemplamos um quadro que causa um mal-estar peculiar e que, apesar de desagradável, nos marca. E dele não esqueceremos porque sempre iremos lembrar do desconforto gerado. Como o cheiro do ralo.
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Luana 21/09/2023

Acho que esperava algo a mais dessa obra. Não que seja ruim, mas o Mutarelli produz coisas tão boas que essa não me surpreendeu. Além disso, foi quase impossível não escutar o Selton Mello enquanto eu lia, tamanha atuação dele e boa adaptação da obra.

O que não se pode negar, no entanto, são os intertextos que Mutarelli consegue fazer. Leitor voraz e eu por vezes provavelmente perca um pouco do conteúdo por não conhecer tudo que ele referência.

Ainda assim, uma obra ácida, dura.
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Rafael Cerdeira 03/08/2023

Ao aspirar por um longo período o cheiro que provinha das profundezas do ralo de sua loja de quinquilharias, o protagonista passou a delirar, vendo vultos em sua casa e se apaixonou pela bunda de uma garçonete.
O protagonista é um sujeito desprezível que não sonha e não ama ninguém, ele só ama a bunda. Talvez o cheiro do ralo tenha afetado o seu cérebro ao ponto de faze-lo cometer atos de pura loucura, mas uma coisa é certa, toda essa escuridão que foi expressa já estava querendo sair há algum tempo.
O ritmo do livro é frenético, com falas, pensamentos e diálogos ocorrendo todos, muitas vezes, na mesma linha, sendo separados apenas por uma virgula ou ponto final. Deixando a leitura mais veloz e suja. Por algumas vezes cheguei a sentir o cheiro do ralo sair das páginas durante a leitura.
Agora quero ver como o Seltom Melo se saiu na adaptação deste livro tão filosófico e sofisticadamente mal cheiroso.
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cintrarafa 13/07/2023

O cheiro do ralo, o buraco para o inferno
Livro sórdido e desconfortável.

O cheiro é dele, vem dele, representa quem ele é, e por mais que tente fugir, vai estar lá, porque impregnado.

O vazio de ser louco e saber-se louco, mau e baixo.
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Rodrigo946 10/06/2023

Esquizofrênico
Ótima história, também reverenciada nas telonas, que versa sobre um vendedor que abusa das dificuldades dos seus clientes para negociar objetos usados - com o passar do tempo, um cheiro, vindo do ralo que existe na loja, passa a exalar um odor cada vez mais desconfortante, a medida que o personagem principal se confronta com as suas realidades... Muito bom!
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