Secreções, Excreções e Desatinos

Secreções, Excreções e Desatinos Rubem Fonseca




Resenhas - Secreções, Excreções e Desatinos


29 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2


Carla Menezes de Almeida 26/08/2020

"A palavra 'pessoa' hoje não soa bem - pouco me importa!"
Eu gosto que o Rubem Fonseca joga na minha cara tudo o que cresci entendendo como falha humana e aprendi a varrer pra debaixo do tapete fingindo que não existe na nossa natureza. Com Secreções, Excreções e Desatinos ele aparece com um novo jeito de abordar o lado animal que o homem quer esquecer que existe.
comentários(0)comente



Cleane 09/06/2020

Contos curtos e, se você não tem nojinho, fáceis de ler. A ideia é chocar e falar sobre assuntos que são tão naturais quanto impróprios em conversas sociais.
Bruto e original!

São 14 histórias sobre amor, sexo, violência e também sobre fezes, urina, saliva, caspa, sangue, coriza, cera, meleca, menstruação, esperma, flatos, entre outros excrementos e secreções que são expelidas pelo corpo humano.Tudo que habitualmente conservamos entre quatro paredes, encobertas pelos bons modos, aquelas partes de nós que parecem mais próxima dos bichos.

"Rubem Fonseca, um anatomista que, ao dissecar corpos imaginários, arranca, no mesmo ato, bons nacos do espírito contemporâneo."

Acho que não consegui pegar muito o feeling do livro ou não estava pronta pra ele, achei alguns contos engraçados, 3 interessantes e os outros não gostei, mas foi uma grande/inusitada experiência!
comentários(0)comente



Jeff_Rodrigo 11/08/2023

Nojento, mas maravilhoso
Aqui Fonseca conseguiu unir, de forma poética, as modernas e as primitivas aflições humanas, através de histórias absurdas.

Em contos que misturam problemas existencialistas com secreções nasais, fezes, fimose e outros tipos de anomalias anatômicas, o autor consegue nos lembrar, facilmente, que a mente e o corpo do indivíduo são inseparáveis.
comentários(0)comente



jota 02/09/2020

Avaliação da leitura: 3,8/4,0 – BOM (apesar de certo desconforto que provoca)
Livro novo tem cheiro bom, de tinta, penso; livro velho pode cheirar a mofo, conter manchas amareladas causadas pela passagem do tempo etc. Mas livro de Rubem Fonseca (1925-2020), caso dos catorze contos deste Secreções, Excreções e Desatinos, é melhor ler no formato digital porque no livro físico tem hora que parece que algo vai feder ou escorrer pelas páginas, produto de alguma excreção ou secreção expelida pelos protagonistas. Tudo isso é um desatino, eu sei, mas impressiona demais a escatologia presente nos contos do volume: alguns deles causam profundo desconforto no leitor. Principalmente porque continuo me lembrando de certas passagens de uma leitura anterior. Faz pouco tempo que li Ulysses, de James Joyce, e lá também o personagem principal tinha algumas manias relacionadas a odores e secreções corpóreas, que me voltaram à memória agora.

Leopold Bloom gostava de segurar as fezes enquanto defecava (lembra prazer anal do Freud), guardava para contemplação um pedaço sujo de papel higiênico usado por uma prostituta, aspirava o cheiro de uma lasca de unha do pé. Outro personagem do livro, Stephen Dedalus, passava o mês inteiro com um único banho e olhe lá. Mas perto de alguns personagens de RF, até que eles não agiam tão estranhamente assim. Na privacidade (mentalidade) de cada um, estranho pode ser aquilo que os outros apreciam ou fazem, não o que você faz. Aquilo que fazemos ou deixamos de fazer, que conservamos entre as quatro paredes, que evitamos falar sobre ou somente dizemos a alguém muito íntimo, é exposto por RF com naturalidade, porque todo mundo tem um pouco desse ou daquele personagem, senão através de seu comportamento, através do pensamento. Difícil que não seja assim: uns mais, outros menos, somos todos humanos. Ou animais, por vezes.

Rubem Fonseca teve várias histórias adaptadas para cinema e televisão porque sua escrita é altamente visual: você não precisa imaginar muita coisa, a imaginação fica por conta do autor. Quando lemos suas narrativas na verdade parece que estamos vendo as imagens passando em frente aos nossos olhos, então alguns relatos podem se aproximar muito da pornografia. Além dessas imagens, que podem ser classificadas de obscenas por alguns leitores, RF também não economiza nos palavrões, logicamente: quase todos os contos trazem muitas palavras e expressões chulas, verdadeiramente cabeludas. Mas dá para entender isso: brasileiro fala muita besteira mesmo, não apenas os personagens deste volume. RF não escreveu um livro com a simples intenção de chocar o leitor, impressioná-lo apenas, coisa que ele já faz desde seus primeiros livros, com narrativas cheias de violência, como são mesmo nossas grandes cidades, violentas por natureza (acho que meu primeiro Fonseca foi O Cobrador, inesquecivelmente violento).

Há narrativas esdrúxulas aqui, como o primeiro conto, Copromancia, que trata crua e profundamente de dejetos humanos: seu personagem parece um cientista merdal de tanto saber acumulado que tem sobre fezes. Por outro lado, há alguns contos engraçados, caso dos desencontros narrados em Mulheres e Homens Apaixonados, no qual se destaca uma curiosa mãe de santo e seus inusitados conselhos para se conquistar um amor. E há muito mais: como diz José Castello no final, RF devassa a condição humana como fizeram “(...) Jean Genet ou o próprio Marquês de Sade, escritores que (...) tocaram nos extremos mais desagradáveis da existência, que os escolheram como matéria de literatura e (...) de reflexão.” Lógico que RF não atinge o mesmo resultado desses dois autores, não seria seu objetivo. Mas, sem dúvida, suas histórias curtas poderiam se passar em qualquer lugar, lidas e entendidas por leitores de qualquer parte. São universais.

Lido rapidamente em 30/08 e 01/09/2020.
comentários(0)comente



Dan 06/02/2020

*Meu primeiro Rubem Fonseca*
Não tinha grandes expectativas para este livro. Já havia quebrado muito minha cara com a literatura brasileira contemporânea: muito obah, obah para pouca qualidade. No entanto, este livro foi uma surpresa: é bem escrito. Nestes 14 contos, Rubem Fonseca faz uso de temas incômodos, acontecimentos grotescos, estranhos e até nojentos para dissecar a psique humana. A partir de algo medíocre, desprezível (ou banal), o autor mergulha no lado frágil e obscuro do homem. Os contos são uma pequena galeria de retratos da fragilidade da condição humana. Fonseca transcende o não transcendente no sentido de que seu estilo bem lapidado dá uma grande amplitude ao que há de pequeno, repugnante e/ou vil em cada um nós, coisas tomadas como rasteiras, que, porém, têm um grande peso no destino das personagens (ou das pessoas?),na composição da personalidade de cada uma delas. Intrigante, desagradável e prazeroso; adjetivos imprecisos para qualificar esta obra.
Renato 24/10/2020minha estante
Dan, não sei se vem ao caso, mas falando em literatura brasileira contemporânea, já leu "O amor dos homens avulsos", do Victor Heringer?


Dan 24/10/2020minha estante
Não, mas já vi elogios a esse escritor.


Renato 25/10/2020minha estante
A escrita dele me chamou a atenção, mas li apenas um livro. Como você, com poucas exceções (gosto do Hatoum), a literatura brasileira contemporânea não me tem convencido. Faço a ressalva de que sou um leitor "mediano" e minha opinião não tem nada de relevante kk


Dan 25/10/2020minha estante
Pretendo ler Hatoum em breve.


Dan 25/10/2020minha estante
Os problemas da literatura brasileira do momento são vários:
* Superficialidade
* Experimentações linguísticas sem nexo
* Clichês
* Literatura militante, propagandismo ideológico
* Solipsismo
* Alienação da realidade nacional ou desaparecimento de tal realidade na literatura
Etc.

Já frequentei grupos formados por intelectuais e jovens escritores e vi muita coisa ruim. Quase nada se salva. Há muito afago de egos, pouca qualidade literária e monólogo grupal.


Dan 25/10/2020minha estante
Mesmo sim, em meio a esse caos, conheci alguns/poucos bons escritores, que valiam a pena ser lidos.


Renato 25/10/2020minha estante
Sempre existem ?




Ronnie K. 22/03/2009

Humano, demasiado humano- Para quem acompanha a trajetória da arte de Rubem Fonseca acho dificil não perceber que com esse trabalho ele atingiu uma tranquilidade e simplicidade na expressão que por si só são comoventes, visto a aflição exacerbada de seus mais célebres contos. Aqui o desespero deu lugar à resignação, à conformidade com os limites e fragilidades do próprio corpo. Aqui os conflitos não advêm de causas morais, abstratas, e sim dessa outra coisa mais desconfortável e às vezes aterradora sugerida no título da obra. Como não pensar neste livro como um vigoroso e desconcertante libelo contra a macroestrutura que diariamente, de diversas formas, nos oprime e dispersa, fazendo-nos esquecer de nós mesmos? Portanto, eis um primoroso trabalho que, felizmente, confirma a excelência desse grande mestre da literatura brasileira!
comentários(0)comente



Luis 11/05/2014

Sofisticação escatológica
No próximo ano, a literatura brasileira tem uma grande efemeridade a ser lembrada: os 90 anos de José Rubem Fonseca, muito provavelmente o maior e mais influente ficcionista brasileiro vivo.
Recluso, avesso a entrevistas e eventos que o coloquem em contato com o público em geral, esse senhor magro, comumente usando jeans, tênis, camisa social e um indefectível boné, passeia praticamente incógnito pelas manhãs lebloninas, como bem reportado por uma magistral reportagem de Mauro Ventura, que, à la Gay Talese, publicou há poucos anos um perfil do escritor, construído sem trocar uma palavra com o próprio.
Essa imagem, aparentemente frágil de um ancião, contrasta com sua atividade febril. Consta que escreve diariamente, exercício que, a julgar pela precisa regularidade de suas publicações, espanta qualquer um. Só para termos de comparação, há poucas semanas perdemos Gabriel Garcia Marques, dois anos mais novo que Fonseca. Pois bem, Gabo, glorificado pelo prêmio Nobel de 1982, tinha parado de escrever há dez anos.
“Secreções, Excreções e Desatinos” (Agir, 2010) é mais uma prova da maestria no gênero em que Rubem se sente mais à vontade , os contos. São 15 pequenas histórias, originalmente publicadas pela Companhia das Letras em 2001, e que giram sobre os fluidos nobres e outros, nem tanto, do corpo humano. A capacidade de chocar o leitor, tão bem explorada na violência desmedida de “Feliz Ano Novo”, dá novamente o ar de sua graça nas reflexões extremante escatológicas e quase pornográficas que exalam de suas páginas.
Só para ter uma ideia, um dos contos, brevíssimo por sinal, versa sobre um namorado que, diante da negativa radical de sua amada em fazer amor com ele, em função de um tumor na clavícula que a envergonhava, dá uma “prova de amor” ortodoxa : lambe com paixão a repugnante ferida. Outro, também protagonizado por um casal, traz uma reflexão sobre a compulsão flatulenta do marido. ”Mulheres e homens apaixonados” brinca com as simpatias que supostamente ajudam nas conquistas : uma mãe de santo orienta uma moça a urinar no joelho de um pretendente. “Mecanismos de defesa” conta a história de Godofredo, onanista contumaz que se distrai observando seu esperma ao microscópio.
Para dizimar quaisquer dúvidas sobre o quão fundo é a exploração de Fonseca dos “fluidos vitais”, a obra começa com “Copromancia”, no qual o personagem confessa a verdadeira devoção às suas fezes, chegando a montar um book com as fotos e os registros de peso do bolo fecal de cada dia...
É provável que o público mais afeito `a literatura de fácil digestão (sem trocadilho), tão em voga nas atuais listas de mais vendidos, desenvolva certa aversão aos temas desenvolvidos pelo veterano escriba. Uma leitura mais atenta e sensível, despida de preconceitos, vai mostrar que o excremento é puramente cenográfico. Zé Rubem oculta na lama seus diamantes. A qualidade de seu trabalho, construído aparentemente sem esforço, como ( por que não ?) os atos naturais de urinar ou defecar, é um paradigma para qualquer um que se aventure na seara da ficção urbana, que no caso do Brasil, ele praticamente inventou.
Por uma feliz coincidência, esse texto está sendo escrito no domingo, 11 de maio de 2014, data do octogésimo nono aniversário do escritor. Vai aqui a minha saudação e a certeza de que a sua obra é atemporal, digna de ser lida em qualquer período, como convêm aos clássicos. No caso de “Secreções, Excreções e Desatinos”, talvez seja melhor evitar os horários próximos às refeições.
Luiz Miranda 31/12/2018minha estante
Grande Rubem. Estou lendo A Grande Arte e as vezes paro e fico rindo sozinho. Como escreve o velhinho!


Luis 05/01/2019minha estante
Ele é sensacional não é, Israel ? Um abraço.




Kardec 28/11/2022

Excelente como sempre!
Rubem Fonseca até hoje não me decepcionou, por isso mesmo o leio bem devagar, apenas um ou dois livros por ano. Leitura visceral, afiada e precisa, assustadoramente humana, mas sem nunca deixar de ser poética, algo que poucos autores podem fazer.
comentários(0)comente



Rafael 09/01/2021

Um dos grandes na literatura nacional
Rubem consegue construir grandes reflexões e fazer disso literatura só com o que se propôs neste livro. Análises escatológicas, romances bizarros e violência. Sem contar nos pequenos detalhes em que às vezes deixa escapar, como o machismo e o racismo, que por um leitor pouco atento pode ser interpretado como a voz do autor e não do personagem. 


Este magnífico contista tem um poder que o destaca: o impacto. É muita pancada na construção narrativa, que virou sinônimo dele na literatura brasileira. Chocar é a arte que Rubem Fonseca brilhantemente domina, o que o faz muito consolidado no que tem como proposta. E faz isso de forma muito simples, pelo que aparenta os escritos. Todo escritor que se pretende contista deve ter Rubem como escola. Isso pra mim sempre foi muito claro, sendo uma das minhas maiores influências.


Por fim, também devo falar de como este autor escancara o Brasil. Ele não é um realista, ao que me parece, mas todo escritor fala de algum lugar, e Rubem Fonseca deixa isso muito bem claro. A forma como ele retrata a violência, a estupidez, as relações dolorosas, a escrotice, a aparente "malandragem", a poética e o drama; tudo isso é fruto de uma identidade da qual ele não se distancia. Lia muito bem a realidade, avisando o que "poderíamos nos tornar" quando na verdade já carregamos isso há um bom tempo. Enfim, Rubem Fonseca é sempre uma ótima leitura. 
comentários(0)comente



Lí­lian 12/06/2020

Como sempre os livros do Rubem nunca fica a desejar. Fala de coisas q temos pudores em falar ou nojo, enfim, bem interessante de rápida leitura.
comentários(0)comente



Fabio Shiva 08/07/2012

Nojento e brilhante!
As coisas que saem do corpo são o tema desse livro de Rubem Fonseca, mestre contemporâneo do conto. Fezes, urina, sêmen, saliva, menstruação e flatos são os motes para histórias para lá de bizarras, onde a concisão é exercitada em grau máximo. Aqui e ali, lampejos das tramas policiais que fizeram a fama de Fonseca, mas de modo geral é outro o foco de seus interesses aqui.

Gostei especialmente de “O Corcunda e a Vênus de Botticelli”, provavelmente a melhor história do livro. Aqui e ali, fui surpreendido soltando uma sonora gargalhada, diante de uma cena mais absurda. O estilo é inconfundível, aliás, tenho a impressão que todas as histórias narradas na primeira pessoa são vivenciadas pelo mesmo personagem alterego do autor, e que mudam apenas as características secundárias. Isso não é demérito, simplesmente estilo.

Não recomendaria como primeiro contato com a obra de Rubem Fonseca. Os contos são muito bem escritos, mas pela temática escatológica fogem um pouco ao universo normalmente associado ao autor.

***

Aproveito para convidar você a conhecer o meu livro, O SINCRONICÍDIO:

Booktrailler:
http://youtu.be/Umq25bFP1HI

Blog:
http://sincronicidio.blogspot.com/

Venha conhecer também a comunidade Resenhas Literárias, um espaço agradável para troca de ideias e experiências sobre livros:
.
http://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com.br/
*
http://www.facebook.com/groups/210356992365271/
*
http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=36063717
*
comentários(0)comente



maare 25/12/2021

Um autor interessante, muito além do livro
Esse é o primeiro livro que tenho contato do autor e apenas cheguei nele por indicação do meu orientador para a minha tese de doutorado. E agora, depois de terminar, entendi o porque.
Ruben Fonseca me parece um autor que gosta de causar sensações nos leitores.
Com esse livro ele expõe situações do cotidiano e ao mesmo tempo situações que chocam, causam nojo, medo, angústia...
O livro é literalmente sobre secreções, exceções e desatinos, nunca conseguiria pensar em um título melhor.
Amei sua escrita. Como é direto, não vê problemas em falar de temas que podem ser tabus e de usar palavrões que não são tão convencionais em textos literários.
Vou analisar alguns desses contos para a minha tese e com certeza vou ler mais coisas do autor.
comentários(0)comente



4ndrewnunes 13/12/2021

Que livro gostoso de ler. O autor sabe o que está fazendo, e o faz muito bem! Histórias sobre sêmen, peidos e mulheres bonitas são tão refinadas quanto histórias de forte viés masculino podem ser. Uma das maravilhas da literatura brasileira.
comentários(0)comente



João Vitor Schulte 08/04/2020

O ser humano também é um animal.
Sabe aquelas cenas que você nunca vê nos filmes, na tv, até mesmo nos livros? É um pouco disso que Rubens Fonseca nos traz nessa obra. Com sangue, saliva, merda, esperma, odores, secreções e texturas diversas, o autor aproxima o ser humano dos outros animais, deixando claro que também existem necessidades fisiológicas e até mesmo casos em que são muito apreciadas. Se você não tiver nojinho de tudo, vale a pena se arriscar nessa.
comentários(0)comente



29 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR